Quem é Duarte Marques – Da vírgula ao ponto final

No princípio era a vírgula, e a vírgula estava mal posta. Depois, Duarte Marques criou o erro ortográfico, a parolice e a incultura e o PSD escolheu-o para a Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República. Sobre a educação, ciência e cultura de Duarte Marques já tudo foi dito: no Público chamaram-lhe analfabeto, no Inflexão corrigiram-lhe os erros, no Malomil encostaram-no à parede, no Aventar deram-lhe dois pares de tabefes e até o Corporações achou por bem chamar-lhe “bronco”.

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Um conto de natal

Uma vez, aterrei num país em que o natal era todos os dias. Ao contrário de Lisboa, não havia sem-abrigo debaixo dos enfeites. Nem por cima, nem em lado nenhum. Procurei-os por todas as partes e expliquei aos que por mim passavam que do outro lado do mar, onde vivo, os mendigos cumprem uma função espiritual de primeira ordem. São o oxigénio da caridade. Sem eles, não se podem encher páginas de jornais com louvores à singular generosidade dos ilustres que tendo dinheiro subtraem parte do sofrimento humano para saldar as suas dívidas de luxuria e ganância.

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Vera e Carla amam os seus filhos. Mesmo.

Vera

Vera dorme agora no centro da cama. O rádio desperta-a sempre numa estação em que as notícias quase não existam, não gosta de acordar com o que a rodeia. São oito da manhã, espreguiça-se, tenta abrir os olhos mas cala o rádio. Mais dez minutos.
Já de banho tomado e de vestido novo, maquilha-se frente ao espelho, tudo menos o baton, que só porá depois de comer os cereais de fibra, as torradas com manteiga light e tomate e um sumo de laranja natural.

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2014

Palestina. Imigrantes africanos mortos. Demissão de Miguel Macedo. Inconseguimento. Lei da mordaça no Estado Espanhol. Cortes salariais. Declarações de inconstitucionalidade. Milhares de pessoas sem complemento solidário para idosos, rendimento social de inserção, abono de família, subsídio de desemprego. 40 horas para a Administração Pública. Lutas gerais e sectoriais todos os meses. Privatização da TAP. Privatização da Carris. Privatização do Metropolitano de Lisboa.

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‘TAP’ar o sol com cinismo

É de um cinismo atroz e insultuoso. O ministro Pires de Lima acaba de anunciar a requisição civil invocando o facto de a TAP prestar “serviços essenciais de interesse público” e fundamentais para o “funcionamento de sectores vitais da economia nacional.” Ao mesmo tempo que, no âmbito desta requisição civil, o governo se apresta a reconhecer a importância da TAP para o nosso país, prepara-se igualmente e com afinco para vendê-la o mais depressa possível ao grande capital estrangeiro.

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Que idade tem a tua fome?

“Um tostãozinho para a cascatinha!, Um tostãozinho para a cascatinha!” Era assim que, quando era miúdo, por duas ou três vezes – não mais – ali na Rua Óscar da Silva, em Leça da Palmeira, eu e os meus vizinhos abordávamos as pessoas que passavam, com um santo qualquer comprado à pressa no Senhor de Matosinhos. Não era empreendedorismo infantil, era só mesmo para ganharmos uma moedas, que serviriam para trocar por chicletes Gorila na loja da Ana Maria. A cascata nem era elaborada. Era um cartão pousado no passeio junto à entrada da ilha, umas ervas para enfeitar, se calhar, que íamos buscar ao quintal do Guarda Fiscal. Fazia-mo-lo pelo doce. As chicletes eram mesmo boas. Duravam pouco mas dava para nos alegrar os dias.

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“Quem em Portugal não confiava no Dr. Ricardo Salgado?”

Vale o que vale, que é muito pouco, mas é revelador de como a comunicação não hesita em inventar e mentir para criar uma imagem de encomenda.

Em determinado momento da reunião da Comissão de Inquérito do BES de ontem à tarde, com José Manuel Espírito Santo, o Deputado do PSD Carlos Abreu Amorim pergunta-lhe se está arrependido de ter confiado em Ricardo Salgado e o banqueiro responde que “(…) quem é que em Portugal não confiava no Dr. Ricardo Salgado?”.

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Mais uma «guinada à esquerda»

No espaço de poucos dias, António Costa já deu a entender por duas vezes com quem e para quem é que o PS quer de facto governar. Depois de ter saído com um “ar encantado” da reunião com Passos Coelho apelando à urgência de uma coligação pós-eleitoral com o PSD, desta vez António Costa decide dar como “grande exemplo” histórico a coligação PS-PSD que (des)governou o país entre 1983 e 1985. António Costa demonstra assim ter mais orgulho e consideração pelo governo de coligação com o PSD, do que, por exemplo, pelo primeiro governo de José Sócrates no qual o PS teve maioria absoluta. Compreende-se que António Costa queira por agora afastar-se de Sócrates, mas era pouco expectável que o fizesse de forma tão vexatória.

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