Todos os artigos: Internacional

Greve prisional nos EUA contra a escravatura moderna

No 45º aniversário do levantamento prisional em Attica, iniciou-se ontem uma greve nacional de presos em mais de 24 estados dos EUA, contra comida e cuidados de saúde inadequados, condições de sobrelotação, pressão e isolamento prolongado, e o ciclo do próprio sistema criminal que cria um sistema de escravatura moderna. Os promotores, que incluem o Support Prisoner Resistance, o  Incarcerated Workers Organizing Committee, e o Free Alabama Movement, apelam ao fim da escravatura na América, alertando não só para as condições dentro das prisões, mas para todo o sistema repressivo racista e de classe, desde a ligação entre punição nas escolas e a criminalização juvenil (school to prison pipeline), ao quotidiano terror policial nas cidades, o enviesamento racial da polícia e sistema penal, a falta de apoio jurídico, as fianças proibitivas, as penas injustas, os controlos após a libertação, etc.

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O Piro-Esquerdista!

De pyrós, grego, que significa fogo. O fogo que conflagra, que arde, que queima e que se vê. E do fogo o calor, o calor vibrante da teoria consumida à letra, de fio a pavio, que apetece – apetece muito – espalhar aos quatro ventos de um feed, copiada, letra por letra, alheia aos tempos, aos modos, aos colectivos e aos espaços. O fogo da urgência que não cessa, de um ego que jamais se contém, de uma vontade férrea de ser farol na escuridão, de ser luz nas trevas, de ser salvatoris mundi! E fazê-lo desabridamente, aos olhos de todos, como projecto de vida, na magnificência de um mural de facebook, o trono dos novos tempos, onde se pavoneia a criatura em plena e definitiva majestas! Ei-lo, esse esquerdista pantocrator! O piro-esquerdista! Ou tão-somente, como lhe chamaria qualquer sábio ainda que iletrado, «o imbecil»!

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Colonialismo e Imperialismo? Não e não! Só a pergunta já ofende.

Nos últimos dias reuniu em congresso a Convergência Ampla de Salvação de Angola(CASA-CE), e do enclave saiu reeleito o presidente Abel Chivukuvuku.
De Portugal foram convidados PSD, PS, CDS e BE, presentes com as respectivas delegações e mensagens. Significativo e notável, como os mesmos que por cá ululam e rasgam as vestes, acusadores de uns e outros, sejam exactamente os mesmos que estão dispostos a apoiar uma força política que nos seus traços essenciais corresponde a uma recauchutagem ideológica de um sector da UNITA, por sinal um sector especialmente próximo do colonialismo e do imperialismo em África e Angola.

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Os índios da Pradaria

Os Lakota, também conhecidos como índios da pradaria, são um povo indígena da América do Norte, cujas terras originais se estendiam pelos actuais estados norte-americanos do Dacota do Sul e do Norte. Formados por sete tribos vizinhas, entre as quais se encontram os Sioux, os Lakota imigraram para o Norte, oriundos do baixo Mississipi, e ali se fixaram vivendo da agricultura e da caça do búfalo, actividade iniciada após a introdução do cavalo na vida das comunidades, no século XVIII. É em parte da vida dos Lakota que falam grandes produções de Hollywood, como “Dances with wolves” (“Danças com lobos”), filme realizado a partir do romance homónimo, de Michael Blake.

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Luta contra a Direita na América Latina

A luta entre a reacção e as forças do progresso social vive momentos intensos na América Latina.Amanhã Dilma Rousseff será provavelmente afastada formalmente do cargo de Presidente do Brasil por Senadores (esses sim) corruptos, oportunistas e irresponsáveis, ao serviço da burguesia nacional e estrangeira. A frontalidade exemplar de Dilma perante os acusadores contrastou com o medo do presidente interino, Michel Temer, em ser apresentado durante a cerimónia de apresentação dos Jogos Olímpicos. A acusação de golpe de estado não é mera retórica: a direita brasileira não tendo conseguido derrotar o PT nas urnas, usa acusações juridicamente insuficientes para um processo de impeachment – com o apoio dos media e manifestações reaccionárias – para afastar Dilma, e imprimir um processo acelerado de retrocesso social.

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Rio2016

Tenho grande dificuldade em reflectir de forma racional sobre os JO. Por razões de natureza pessoal, que não vou detalhar neste espaço, e por razões ideológicas, que afastam a minha visão dos Jogos daquela que é dominante no conjunto não apenas da sociedade portuguesa mas também, temo bem, por esse mundo fora.

Cresci a ver os Jogos, a treinar ao lado de atletas olímpicos, a ambicionar participar nos Jogos e a beber tudo aquilo que, há vinte anos, a televisão, os jornais e as revistas davam a conhecer sobre o mais importante evento desportivo-competitivo do calendário da maior parte das modalidades que foram até há alguns anos atrás predominantemente amadoras.

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A «erradicação da fome» e a fome de revolução

Estamos no ano da graça do senhor de 2016 e há 800 milhões de seres humanos a morrer de fome. É esta a principal conclusão do Relatório de Desenvolvimento Sustentável da ONU agora apresentado e que passou completamente ao lado da nossa comunicação social. Antes, porém, de prosseguirmos é mister refazer esta pergunta gasta e tantas vezes repasta nas bocas dos comunistas: como é possível que sejamos capazes de fotografar exoplanetas nos confins da imensa e opaca treva interestelar, e encontremos formas de levantar o véu que oculta o mistério da massa e a origem de todas as coisas, e consigamos reprogramar e fazer células para dobrar a própria natureza humana, e possamos tudo e tanta coisa, epigenomas, água em Marte, máquinas em asteróides… e ainda assim, em desafio a tudo isto, não sejamos, enquanto espécie, capazes de conseguir algo tão ofensivamente elementar como evitar que uma em cada oito das nossas crianças não passe fome?

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Uma noite em Kilkenny, ou porque é que a esperança não é para ter, é para manter

Eu e ela andámos pela Irlanda. Passámos em Kilkenny – passem por lá que vale a pena. A noite foi passada num pub, claro, chamado “The Hole in the Wall“, que está aberto desde meados do séc.XVI! Nesse pub, nessa mesma noite, não estava muita gente, mas havia de tudo, e por ordem cronológica do contacto que tivemos com eles: o jovem barman irlandês; um dentista norte-irlandês católico e que emigrou para o sul; um casal suíço; o dono irlandês do pub e conceituado médico cardiologista; dois casais de norte-americanos que vivem perto de Kansas City.

E a conversa teve vários desenvolvimentos, todos quiseram saber novas de Portugal, todos tinham queixas do sistema político actual, todos tinham a cabeça meio baralhada nos conceitos, nas escolhas e nas prioridades. Mas vamos por partes, ou melhor, por personagens.

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