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M: Materialismo e idealismo

M: Materialismo e idealismo

O idealismo é o processo de pensamento assente no primado das ideias sobre a natureza. Ao contrário dos materialistas, que vêem na natureza a base sem a qual as ideias não existem (não há ideias sem cérebro, não há cérebro sem células, não há células sem átomos, não há átomos sem matéria), os idealistas garantem que a verdade não existe a não ser dentro dos nossos cérebros pelo que as abstracções só se podem entender em função de outras abstracções. É desta forma que os idealistas desligam a verdade da realidade social, histórica e económica, recorrendo ao espírito, à moral e aos impulsos para explicar o mundo. Os materialistas, em sentido inverso, procuram na natureza, nas relações económicas e no contexto social a explicação para a cultura, para a religião e para a ideologia.

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L: lugar de fala

L: lugar de fala

O conceito de lugar de fala parte de duas premissas correctas para chegar a uma conclusão errada. Por um lado, é necessário e desejável que os actores sociais se representem a si mesmos: é claro que devem ser as mulheres a encabeçar as suas próprias lutas; ninguém duvida de que não há ninguém melhor que um operário para falar sobre a luta dos operários e é óbvio que os homossexuais não precisam que os heterossexuais sejam os porta-vozes das suas reivindicações. Por outro lado, também é certo que a sociedade de classes atribui às “verdades” de diferentes actores sociais valores distintos.

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K: Kim Jong-Un

K: Kim Jong-Un

A Coreia do Norte é tão inevitável numa entrevista a um comunista como o sol é na  madrugada. Afinal, se esse regime é comunista, importa saber se os comunistas portugueses se revêem nele, certo? Errado. Isso seria o mesmo que perguntar a António Costa se se identifica com qualquer outro regime capitalista do globo, como Myanmar, a Arábia Saudita ou a Colômbia.

Quem quer construir o socialismo em Portugal responde sobre a Coreia do Norte o mesmo que, quem constrói o capitalismo em Portugal responderia sobre outros Estados capitalistas do mundo: somos diferentes, mas não nos imiscuimos nos assuntos internos de outros povos.

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J: judeu

J: judeu

Um judeu é alguém que tem no judaísmo a sua religião. Em torno do judaísmo, como em torno de todas as religiões, gerou-se uma cultura riquíssima que merece ser celebrada e preservada. Ainda assim, o “povo judeu”, enquanto entidade étnico-nacional com uma história e uma cultura vinculada a um lugar, é uma invenção nacionalista do século XIX baseada no mito de um exílio forçado. Como o historiador israelita Shlomo Sand demonstrou no livro “Como o Povo Judeu foi Inventado”, o judaísmo já foi uma religião proselitista que se espalhou entre povos tão diferentes e longínquos como berberes, himiaritas e cázaros. A ideia de um “povo judeu” uno e minimamente coeso só é possível negando as diferenças (veja-se como Israel trata os judeus etíopes) e aceitando como realidade histórica a chamada “diáspora judaica”: uma lenda moderna sobre um retorno à “idade dourada” tão bem alicerçada em fontes primárias como a existência do povo ariano.

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I: interseccionalidade

I: interseccionalidade

Interseccionalidade é a teoria idealista segundo a qual a expressão social do sujeito resulta do cruzamento, nele, de um conjunto de vectores de privilégio e opressão. É errada por considerar que a expressão social do indivíduo se resume ao somatório das características que a sociedade lê nele e por não compreender que um constructo social só adquire materialidade quando projectada sobre algo com natureza material, i.e., a ideia de negritude só se torna um vector de opressão quando projectada sobre o proletário negro.

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H: holodomor

H: holodomor

A ideia do genocídio do povo ucraniano através de uma grande fome provocada intencionalmente pela URSS nasceu como uma peça de propaganda nazi, cresceu para ser um dogma da direita neoliberal e envelheceu para não ser mais que uma piada de historiadores.

A fraude do holodomor aceita acriticamente as fontes recolhidas pelas máquinas de propaganda de Goebbels, Innitzer e Hearst sobre o «o terror do judeu comunista» e ignora toda a produção historiográfica que aponta num sentido contrário. A título de exemplo, os crentes do Holodomor recusam-se a comentar a extensa evidência científica sobre as causas naturais e económicas da fome que, em 32 e 33, devastou não só a Ucrânia como também a Rússia.

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G: género

G: género

O género é o conjunto das expectativas sociais que os sistemas de exploração dominantes em cada momento histórico atribuem ao sexo em função das suas necessidades políticas e económicas, transformadas em normas psicossociais sobre como se deve comportar e expressar, respectivamente, uma mulher ou um homem. Historicamente, essas expectativas constroem-se como cofragens de identidades e de expressões performativas de grande profundidade cultural e que, consciente ou inconscientemente, em maior ou menor grau, todos reproduzimos.

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E: empregador

E: empregador

Ao substituir “patrão” por “empregador”, o capital pretende mais do que esconder o conflito entre as classes e diluir a carga histórica e política das palavras: o principal propósito aqui é mostrar a exploração como uma inevitabilidade económica. “Se os empregadores não criassem empregos, não havia trabalhadores” é a conclusão a que chega quem aceitar este termo.

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