Todos os anos, em Abril, aqueles que com as suas mãos escrevem e assinam despachos, Decretos-Lei, Projectos-lei, ordens de serviço, portarias, artigos de opinião e memorandos repletos de insultos aos trabalhadores, aos reformados e pensionistas, aos estudantes e, em geral, ao povo português, enchem a boca com a palavra liberdade como se fossem pipocas a estalar e lá fazem a festa da mistificação, da deturpação e das omissões sobre o fascismo, sobre a revolução e sobre a contra-revolução. Os organizadores da gala deste ano superaram-se, só lhes faltou mesmo converter o fascismo em sinónimo de tempo em que a televisão era a preto e branco. A acreditar nesta gente, uma das grandes conquistas do 25 de Abril foi o consumo de coca-cola e até dá ideia que na origem golpe militar está a vontade de os namorados andarem livremente de mão dada. Liberdade sexual q.b., liberdade de expressão q.b. e sufrágio universal: é isto que dizem que celebramos anualmente.
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