Todos os artigos: Internacional

Não é solidariedade, é responsabilidade

A história repete-se, já sabemos. Ciclicamente os episódios repetem-se, com outros protagonistas, outras roupagens, mantendo aquelas que são as questões centrais. A humanidade assiste e interpreta os seus papéis, consoante a época, dependo desta, nessa repetição, a diferença no resultado. Há quem hoje leia sobre o que aconteceu na Europa dos anos 30 como algo distante, que dificilmente encontrará paralelo. Como se fosse uma invenção cinematográfica, sempre olhada e interpretada com a distância que a qualidade de espectador nos confere. Até porque, na maioria das vezes, a técnica da pessoalização dos conflitos leva-nos a pensar que determinados fenómenos tiveram lugar porque aquele chefe de estado era mau, era maluco e tudo dependia da sua vontade pessoal.

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Ei-los que chegam*

São esquisitos, baixos e com bigodes e barbas. Chegam, na esmagadora maioria, homens. Elas, quando vêm, cobrem os cabelos com panos e não usam saia acima do joelho. Muitas são proibidas pelos maridos de cortarem o cabelo. Por vezes, eles ameaçam-nas com uma chapada ou um murro; elas, subservientes, baixam a cabeça e colam as mãos ao ventre. Trazem com eles uma paixão fervorosa pela religião. Usam colares com o símbolo das suas crenças e são capazes de dar mais do que têm para que o seu local de culto, na sua terra natal, tenha um relógio ou um telhado novo. Rezam, pelo menos, de manhã e à noite. Se puder ser, ao final da tarde, cumprem mais um ritual.

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Diz-me as tuas fontes e dir-te-ei se és parvo

Circula na internet um texto em que se acusa os EUA de estarem a patrocinar a vaga de refugiados que, durante estes dias, entra na União Europeia. Neste texto, pergunta-se como é que esses refugiados conseguem o dinheiro para pagar o passe e cita-se uma «fonte anónima» que confirma que existe uma estratégia norte-americana em curso para encher a Europa de «migrantes».

Mais tarde, esta noite, deparei-me com outro texto vergonhoso, que avisava que na «invasão silenciosa» de refugiados, estão a passar muitos «terroristas». Esta informação, por seu turno, não vinha acompanhada de uma «fonte anónima», mas de uma fotografia em que se pode ver um homem vestido com uma farda e, mais tarde, à civil. Prova indisputável.

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Migrantes, ciganos e untermensch

Pergunta para queijinho: que nome se dá a uma pessoa forçada a abandonar o seu país para fugir a uma guerra civil ou a outro tipo de catástrofe humanitária? Se «refugiado» foi a palavra em que pensou, está desactualizado. Dos autores de «colaborador» e «empreendedor», chega-lhe agora «migrante» a mais recente aquisição lexical da comunicação social da classe dominante.

A semântica da luta de classes é um dos termómetros mais fidedignos das estratégias em confronto. Quando as pitonisas da comunicação social dominante nos dizem que uma criança palestiniana morreu no «fogo cruzado», quando atirava pedras num «território disputado», o que no fundo querem dizer é que o valor da vida humana varia na proporção directa do lucro que possa gerar.

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Parabéns e obrigado, companheiro

Aos 89 anos, Fidel Castro continua jovem e de boa saúde. Continuará sempre. Porque há muitos anos que deixou de ser apenas a pele que habita, tornando-se na metáfora viva do que mais jovem tem este mundo decrépito.

Por isso, companheiro Fidel, parabéns por nos mostrares que é possível um Estado governado pelos trabalhadores, mesmo que cercado, vilipendiado, bloqueado e atacado por todos os quadrantes, fazer mais e melhor que o resto do mundo.

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Sem alternativa à economia de mercado? por Maurício Castro

Assim de contundente foi o líder da alternativa eleitoral ao bipartidarismo espanhol vigorante, em declaraçons recentes ao The Wall Street Journal. Num ataque de sinceridade que deveríamos agradecer, Pablo Iglesias afirmou que “nom há umha verdadeira alternativa à economia de mercado”.
Umha sentença que dá continuidade a um pensamento constante nas diversas correntes de pensamento defensoras do sistema em vigor. Talvez a mais conhecida e divulgada tenha sido nas últimas décadas a do filósofo japonês Francis Fukuyama, pensador da direita neoliberal, no seu best seller do fim dos anos 80: “O fim da história”. Eram os tempos da queda do chamado campo socialista no leste da Europa. Lembram?

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Senão o quê?

Não está tempo para sermos ingénuos: o governo grego traiu o seu povo e mostrou cabalmente que os únicos referendos vinculativos que o Syriza reconhece votam-se nas reuniões do Eurogrupo.

Pouco interessa quais eram as intenções de Tsipras ou dos seus seguidores. Não se trata de escamotear as pressões, ingerências e chantagens de que foi alvo o governo e o povo helénicos, mas de enfrentar a realidade como ela é: este governo assumiu promessas que não cumpriu, convocou um referendo que não respeitou e acaba de assinar o maior retrocesso social das últimas décadas.

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Da Telesur às ruas: A revolução será transmitida?

Caracas, Bairro 23 de Enero, bastião da revolução bolivariana

No passado mês de Fevereiro, o governo bolivariano da Venezuela denunciou um plano golpista. Na denuncia, o mandatário, Nicolás Maduro, revelou à imprensa os detalhes desta estratégia elaborada pelos “sectores mais fascistas da oposição, vinculados ao imperialismo norte-americano”. O presidente afirmou que queriam bombardear o palácio presidencial de Miraflores, o Ministério da Defesa e a Telesur.

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