Todos os artigos: Internacional

Um balde de água fria

A sociedade do espectáculo é um estado de ansiedade permanente que reduz simultaneamente o espectador a vítima, cúmplice e paciente. À medida que a crise estrutural do capitalismo recrudesce e a previdência social recua, uma fina camada de marketing vai tomando conta das nossas vidas, das nossas inquietudes e dos nossos princípios.

A nova moda de despejar baldes de água gelada pela cabeça abaixo é somente a última moda do tipo de activismo político domesticado que o capitalismo aprova, recomenda e reproduz. Para além da parolice songamonga do acto, que nos dispensa o verbo e a pena, é oportuno denunciar a chantagem moral com que nos querem contagiar e pôr a estupidez de quarentena.

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Cobardia, aldrabice, desprezo e estupidez

Às vezes acontece-nos isto. Gente que até gostamos de ler, pessoas que nos fazem sorrir, que escrevem com elegância mas que, num momento de aparente menor lucidez, nos fazem regressar «à terra» e nos mostram como é ténue no comportamento humano a distância entre a qualidade e a boçalidade. É o que acontece com Miguel Esteves Cardoso e um seu recente artigo no Público intitulado “Escolher Israel”.

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Ébola em perspectiva

Coloquemos o Ébola em perspectiva:
– é uma doença tratável, cuja taxa de letalidade pode ser moderada a baixa mediante cuidados de saúde adequados;
– não é muito contagiosa, sendo transmitida apenas pelo contacto directo com fluídos de um paciente que já manifesta os sintomas (não é contagiosa durante o período de incubação), sendo o contágio evitável através das boas práticas de higiene médica.
Então porquê toda a histeria em seu torno? E se é tratável e pouco contagiosa, porque se propaga na África Sub-Saariana (AfSS)? A resposta tem em parte que ver com algo que o Ocidente teima em não querer enfrentar, pela responsabilidade que acarreta: a pobreza nesses países, incluindo a falta de acesso a comida, água potável, medicamentos e os cuidados de saúde, são o principal factor responsável pela alta taxa de doenças infecciosas e outros problemas?

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A Ocidente nada de novo

O termo Ocidente está hoje na boca de todos, dos fanáticos salafistas aos imperialistas norte-americanos, passando pela esquerda europeia e pelos burocratas de Bruxelas. Porém, é utilizado quase sempre numa acepção coloquial, como que para descrever alguma coisa tão visível e evidente que dispensa automaticamente perguntas e explicações. Contudo, o Ocidente não é de todo fácil de identificar e definir. O que haverá de mais ocidental que os Direitos Universais do Homem ou o Santo Ofício, os campos de concentração e a liberdade? Ao longo de períodos históricos tão irreconciliáveis como o Renascimento e a Idade Média, o Ocidente foi disperso pelo mundo, elogiado e vilipendiado. O seu significado parece ter-se transformado em tudo e dissolvido em nada.

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Israelitas cantam «Amanhã não há escola! Já não há lá mais crianças! Gaza é um cemitério!»

Depois de uma deputada israelita declarar que todas as mães israelitas devem ser assassinadas, depois dos seus académicos apelarem à violação das mulheres palestinianas, depois das fotografias de israelitas a assistir a bombardeamentos a comer pipocas como se estivessem no cinema, chega-nos um vídeo de cidadãos israelitas a cantar e a celebrar a morte das crianças de Gaza.

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Só é pacifista quem pode dar-se a esse luxo

Assistimos hoje, em Gaza, a um genocídio com a aprovação da comunidade internacional, tão pronta, noutras ocasiões, a decretar pesadas sanções e ameaças e tudo o resto que faça tremer de medo os media ocidentais. Mais nada. Sejamos realistas, as sanções económicas são o pior que pode haver para quem ainda tem alguma coisa a perder. Porque nunca estas sanções afectam os que deveriam ser realmente os alvos.

Obviamente, ninguém com dois dedos de testa espera, no actual panorama da política internacional, com as movimentações de interesses geopolíticos a que temos assistido às portas da Europa, que surja um bloqueio a Israel. Ou que apareça qualquer coisa a condenar Israel pelo genocídio que está a efectuar em Gaza.

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Telavive é Europa

A criançada só atrapalha. Razão tem aquela deputada israelita capaz de arrastar consigo os corações de todos os homens. Uma beleza tão europeia e delicada que é impossível não acreditar em tudo o que nos possa dizer Ayelet Shaked. As mães palestinianas devem ser assassinadas porque dão à luz pequenos répteis. As suas casas devem ser demolidas para deixarem de albergar terroristas. Não sei que efeito terão tido as suas palavras sobre os militares israelitas que esta tarde metralharam quatro crianças que jogavam futebol numa praia de Gaza. Mais um aborrecimento para os porta-vozes do único país que não tem regime no Médio Oriente. A única democracia da região teve de inventar uma desculpa para o acontecimento. Aos dóceis correspondentes estrangeiros bastou-lhes a razão apresentada: na praia, havia um contentor que era do Hamas. Não havia necessidade para tanto esforço. Se lhes dissessem que os chapéus-de-sol eram propriedade daquela organização, também servia.

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