Para que não haja dúvidas, este texto é sobre o Pedro Passos Coelho ter sido desobrigado pelo arquitecto Saraiva

Um arquitecto Saraiva que é jornalista, que escreve livros e que escreve crónicas sobre pêlos, elevadores e outros elementos do seu dia-a-dia cosmopolita. Um ex-primeiro ministro e ora líder da oposição Pedro Passos Coelho que é político, que é quase africano e que prevê a chegada do diabo à Terra para breve. Um livro badalhoco chamado “Eu e os Políticos”, escrito pelo arquitecto Saraiva, e uma apresentação de livro aceite pelo PPC, que entretanto foi desobrigada e que entretanto até já nem se vai realizar por motivos de segurança. Uma editora chamada Gradiva que ainda deve estar a pensar porque raio é que editou este livro. Seja liberal se lhes compro mais algum…

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Isto é tudo uma grande média

Grande parte do que havia a ser dito sobre impostos e classe média já foi dito aqui e aqui. A vantagem do sistema capitalista, sem ironias, é a capacidade evidente que possui para se manter exactamente igual enquanto se anuncia a sua modernização, a sua adequação às necessidades e anseios das populações. A enorme dificuldade em tipificar a classe média é uma grande vantagem do sistema dominante. A impossibilidade de sabermos se a classe média, se o é, é-o através do rendimento mensal, da forma como é obtido esse rendimento, do rendimento mobiliário e imobiliário. Ninguém sabe. E isso é óptimo, porque qualquer um pode ser classe média, desde que olhe para um lado e veja alguém mais pobre; para outro e veja alguém mais rico.

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Culsete

A censura do lápis azul, da apreensão de livros e da perseguição de autores (e leitores) deixou de fazer sentido neste início de milénio, pelo menos nesta geografia que é a nossa. O cheiro a queimado das pilhas de livros ardendo na praça pública é um anacronismo neste momento histórico; as pilhas de livros em chamas seriam mais perigosas para o sistema – funcionando como golpe de marketing, atraindo atenções para títulos, autores e editoras obscuras – do que o destino de morte lenta a que parecem condenados os títulos mais subversivos. O desaparecimento das livrarias independentes – e a sua substituição por um assustador nada, apenas aparentemente ocupado pelas grandes marcas livreiras, nacionais e multinacionais – joga neste processo um papel central. A Culsete, livraria setubalense com 40 anos de história, ponto de encontro de livreiros, escritores, editores e leitores, encerrará brevemente as suas portas. A cidade fica mais pobre. Portugal fica um pouco mais à mercê da orweliana novilíngua do regime.

Portugal, um país de ricos e abastados

Não deixa de ser irónico que dois dias após o alarme social criado em torno da morte da classe média com a tributação do património imobiliário superior a 500 mil euros e que iria, de acordo com os opinadores e os mais excelsos especialistas em economia (de economistas, certamente, terão pouco), afectar milhares de portugueses, surjam estudos a dizer o que todos já sabemos, que todos (é incrível, não é? todos os anos os estudos demonstram os mesmos dados) anos se repete: mais de dois milhões vivem abaixo do limiar da pobreza em Portugal.

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Sobre o glifosato e a Bayer.

Desculpem-me os leitores do manifesto74 por vir usar o vosso espaço com uma clarificação que passa perto de uma defesa pessoal, mas que, como compreenderão, é não só necessária, como colectiva.

O jornal i decidiu, no âmbito da campanha mediática em curso contra a solução governativa para que o Partido Comunista Português contribuiu, fazer uma delirante notícia com direito a meia capa. O correio da manhã, esse produto tóxico em papel que devia constar na categoria 2A da classificação da IARC – International Agency for the Research on Cancer – acompanhou de imediato. A origem da notícia está numa abstrusa manipulação de um artigo que escrevi neste blog levada a cabo por militantes e dirigentes do BE nas suas páginas de Facebook, onde me acusavam de insinuar que o BE teria recebido dinheiro da Bayer para propor a proibição do Glifosato. O i e o CM limitaram-se a aproveitar a boleia.

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Tio Zé Gomes Patinhas Ferreira

«Se é pelo agregado, facilmente se atinge os 500 mil euros». Fácil, fácil. Zé Gomes Ferreira pegou na máquina de calcular, fez as continhas, somou os bens da malta lá de casa e chegou facilmente aos 500 mil euros de património. Mas quem nunca? Ou melhor, quem não? Que família portuguesa não chega “facilmente” ao meio milhãozito? Todos. Toda a “classe média”. Com jeitinho, metendo de permeio até valores mobiliários, somando um RSI, uma prestação do abono de família e 5 euros saídos numa raspadinha, até os de “classe baixa” vão levar com imposto. E “facilmente”. Ainda que muitos insistam em denegrir a sua imagem, mais uma vez, Zé Gomes Ferreira aparece a defender os mais fracos.

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Glifosato fora de moda

Agora será má altura para relembrar que a Bayer comprou a Monsanto por 60 mil milhões de euros, depois de ter sido levada a cabo uma campanha de alarme em torno do principal activo da Monsanto – o glifosato e as culturas transgénicas tolerantes a esse herbicida -, mas ainda assim, porque só com as peças todas podemos montar o puzzle, aqui vai:

A Monsanto produziu o roundup (glifosato) e ao mesmo tempo vendeu milhões de sementes tolerantes ao químico, dominando assim uma importante parte da agroindústria e da produção de alimentos. A Monsanto detinha a patente das variedades transgénicas tolerantes ao herbicida e ao mesmo tempo a patente do herbicida. As variedades não eram resistentes a pragas, como muitos tentaram fazer-nos crer, mas sim ao roundup. A patente do glifosato expirou em 2001, e isso permitiu que fosse possível produzir e utilizar glifosato com custos muito menores, continuando a usar variedades vegetais resistentes ao herbicida.

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