Todos os artigos: Nacional

BE ataca Venezuela

«Não me custa nada condenar a falta de democracia na Venezuela.» afirmou, hoje, no JN, Mariana Mortágua, deputada do BE. Há uma semana, quando o PCP apresentou votos de solidariedade com os povos da Venezuela, Brasil e Colômbia, o deputado bloquista Paulino Ascenção afirmava que o seu partido rejeitava “qualquer abuso da força ao nível interno ou através de ingerência externa” e que condenava “qualquer limitação à liberdade de expressão e à livre determinação do povo da Venezuela”. Ou seja, o BE alimentava o peditório de que o governo venezuelano abusa da força e limita a liberdade de expressão.

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A ignorância de José Rodrigues dos Santos

Como é que é possível este ignorante dizer estas barbaridades!?

“Descobriu algo sobre o início dos totalitarismos que o tivesse surpreendido?

Uma das coisas que hoje não se sabe, mas que é verdadeiro, é que o fascismo é um movimento de origem marxista. Pouquíssima gente sabe isto. Em certos aspetos, é mais ortodoxamente marxista do que o comunismo. Por exemplo, a crença que os fascistas tinham de que não era possível haver revolução do proletariado sem capitalismo. Isto é marxismo ortodoxo. Marx disse: “Passa-se do feudalismo para o capitalismo e são as contradições do capitalismo que vão conduzir ao comunismo”. Portanto, sem capitalismo não há comunismo.” in Jornal i

Dei-me ao trabalho de fazer uma coisa que nem queria: traduzir Mussolini e Gentile para Português. Aqui fica a minha tradução do “Doutrina do Fascismo”, Mussolini 1932:

“Rejeição do Marxismo

Tal concepção de vida [espiritual e anti-pacifista], faz do Fascismo a resoluta negação da doutrina do chamado socialismo científico e Marxiano, da doutrina do materialismo histórico que explica a história da humanidade nos termos da luta de classes e por alterações nos processos e nos meios de produção, excluindo tudo o resto.

As vicissitudes da vida económica – descoberta de matérias-primas, novas técnicas, e invenções científicas – têm a sua importância, ninguém o nega; mas que são suficientes para explicar a história humana ao ponto de excluir os outros factores é absurdo. O Fascismo acredita agora e sempre na santidade e no heroísmo, que é o mesmo que dizer que há actos em que nenhum interesse económico – remoto ou imediato – se afirma. Tendo negado o materialismo histórico, que vê nos homens meras marionetas na superfície da história, que aparecem e desaparecem na espuma das ondas, subordinados às verdadeiras forças, o Fascismo também nega o carácter imutável e irreparável da luta de classes que resulta dessa visão da história; acima de tudo, o Fascismo nega que a luta de classes seja um agente preponderante nas transformações sociais.”

O discurso “pós-político” da direita

Desde que foi apeada do poder, onde se propunha continuar a infernizar a vida aos portugueses que vivem do seu trabalho (ou que sobrevivem por não ter trabalho), a direita tem-se servido do argumento da politização da política para atacar aspectos particulares da acção do actual governo, em especial aqueles que têm sido concretizados com o voto favorável dos partidos à esquerda do PS. Não se trata de coisa nova: basta recordar a célebre tirada de Victor Gaspar na AR, quando em resposta a uma deputada fez questão de recordar que, apesar de ser o mais influente membro do governo de Pedro Passos Coelho, não havia sido eleito “coisíssima nenhuma”.

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Será o glifosato uma questão fraturante?

Ontem, na Assembleia da República – com os votos favoráveis do PS, BE, PEV e PAN e votos contra do PSD, CDS-PP e PCP  foi chumbada uma proposta do Bloco de Esquerda que pretendia proibir «a aplicação de produtos contendo glifosato em zonas urbanas, zonas de lazer e vias de comunicação». O BE classificou o voto do PCP como uma acto sectário (ver texto de Nelson Peralta), alegando que o PCP alterou a sua posição, tendo apenas votado contra por se tratar de uma proposta do Bloco. A comunicação social prestou-se à charanga com títulos como «Estalou o verniz entre BE e PCP?» (Jornal i) e «Glifosato divide PCP e BE» (TSF).Para uma leitura mais sóbria da situação há que separar questões distintas, umas políticas (quais as posições do BE e PCP sobre o glifosato?; qual a natureza da proposta do BE?; como justificou o PCP o seu voto?) e outras científicas (o que é o glifosato?; que evidências existem que faça mal à saúde?).

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Os da fila de trás

Quando eu era miúda e se juntava a tropa toda que não gostava do «Ramiro» porque era «repetente» (sim, estou a citar o Bruno Aleixo), era fácil para a maioria dos miúdos rir e gozar sem querer saber o porquê.

A minha turma tinha essencialmente filhos de operários de fábricas de calçado e cortiça. Sabíamos sempre quem eram os corticeiros porque normalmente faltavam-lhes dedos. Alguns eram filhos de médicos, advogados e professores (cerca de 7%), e uns poucos (ainda menos) de trabalhadores dos serviços (comércio, etc). A professora gostava que os 7% se sentassem sempre na fila da frente. Seguiam-se-lhes os dos serviços, e, por ordem, os do calçado e depois os da cortiça – eram os mais pobres.

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Erro de paralaxe

O erro de paralaxe é o erro que corresponde à aparente variação de posição de um determinado objecto em função da posição do observador. Na política, todos somos afectados por esse erro. Cada um de nós, combatendo ou não esse efeito, interpreta o mundo e os fenómenos políticos em função da perspectiva, do posicionamento político, da posição de classe social que integra ou com que se identifica. Mesmo podendo separar os campos de interpretação em duas grandes áreas de perspectiva: a idealista e a materialista, dentro de cada uma dessas áreas, cabem interpretações várias de um mesmo fenómeno.

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Liberdade editorial versus liberdade de expressão

“Mas não é por acaso que se vê, de cada vez que se avançam perspectivas para uma beneficiação e elevação dos programas televisivos, que os remédios válidos mostram ser sempre e só remédios de ordem política; só a ideologização do meio técnico pode mudar o seu cunho e a sua direcção. Mas a ideologização não significa “partidarização”; significa apenas imprimir na administração do meio uma visão democrática do país; bastaria dizer: usar o meio no espírito da Constituição e à luz da inteligência. Todos os casos em que a nossa televisão tem dado boa prova de si, no fundo, não foram mais do que deduções correctas deste teorema.” (Umberto Eco em Apocalípticos e Integrados, 1964).
Foi esta semana conhecido o Barómetro de Comentário Político Televisivo Maio 2016, um trabalho do Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE-IUL. E vale a pena a sua leitura e análise.

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