Autor: Miguel Tiago

Comemorar o quê?

O bafio que nos visita da cave do passado tem vários cheiros e às vezes até traz um odor a esquerda. Comemorar o quê?, pergunta-se por aí por todo o lado.

A pergunta é partilhada por muitos, porque se confunde Abril com o que vivemos hoje. E porque se confunde Abril com uma farsa. E alguns colocam-na genuinamente, por sentirem traído o mais pequeno sopro de Abril.

Eu quero responder à pergunta.

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Capitalismo para totós VI – Lucro

O lucro, banalizado por séculos e séculos de exploração e opressão, e particularmente sacralizado durante o advento e a consolidação do Capitalismo, é essencialmente o resultado de uma apropriação, legitimada pela lei que é, por sua vez, escrita e decretada pelos representantes de quem se apropria.
Todo o lucro representa uma apropriação dos frutos do trabalho alheio, e nenhum lucro é legítimo moralmente, apesar de o ser legalmente.

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A ditadura do gosto e a ditadura do mercado

Um Nuno Ferreira, que achou piada a descrever-se como “nascido no segundo mês dos anos 80 e gosta de gelatina de morango” decidiu partilhar com a humanidade uma crónica no P3 sobre, pensará ele, “cultura”. O Nuno Ferreira, de quem mais não sei além do que ele próprio connosco partilhou, ou é um habilidoso propagandista da direita ou é um idiota chapado, o que – bem sei – não é absoluta nem mutuamente exclusivo.

A “crónica” sobre “cultura”, se tiverem o cuidado de ler, redunda apenas numa “redacção” sobre “gosto”, o que são coisas diferentes na forma e no conteúdo.

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Capitalismo para totós V – Classe Social

A noção de classe é fundamental para se compreender a mensagem do sistema capitalista, tal como daqueles que lhe resistem e propõem a sua superação. A classe social é a unidade política na análise marxista, pelo facto de ser o que distingue os interesses. Para os marxistas, a classe é definida com base na posição de cada um perante os meios de produção. O capitalismo tenta infundir uma noção diferente, baseada no vencimento. Todavia, os interesses políticos das pessoas que ganham mil euros não são todos os mesmos, enquanto que os interesses políticos dos que são trabalhadores são iguais entre todos.

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Capitalismo para totós IV – Dívida pública

Dívida pública é um conceito que tem servido, não apenas recentemente, para justificar o conjunto de políticas de intensificação da exploração do trabalho, para assegurar a estratégia capitalista de divisão internacional do trabalho, e alimentar a especulação e agiotagem através das quais as grandes instituições financeiras asseguram a acumulação crescente e a apropriação galopante da riqueza produzida. A pretexto da ideia de “dívida pública”, impõe-se uma política de “austeridade”, criando um mecanismo simples de alusão à honra pública.

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Capitalismo para totós III – Austeridade

Austeridade – o termo encontrado pelos teóricos e governantes do estado capitalista para definir uma política de supressão do Estado e dos serviços públicos. “Austeridade” é um termo com uma carga de moralidade, aliás, “austeridade” significa tanto “severidade”, como “rigor”. A questão aqui não é tanto sobre o significado da palavra, mas sobre o acerto do termo. A utilização do termo aqui é propositada para confundir a realidade com o conceito. Ou seja, não é o significado de “austeridade” que é distorcido, mas é a aplicação desse conceito que tenta disfarçar a situação real com que estamos confrontados.

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Capitalismo para totós II – Colaborador

Colaboradores – termo que designa o conjunto das assalariados de uma empresa, independentemente do regime contratual. No essencial, mascara duas dimensões fundamentais das relações sociais capitalistas: a do trabalho e a da exploração.

O colaborador colabora, não trabalha.
O colaborador colabora, não é explorado.

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Do parasitismo ao voluntariado

Que se confundam termos e conceitos no contexto de disputa ideológica actual é relativamente normal e é, tendo isso em conta, que assumo já que alguns conceitos são de difícil definição, quer jurídica, quer política. Alguns conceitos são absurdos num determinado contexto económico, como o capitalismo, tal como outros são absurdos num contexto diferente, como o socialismo. Por exemplo, “voluntariado” é um conceito que só distorcido e manipulado entra no léxico do sistema capitalista. Ao mesmo tempo, “exploração do trabalho alheio”, sendo a base do capitalismo é um conceito absurdo num sistema socialista.

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