No primeiro Congresso da JCP em que estive presente, realizado em Almada em 1999, tive a oportunidade de conhecer uma jovem militante do PKK – o Partido dos Trabalhadores do Curdistão – que se bem me lembro vivia naquele tempo fora do território curdo ocupado pela Turquia. Durante um final de tarde passado na Concelhia de Almada do PCP, falei com a camarada curda sobre o PKK, Abdullah Öcalan e a guerra contra o exército turco. Ela ofereceu-me um “pin” com a fotografia de uma jovem guerrilheira célebre entre os militantes do PKK (creio que ainda o tenho), e eu ofereci-lhe a minha lealdade à causa curda, que desde então vim acompanhando com a atenção que me é possível.
Autor: Rui Silva
75 anos depois, nova aproximação à fronteira russa.
Passam hoje 75 anos sobre a data que marca o início da invasão hitleriana da Polónia, dia normalmente considerado o primeiro da chamada Segunda Guerra Mundial. A data deve ser lembrada, não como mera efeméride que amanhã será imediatamente esquecida, mas como momento cujo significado histórico não pode ser ignorado.
Muitos lembrarão que se os alemães invadiram pelo ocidente, os soviéticos avançaram por oriente. A coisa, assim posta, gera as mais precipitadas conclusões. Sobre o assunto aconselho vivamente a leitura de “1939-1945: uma guerra desconhecida”, de Paul-Marie de la Gorce, em boa hora editado pela antiga Editorial Caminho. O autor refere os esforços soviéticos para concertar posições com França, Inglaterra e Polónia, bem antes do muito referido (mas pouco compreendido) pacto germano-soviético, o tal que só foi assinado depois de em Munique franceses e ingleses terem acordado com a Alemanha a desgraça da Checoslováquia.
O voo MH17 das Malaysia Airlines
É mais um daqueles casos em que, depois de um período de intensa atenção mediática, o tema cai no esquecimento. Ainda se lembram do avião das linhas aéreas da Malásia (o segundo) abatido em espaço aéreo ucraniano?
A Síria deixou de abrir telejornais, saiu das primeiras páginas.
Enquanto o mundo observa horrorizado o vídeo da decapitação de um jornalista norte-americano às mãos de um dos grupos que, em tempos, fazia parte do grande “guarda-chuva” genericamente conhecido como “Exército Livre da Síria”, naquele país devastado do médio-oriente os bandos armados que foram financiados, armados e diplomaticamente protegidos pelos Estados Unidos e a União Europeia, em conjunto com as ditaduras reaccionárias do Golfo, continuam a matar impunemente. Segundo a agência Sana dois homens foram executados e crucificados na vila de al-Hisan, no distrito sírio de Deir Ezzor.
As vantagens competitivas da desertificação
Foi ontem no “frente a frente” da SICn: o mesmo cavalheiro que há tempos atrás referia, perante a incredibilidade dos portugueses, que o país está melhor (apesar do povo se encontrar em pior situação), deu ontem novo contributo para o triste e bizarro anedotário político dos partidos do arco da Banca ao afirmar que existem oportunidades competitivas que resultam do encerramento de serviços públicos no interior do país.
Sem se rir da própria tirada foi acrescentando que é demagogia afirmar-se que os encerramentos contribuem para a desertificação do interior, argumentando com a relação inversa entre o histórico de criação de infra-estruturas nas zonas onde agora encerram e a constante diminuição de população nos distritos portugueses mais afectados pelo despovoamento e pela depressão social e económica.
E de súbito, o ISIS passa a “extremista” (quando na verdade é apenas e tão só islamofascista)
O alarmes soam nos quartéis dos grandes falcões da guerra das potencias ocidentais. O som é cínico, envergonhado e comprometido, mas no espaço público os semblantes estão carregados e os discursos repletos de indignação: o grupo armado “Estado Islâmico do Iraque e do Levante” tomou de assalto toda a região do Iraque que faz fronteira com a Síria e a sua marcha sobre Bagdade parece eminente. Por cá oiço as notícias e leio os jornais para verificar que os mesmíssimos islamitas de extrema-direita que na Síria são designados como “rebeldes”, do lado iraquiano da fronteira passam a “extremistas”. Salva-se o “i”, que apesar de tudo se mantêm coerente e títula “Rebeldes às portas de Bagdade“, preservando o estatuto do grupo islamo-fascista.
Normandia
É inegável a importância do desembarque na Normandia, ocorrido a 6 de Junho de 1944 (sublinho, 1944) para o desfecho da II Guerra Mundial. É inegável o heroísmo daqueles que desembarcaram na Normandia. Muitos dos soldados envolvidos na operação pagaram o mais alto preço e os seus camaradas que sobreviveram recordam-nos seguramente como exemplos de altruísmo e coragem. Sem o desembarque na Normandia os acontecimentos posteriores teriam certamente seguido um rumo diferente.
Mudança, sim. Mas mudança a sério.
A confirmar-se a notícia que faz hoje primeira página no “i”, “Merkel já decidiu a próxima Comissão Europeia, antes das eleições“, Ainda segundo “i”, Merkel não tomou a decisão sozinha: a decisão foi cozinhada pela “grande coligação”, ou seja entre os conservadores e os sociais democratas alemãs, equivalentes aos partidos do arco da desgraça nacionais: PS, PSD e CDS.