A realidade política dos tempos hodiernos lembra ser retirada das páginas de uma novela distópica, surreal, mediocremente escrita e de categoria inferior, mas perturbadora que baste para se querer saber o que vai acontecer no seu final.
A narrativa actual é a de uma classe dominante embrutecida num país que parece não saber encontrar-se, que abandonou o pensamento crítico e científico, que se expressa formalmente de uma forma infantilizada e estupidificada, que rejubila pateticamente na sua indigente servidão e aplaude enfaticamente um conjunto de frases pobremente articuladas aos urros. Vendemos a alma e a pátria, somos senhores de destino nenhum, escravos absolutos de determinações alheias e em degradantes reverências a esses tiranos transatlânticos e europeístas chamamos de amigos, aliados, parceiros, mesmo perante o abismo da guerra, do genocídio e da miséria, e só aos povos que se querem livres os olhamos como infestos. Como tolos esperançamos dobrados a uma vida melhor, enquanto os nossos pretensos donos nos cumprimentam com uma saudação fascista.