«Nós também estivemos lá… por pouco» por Bárbara Carvalho e Laura Almodovar

Celebrar Abril e Maio não pode ser só estética. É sempre um momento de resistência necessário. Celebrando-se aquilo que foi, reivindica-se o que já não é. Celebramos a luta antifascista e as conquistas arrecadadas. Afirmamos a urgência dos direitos que nos são retirados, que a nossa geração já não conheceu, mas que também não esqueceu. A celebração de Abril e Maio não se ancora numa evocação identitária oca e simplista, mas sim num pulsar de exigências que nos é quotidiano.

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Maio é um país que quer ser gente

É Maio, maduro Maio, dia primeiro de todas as lutas que nos tornam gente: por salários de gente, porque neste país uma pessoa não tem direitos de pessoa com menos de 800 euros; por contratos de gente, daqueles que vêm com direitos de pessoas, como um futuro, uma família e, já agora, sonhos próprios; e horários de gente, e não de bestas mudas de carga alheia que só prestam para albardar. É dia de não trabalharem aqueles que trabalham os outros dias todos. É dia de vir aprender com os trabalhadores do Lidl a não sermos mais tomados por parvos e exigirmos o que por direito é nosso.

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O ciúme como fonte de direito

Eu deveria ter pouco mais de 25 anos quando, em Ovar, confrontada com um colectivo de juízes (mulheres) vi o julgamento ser interrompido porque a juiz presidente entendia que estávamos perante um crime continuado e não uma reincidência. Apesar dos meus melhores esforços para explicar que já tinha havido julgamento pelo crime prévio – violência doméstica – e este teria sido cometido 3 anos mais tarde, já contra mulher e filhas, de pouco me valeu. O julgamento foi interrompido.

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Marielle vive! Lula livre! E os avanços da besta fascista no Brasil.

Em que difere a morte de Marielle Franco de todas as outras mortes de dirigentes de esquerda este ano e em anos passados?
No ano de 2017 foram assassinados 66 activistas no Brasil (por exemplo, lideranças de movimentos sociais, dirigentes políticos de esquerda, ambientalistas, pessoas do movimento indígena e quilombola, enfim, exemplos não faltam).

O Brasil nunca ultrapassou esta característica de assassinar aquele, que de alguma forma, luta pela transformação social deste imenso país. E uma importante nota, os assassinos muitas vezes são bem premiados pela sua capacidade de exterminar as formigas que vêm em sentido contrário, e, claro, aos assassinos há uma clara impunidade dos seus actos.

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O Acordo Normal

O muito mediatizado – diria até festiva e apaixonadamente celebrado – acordo entre PS e PSD, não pode deixar de ser visto como um acto absolutamente normal. Mais do que possível ou provável, o encontro convergente entre os dois é acima de tudo ideologicamente inevitável. Mais tarde ou mais cedo, cairiam nos braços um do outro, alinhados sob qualquer pretexto de circunstância. Sabemos agora, de uma forma mais clara, que as declarações de António Costa sobre a “negação” ou “impossibilidade” da criação de um bloco central valem zero, e que a “possibilidade” de tal acontecer já não é sequer uma “possibilidade”: na verdade, ela já começou a ser construída.

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A nova fase da política de direita

Os últimos meses foram mostrando os limites finais e intransponíveis da actual solução governativa. O potencial de progresso que este governo transportava, a capacidade de reparar os destroços sociais do anterior governo PSD-CDS, esgotou-se, insuficiente, na irresolúvel natureza de classe do Partido Socialista.

Não se trata de apreciação pessoal nem de julgamento de intenções: parcialmente cumpridas as posições conjuntas assinadas à esquerda, o PS, cujo apanágio nunca foi morder a mão do dono, recusa-se a beliscar a legislação laboral de Passos Coelho, une-se à PàF para manter o País agrilhoado ao serviço da dívida, adopta como seus os ditames de Bruxelas e mantém incólumes as prioridades do governo anterior: fortunas para os bancos falidos dos privados e cortes para a cultura do povo; precariedade para a juventude e benefícios fiscais para as grandes fortunas; desprezo pelas necessidades do Serviço Nacional de Saúde e rapapés para as confederações dos patrões.

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Sinhá Raquel e o seu marido (que até é brasileiro)

Já são recorrentes as viagens na maionese da marquesa, nome carinhoso atribuído pela sua mãe e revelado nas suas crónicas sobre si própria, o seu tema preferido. Desde cedo a sobranceria em relação à classe trabalhadora é demasiado evidente, como nos beijinhos e bolos que gosta de enviar aos piquetes de grevistas que estão ao frio a lutar pelos seus postos de trabalho enquanto se diverte em programas de televisão a veicular informações absolutamente desinformadas.

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Marielle, Rosa, Catarina, Iñez, Alice

A lista é infindável. As mulheres executadas porque defendem ideais que combatem a ordem vigente, rompem com o domínio do poder capitalista cujos instrumentos passam pela subjugação da mulher, da mulher negra, da mulher operária, da mulher reivindicativa, da mulher que luta contra um conceito de uma sociedade patriarcal que as quer silenciadas e no lar.

A morte prematura com as execuções de Rosa Luxemburgo, de Catarina Eufémia, as greves de Alice Paul, a morte de Inez Milholland após um comício em que defendia igualdade no direito de voto para as mulheres – todas, independentemente da etnia e da classe social e a execução de Marielle Franco, activista, feminista, eleita, mãe, como se descrevia.

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