Um comunista, ao contrário de um membro do PS, do PSD ou do CDS-PP, vive sob um código moral que não precisa de ser escrito nem dito, mas que todos esperam que cumpra. Um comunista não lixa o colega de trabalho, sente, por instinto, repulsa pelo luxo e faz da humildade uma bandeira verdadeira. De um comunista até os membros de outros partidos todos esperam generosidade, seriedade e verdade. Se alguém do PS se cruza com uma injustiça e vira a cara para não ver, está no seu direito, não era nada com ele. Se um comunista fizesse o mesmo, alguém no café diria «é muito comunista, é muito comunista, mas pode ver um gajo na merda e está-se a cagar». E diria bem. Porque ser comunista não é só ser membro de um partido e lutar por um mundo novo: é aceitar voluntariamente o dever formidável de ser o exemplo vivo, militante, pessoal, diário e tangível da superioridade desse ideal. É por isso que já ninguém se surpreende quando um ministro do PS vai trabalhar para uma empresa que privatizou mas nos chocaríamos se um militante comunista exigisse ser tratado por «doutor». Os comunistas julgam-se por critérios superiores.
PCP, depósito moral da política portuguesa
