Como dois mundos

“Mas não existe só o poder; existe também uma oposição ao poder. Em Itália essa oposição é tão grande e tão forte que ela própria também é um poder: refiro-me naturalmente ao Partido Comunista Italiano(PCI). Não há dúvida de que neste momento a presença na oposição de um grande partido como o PCI é a salvação de Itália e das suas pobres instituições democráticas.

O PCI é um país limpo dentro de um país sujo, um país honesto dentro de um país desonesto, um país inteligente dentro de um país idiota, um país culto dentro de um país ignorante, um país humanista dentro de um país consumista.

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Ser sem abrigo

“Não sou nada nem ninguém para julgar alguém, mas de qualquer maneira, sou um ser, sem abrigo.” É assim que o António começa esta reportagem da TSF, “Só por hoje”, sobre quem vive sem tecto, oiçam-na, mesmo. E continua: “Sobrevivo. Viver, viver é só por hoje. Sempre. É a minha regra. Acordei de manhã, ’tá bom, se amanhã não acordar, olha, melhor ainda. Já foi! Já era!” Simples, e sempre com a voz perto de rebentar em choro.”Venha para um destes bancos e sente-se comigo.” Diz o Luís Carlos ao receber-nos na sua sala de estar, um jardim de Lisboa. Um dia sentou-se num desses bancos a ler, ainda tomou um café, para despertar, mas adormeceu. Entretanto passaram sete meses e o Luís continua por lá. Simples, e sempre com a voz perto de rebentar em choro. A dele e a minha.

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Abril, o “muro” e o apoio da RDA aos antifascistas portugueses

Os 40 anos de Abril estão aí e os partidos da maioria governamental abriram a época do gozo à Revolução libertadora. Assim, e depois do PP e dos seus jovens queques (aqueles que querem fazer retroceder a escolaridade obrigatória ao 9º ano) se terem dedicado a espezinhar Abril e o seu legado sobrepondo-lhe o golpe de direita de 25 de Novembro de 1975, é a vez do PSD e da sua “jotinha” vir meter a colher num tema que sempre desprezou, e em data que jamais comemorou para lá do âmbito institucional de que não pode mesmo fugir. Em momentos praticamente simultâneos, a presidenta da Assembleia da República vem propor mecenato para as comemorações de Abril e uma moça que ficou célebre por ter feito uma chamada falsa para a linha de urgência do INEM apresentou uma ideia estapafúrdia que apenas na cabecinha dos jotinhas da Lapa faz sentido: associar as comemorações de Abril à queda do chamado “Muro de Berlim”.

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A Isilda Pegado e o aborto

“São quase 120 mil crianças que deixaram de nascer em Portugal e, em virtude disso, muitas escolas estão vazias e muitos professores ficaram sem turmas a quem dar aulas”

Este é o problema maior da senhora Isilda Pegado. Como um auto de fé esta senhora levanta em armas a sua luta pelo retrocesso civilizacional e humano pregando em toda a parte contra as abortadeiras pecaminosas. «Por considerar que muitas destas interrupções não se teriam realizado caso as mulheres se sentissem apoiadas na gravidez, Isilda Pegado diz que chegou a altura de alterar a lei.»

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URGENTE: direita espalha violência na Venezuela

Há poucas horas, caíram dois militantes de esquerda assassinados pela direita em pleno centro de Caracas. Eram do bairro 23 de Enero e tentavam defender um edifício público que estava a ser assaltado por manifestantes de direita. Segundo informações divulgadas por diversos órgãos de comunicação social, terão sido alvejados por franco-atiradores. Até ao momento, há mais de 20 feridos. Grupos violentos estão a espalhar o terror por todo o país depois de dirigentes da direita venezuelana terem apelado à radicalização dos protestos. Há que recordar que o presidente Nicolas Maduro encetou nos últimos meses várias conversações para estabelecer um clima de paz no país e chegou a reunir com representantes da direita. Contudo, o rasto de violência que o fascismo está a deixar nas ruas da Venezuela deixa antever que a receita seguida pelo imperialismo poderá ser, provavelmente, a mesma que está a usar na Ucrânia.

Notas sobre a democracia cultural

A criação e fruição culturais são direitos constitucionais em Portugal. Muito se tem dito sobre o financiamento do apoio às artes e à produção cinematográfica. Desde 2009 que não se realizam os concursos de apoio à produção literária, por isso é como se não existisse criação e fruição literária neste “país de poetas e escritores”.

O actual momento é um mau ponto de partida para fazer a discussão sobre o financiamento público à concretização destes direitos, na medida em que na ausência de um orçamento é impossível financiar o que quer que seja. Contudo, a política do tipo “shock and awe” do Governo para a Cultura, abriu feridas que estavam latentes na sociedade e no tecido artístico e cultural que, talvez por estarem agora expostas, motivam um debate que é, desde há décadas, urgente.

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Marca Portugal

Se há coisa que os nossos meios de comunicação social gostam, é da finura de lábios estrangeiros a pronunciar a palavra “Portugal”. Estou em querer que basta um americano articular esse abracadabra para choverem parangonas nas manchetes nacionais sobre a “marca Portugal” e a nossa importância no mundo.

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Europeias: ou vai ou racha

A CDU apresentou ontem o cabeça de lista para as eleições europeias. O João Ferreira, já deputado europeu neste último mandato, tem todas as condições para continuar a mostrar porque é daqueles que faz mesmo falta ao projecto democrático e progressista que a CDU tem vindo a construir ao longo de anos, quer no plano interno, quer no plano externo. O trabalho dos deputados e deputadas da CDU que passam pelo Parlamento Europeu, é não só elogiado pelos seus pares, como merece o nosso maior respeito pelas difíceis condições em que se desenrola.

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