Mas quando nos julgarem bem seguros,
Cercados de bastões e fortalezas,
Hão-de cair em estrondo os altos muros
E chegará o dia das surpresas.
José Saramago
Alguém já decidiu o resultado das próximas eleições por nós. E os ecos dessa decisão já estão por toda a parte. Nos jornais e televisões, nas redes sociais, nos comentadores e nas sondagens, nos próprios beneficiados que aproveitam a onda e embalam nela. Já se sabe que a maioria é esta ou aquela, que partido A vai coligar-se com B, que partido A governará sozinho, que partido B fará acordo ou não fará acordo, que o cenário será este ou aquele, que este vai ganhar e aquele vai perder, e tudo com a mais cristalina das certezas. Apesar de variarem os rostos, variarem partidos e coligações, maiorias ou minorias, há um «corredor» e um destino para o qual inevitavelmente já nos atiraram e do qual não vamos conseguir escapar.