Crónica de uma pergunta anunciada

Há coisas inevitáveis. Perguntas, sempre as mesmas perguntas, não o são. E não há uma greve em que nos media não saia a questão, sob diversas formas, como se fosse a fundamental: “Em que medida é que esta greve o prejudica?”.

A outra questão crónica é perguntar se “concorda com os motivos da greve”, em lugar de procurar saber, primeiro, se sabe quais os motivos da greve, mesmo antes de concordar ou discordar com ela.

Na TSF, hoje, ouvi a melhor resposta à pergunta da praxe – desculpem não falar sobre o não-assunto do momento. “A greve não me causa transtorno, causa-me transtorno ter de emigrar”, respondeu uma jovem. “Vou aproveitar as duas horas de atraso para estar com a família”.

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É cada vez mais intenso o cheiro a naftalina

Nos anos 80 e 90 havia em Portugal um desodorizante que se chamava Impulse. Aquilo tinha um cheiro enjoativo e o produto só terá tido um êxito estrondoso graças aos impactantes anúncios que passavam na televisão, e que ainda hoje ocupam a memória de uma boa parte dos portugueses com mais de 30 anos. Nas várias versões do anúncio via-se uma mulher, que se borrifava profusamente com Impulse – e profusamente não é um exagero: a mulher aspergia-se desde os joelhos até ao queixo (cada embalagem devia dar, no máximo, para uma semana, naquela época ainda ninguém sabia que os aerossóis são inimigos do ambiente). Ela saía então para a rua e causava grandes “estragos”. Aparecia-lhe subitamente um homem que lhe oferecia um ramo de flores. Então ouvia-se: “E se um desconhecido lhe oferecer flores… isso é impulse! … Impulse, só não a protege de um grande amor”. Mas os anos passaram e as portuguesas, vendo que nenhum estranho lhes oferecia flores, desistiram de cheirar a xeltox perfumado e mandaram o impulse à fava. Uma pesquisa rápida mostra que ele ainda existe e anda pela Argentina a enganar as mulheres.

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Alerta Anti-Fascista.

A emergência, de tempos a tempos, de organizações políticas e paramilitares da extrema-direita (fascistas, nazis e outras expressões do ódio e da violência de classe organizada) não se faz à margem do sistema, perante a surpresa ou fora do âmbito de acção e influência dos poderes que imperam na actual conjuntura.

Pelo contrário: a extrema-direita emerge como e quando o fenómeno interessa, quando se reveste de utilidade concreta, à burguesia e aos mecanismos de dominação, opressão e controlo que foi desenvolvendo e estuturando. Chamem-se “mercados”, União Europeia ou outra coisa qualquer.

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As cores da CIA, as cores do império… a farsa mal disfarçada.

Um olhar atento sobre o que se está a passar na Ucrânia permite perceber facilmente a enorme diferença entre os primeiros protestos(ou a forma como estes foram noticiados) e a realidade presente nas declarações e imagens que nos chegam por estes dias. Se ao início os protestantes(ou a sua direcção política) eram “pro-UE”, “pacíficos” ou mesmo até “defensores dos direitos humanos”, claramente hoje já não disfarçam o seu cariz abertamente violento e fascista. O discurso pro-UE foi-se substituindo por uma narrativa e uma acção que corresponde a este cariz.

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Este texto não é sobre praxes

Poderia dizer-se muito sobre as praxes, mas na verdade não me interessa entrar na histeria colectiva que enreda muita gente cada vez que acontece alguma coisa mais grave. Na verdade, não podia ser mais indiferente ao conceito de praxe por um simples motivo: há uma coisa que se chama livre arbítrio.

Do que fui lendo e ouvindo sobre o Meco, essa novela apaixonante em que se vão descobrindo novos detalhes a cada dia que passa, só lhe encontro semelhanças com episódios do CSI ou de uma série portuguesa, da SIC, que surgiu para combater os Morangos com Açúcar, evidentemente sem sucesso.

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Não esquecer jamais.

27 de Janeiro é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A escolha da data tem uma razão específica: foi a 27 de Janeiro de 1945 que o Exército Vermelho libertou o complexo de Auschwitz, incluindo o seu campo de concentração e extermínio.

Todos os dias são dias de memória. Em todos eles devemos estar alerta e atentos ao risco da emergência do fascismo, nas suas várias expressões terroristas e violentas. Seja como for, pelo simbolismo e importância histórica, é justo e necessário marcar o 27 de Janeiro, todos os anos.

Fascismo nunca mais.