O campeão das fugas prisionais partiu no dia anual de homenagem aos partizans jugoslavos. Filho de um anarco-sindicalista, ganhou consciência política muito jovem. Um dos muitos homens que nunca tiveram direito a ser meninos dormia numa banheira com palha num estaleiro da construção no Barreiro. Tinha 14 anos quando aderiu ao PCP e 15 quando a PIDE o espancou pela primeira vez. Foi operário no Arsenal da Marinha. Fugiu três vezes da prisão: duas de Peniche e uma de Caxias. Levava o pseudónimo de Freitas e conduziu a operação de fuga de Agostinho Neto e Vasco Cabral de Portugal rumo a Tânger. Foi um dos responsáveis pela Acção Revolucionária Armada, estrutura do PCP para fazer frente ao fascismo e ao colonialismo português em território nacional com operações contra a NATO e infraestruturas e equipamentos militares. Foi deputado depois da revolução e tinha a idade do PCP.
Cem anos e mais um da existência de um revolucionário de corpo inteiro. Uma fortaleza humana que se confunde com a história do movimento operário no nosso país e com a história do único partido que sobreviveu, resistiu e venceu o fascismo. Mulheres e homens como Jaime Serra são o combustível da revolução. Da que foi e da que virá. Aquela que se constrói na luta de todos os dias.
Até sempre, camarada.
É possível que poucos se tenham apercebido disso mas, em Novembro de 2020, os Correios de Portugal completaram 500 anos de existência. Não houve grande celebração, que se tenha notado, nem se terão cantado «parabéns» e por uma razão muito simples: a coisa está mais perto da morte do que dos «muitos anos de vida». Mas o postal que ilustra a desgraça da empresa não é anónimo, tem três siglas. As mesmas que há anos se vêm entretendo a fatiar o serviço público entregando-o às «maravilhas» da gestão privada. O resultado está à vista: de entidade pública sólida, confiável e útil, os CTT passaram ao topo da liderança das queixas dos portugueses.
