Todos os artigos: Nacional

Por falar em futebol e racismo: os «camisas negras» do Rio

Muito embora no que a futebol brasileiro diga respeito toda a atenção mediática esteja presentemente centrada no Flamengo de Jorge Jesus, nenhum outro clube dirá tanto a Portugal e aos portugueses como o Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. Contudo, não é o facto de ter sido fundado e patrocinado por portugueses que nos leva propriamente a coloca-lo aqui em evidência. É que ontem, na Bolívia, numa partida a contar para a copa sul-americana de futebol, o guarda-redes suplente do Vasco foi também ele vítima de insultos racistas. A questão é que, neste caso concreto, tendo em conta o peso simbólico da camisola que o atleta enverga, a situação assume uma dimensão duplamente grave: pelo crime em si, e pelo facto de ter sido cometido precisamente contra um clube histórico do combate ao racismo e à desigualdade. Ler mais

Morrer com dignidade

«Se eu soubesse que ia ser assim…», a frase por acabar ficou-me gravada na memória. O homem das mil vidas, aquele que tinha em si toda a vontade de viver (mais do que eu alguma vez vi em alguém), a pessoa que se recusava a aceitar o diagnóstico que lhe dizia ter poucos anos de vida quebrava. Em voz baixa, mas quebrava. Só o disse uma vez e nem acabou a frase. A discussão sobre a eutanásia dificilmente foge às nossas experiências pessoais, às nossas histórias. Na verdade, todos nós devemos ter acompanhado de perto alguém que morreu com cancro, alguém que esteve hospitalizado com alguma doença muito grave ou que morreu em consequência de ter ficado altamente incapacitado por um acidente, por exemplo. Eu sei que tive não um mas vários exemplos e todos de pessoas demasiado próximas. Por isso, quando me perguntam a minha posição sobre a eutanásia, inequivocamente respondo que sim, que entendo que devemos ter o direito a escolher morrer em determinados casos. Mas isto sou eu, a minha experiência, o que eu acho no meu caso. Ao perguntarem-me se o estado deve legislar nesse sentido, tenho as mais profundas reservas. Ler mais

A opção do PS – Um orçamento de classe, parado e com “propostas ridículas e insultuosas”

Vivemos anos terríveis da Troika. Privatizaram-se e destruíram-se serviços públicos. Atacaram-se os direitos de quem trabalha. O maior instrumento político foi o Orçamento do Estado que previu cortes imensos, orçamento após orçamento. Sendo assim, voltar a dotar o Estado da capacidade de assegurar melhores serviços públicos e condições de trabalho devia ser o objetivo principal de um qualquer Orçamento do Estado com pretensões a ser justo e de esquerda. Pois. Mas não é a opção do PS.

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A lixívia dá cabo das mãos, greve!

A lixívia dá cabo das mãos. Mas ela não gosta de luvas. Nunca se ajeitou. Foi para ali faz agora 27 anos, limpar o que os outros sujam, mas sempre é melhor que o barulho da fábrica. Trabalhar para o estado era coisa boa, diziam-lhe. Entrar às 6h da manhã nos invernos gelados custava, mas não era o barulho e o pó da fábrica. Tinha a ADSE e bem jeito lhe deu para arranjar os dentes, comprar óculos para ela e os filhos, está desconfiada que se não fosse isso andava pra aí como outras, sem dinheiro para os arranjar, raparigas novas com a boca desfeita, que isto mexe com a cabeça das pessoas. Uma vida inteira a trabalhar para o estado e sempre a ganhar uma miséria. Quase com a idade da reforma e nem 650€ leva para casa. E quem hoje entra ganha o mesmo, que é pouco para todos. Ler mais

O oásis

Pouco antes da chegada de Ventura ao Parlamento, não faltaram artigos, uns de opinião e outros de fundo, a falar de Portugal como um oásis no que respeita aos populismos representados nos parlamentos dos diversos países. Talvez tivesse sido interessante observar os períodos eleitorais de cada país e o como isso afetava a amostra. Obviamente, nem Portugal é um oásis, nem neofascistas são populistas, por um motivo simples: se fala como um fascista, se age como um fascista, se faz propostas fascistas, então, é um fascista. Começam aqui os equívocos. Ler mais

Paz social não é armistício, é rendição.

Passam setenta e cinco anos sobre a libertação dos prisioneiros do campo de concentração nazi de Auschwitz. Foi quando o Exército Vermelho, vitorioso e caminhando sobre o Ocidente pela Polónia abriu os portões de Auschwitz que os sete mil e quinhentos últimos sobreviventes viram que o seu futuro não seria o crematório. Não sem que antes mais de um milhão de prisioneiros ali terem sido assassinados das formas mais bárbaras pelo capitalismo nazista. Ler mais

Outra vez arroz?

Pá, eu queria dizer-te isto de mansinho, mas não dá. Não dá! Se tu olhas para uma mulher com a cara toda esmurrada e começas logo a procurar justificar aquilo que lhe aconteceu, desculpando quem lhe fez aquilo, és uma besta. Ler mais