Todos os artigos: Nacional

“Negação”, ou o Expresso “a fazer (a) opinião” que mais lhe interessa.

Sobre o que se passou antes e durante o dia 4 de Outubro já aqui escrevemos abundantemente. O que agora se coloca é perspectivar o futuro, tendo em conta aquilo que sempre afirmámos como o fundamental: a composição da nova Assembleia da República.

Nesse futuro em construção o Expresso quer ter um papel tão activo como aquele que desempenhou durante os meses anteriores à campanha eleitoral. Como? Criando por exemplo a ideia de que a CDU saiu derrotada das eleições. Sobre a avaliação dos resultados eleitorais de ontem, o Expresso escreveu que por exemplo que a CDU se encontrava “em negação” por afirmar o óbvio: a direita perdeu uma enormidade de votos (bem mais de meio milhão) e a sua maioria absoluta (a festa do Marquês foi-se juntamente com ela); pelo contrário, a CDU subiu em votos, em percentagem e em mandatos. Onde pára a “negação” a que se referia o Expresso às 21h36 de ontem?

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Não é propaganda, é literatura, estúpido

Esta história é verdadeira, mas eu preferia que não fosse. Aconteceu esta manhã no trabalho, mas eu preferia ter ficado na cama. Já estão a ver, pela feição de pôr a história breve ou pela melancolia sáfara com que já me quis esquivar, que isto não pode ser propaganda. A propaganda é sempre optimista, mas às vezes o coração não deixa e precisamos da literatura. Olhem, senhores da CNE, se duvidas restarem, a protagonista nem sequer é comunista, mas eu suspeito que é só porque não sabe que o é.

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CDU, naturalmente.

Domingo há eleições. As eleições não são nem o início nem o fim da democracia. Mas são um instrumento importante ao serviço das populações. No domingo, independentemente de todos os condicionalismos e manipulações, cada pessoa tem direito ao mesmíssimo número de votos: um. É precisamente essa condição de igualdade que torna os momentos eleitorais oportunidades para se fazerem rupturas com políticas comprovadamente ineficazes para a maioria, ainda que extraordinariamente proveitosas para uma minoria.

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PàF, PuM e Costa, o rei sol

Da figura sisuda e altiva, de homem que parece vestir a pele da cega e, digo eu para este contexto, insensível justiça, do paternalista que dizia ao povo, a quem por determinação constitucional deveria caber o poder político, entre breves e poupados sorrisos, para não ser piegas, ou que, secundado por membros do seu governo, falava de emigração como vantagem competitiva ou de desemprego como oportunidade, da pessoa que chegou a afirmar, quase sem pestanejar, “Que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal”, como se lhe coubesse a ele ditar os interesses de Portugal e aos que elegem coisa nenhuma, já pouco resta. Passos Coelho agora já não oferece enxadas a quem o desafia, ouve e diz “pois, pois” aparentando interesse, olha para o recibo da pensão de um homem e até simula espanto, fala de regras fiscais que determinam cortes como se não tivesse sido seu autor, abranda caminhadas e pára para ouvir as “pieguices” das pessoas anteriormente julgadas como incapazes para decidir o que convinha ao país, não encolhe os ombros, não vá a populaça achar que ele é o verdugo que os castiga e ignora, e até, causando assombro nas massas, dobra-se para beijar velhinhas num lar, exibe um crucifixo, do qual diz não se conseguir separar, e afirma que tem fé nas pessoas. Uma fé súbita que até suscitou do seu correligionário e antigo apoiante, Ângelo Correia, a piadola “nunca é tarde para se converter”.

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Isabel Moreira, a ambidestra

A tradicional descida da Avenida Morais Soares não foi tradicional . Foi uma avalanche história sem memória igual . Foi rua que parecia um país inteiro . Em cada janela uma pessoa a participar com o rosto e com os braços. Tropeçar, ali, foi tropeçar na emoção que não tinha espaço para tantos pés , até ter de ter, porque a rua fez- se país inteiro . Rumo à mudança . Sem um voto desperdiçado . Homens e mulheres de esquerda, votem em quem pode expulsar a direita . No dia 4, votar PCP ou votar BE, é votar na coligação de direita . Não é nem patriótico, nem de esquerda .

Esta foi já a segunda tentativa de Isabel Moreira. O primeiro post da sua página de facebook foi eliminado, assim como foram eliminadas centenas de comentários e bloqueados os respectivos autores, eu incluída. O primeiro post falava de uma «escolha radical» no dia 4 de Outubro. E dizia que «votar PCP ou votar BE é votar na direita».

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Leva a Luta até ao Voto: Rescaldo de 2015

Aproximam-se as eleições legislativas para eleger os 230 deputados da Assembleia da República. Pareceu-me um momento oportuno para recordar as lutas de trabalhadores realizadas em 2015 até à data, às quais haveria que juntar outras tantas lutas, como as dos utentes, das populações locais, os estudantes, lesados do BES, em defesa dos serviços públicos e contra as privatizações, pela Água Pública, em Defesa da Cultura, etc., todas reflectindo um protesto generalizado contra as políticas de direita, contra a vaga de austeridade ordenada pela Troika e praticada pelo Governo, e exigindo e propondo alternativas.

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isto continua assim…

Aqui está uma boa imagem do que tem sido esta campanha eleitoral no sistema mediático. Quarta-feira antes do Domingo eleitoral, a SicNotícias entendeu fazer um debate convidando apenas representantes de PSD, PS, CDS e BE. Claro, mais uma vez um representante da CDU ou alguém desta área política ficou de fora.

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“Útil é não nos deixarmos enganar pela enésima vez” por Joana Manuel

No meio cultural e artístico há uma esperançazinha transversal de que, mesmo que não ganhe a alternativa mas apenas a alternância, ou seja, se tivermos um governo PS depois das eleições legislativas do próximo domingo, regresse no meio do nevoeiro essa saudosa entidade que levava por nome “Ministério da Cultura”.

Como todos sabemos, a Cultura foi um dos primeiros sectores a ver os seus ramos serem podados às cegas, numa lógica perfeitamente antidemocrática que se pode resumir numa citação directa do anterior secretário de Estado, Francisco José Viegas — o qual teve a sensatez de ficar doente a meio da legislatura e assim retirar com pés de lã o seu nome e o seu rosto das políticas inenarráveis que têm sido aplicadas nos últimos anos. E dizia o anterior secretário de Estado em reunião com uma estrutura artística no início da legislatura que agora termina: “mas que parte de ‘não há dinheiro’ é que não entendem?”.

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