A verdade é uma coisa qualquer

A verdade é uma coisa qualquer.

Só assim se entende que a actual narrativa anticomunista se construa e levante não assente em factos, mas antes se molde à conveniência e a um propósito último.

Não valeu de nada uma única palavra dita pelos comunistas portugueses, que afirmaram, “Putin age com tiques czaristas, a paz é o caminho, que se cesse de imediato a intervenção militar russa”, o que se escreveu e se leu foi, “PCP não condena Putin, nem a guerra”.

Não valeu a posição histórica do PCP em todos os cenários de conflitos internacionais, onde em todos, sem excepção, se apelou à paz e à diplomacia, ao contrário de outros.

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Como foi criado o regime da Ucrânia

Há uma discussão permanente sobre se aquilo que aconteceu em Kiev em 2014 foi uma revolução ou um golpe apoiado pelos Estados Unidos e União Europeia. Nesse sentido, é útil regressar ao passado e esmiuçar alguns factos que levaram à conformação do actual regime ucraniano.

Comecemos lembrando que, durante a chamada Revolução Laranja, em 2004/2005, na Ucrânia, segundo o The Guardian, os partidos Democrata e Republicano, o National Democratic Institute, o Departamento de Estado, a USAid, a ONG Freedom House e o Open Society Institute gastaram cerca de 14 milhões de dólares a patrocinar essa tentativa de empurrar o país para a esfera ocidental. A estratégia foi bem sucedida. Viktor Yushchenko, candidato pró-Ocidente, ganhou as eleições presidenciais.

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Os esquecidos de Donbass

Em 2018, estive em Donetsk e Lugansk. Visitei orfanatos, hospitais, escolas e fábricas. Falei com mineiros, autarcas, reformados, crianças, professores, empresários e sindicalistas. Assisti às lágrimas de mulheres enlutadas e ouvi disparos de artilharia sobre zonas civis.

Choca-me que nunca ninguém tenha querido saber desta gente, desde jornalistas a governos, e de repente tenham descoberto que há um Acordo de Minsk porque a Rússia deixou de o reconhecer, quando a Ucrânia o violava diariamente desde o momento em que foi assinado. Esse acordo previa, no ponto 3, a descentralização administrativa da Ucrânia com um regime de governação local em Donetsk e Lugansk.

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X: xpat

X: xpat

Xpat, ou expatriado, designa uma pessoa “com sucesso” proveniente de um país dito “desenvolvido” que, muito glamorosamente, vai experienciar a vida que tinha noutro país. Por ser rica e não gostar de ser confundida com trabalhadores pobres e não-brancos, essa pessoa não gosta de se assumir como “imigrante”, pelo que se auto-intitula expatriada.
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Herói da classe trabalhadora

O campeão das fugas prisionais partiu no dia anual de homenagem aos partizans jugoslavos. Filho de um anarco-sindicalista, ganhou consciência política muito jovem. Um dos muitos homens que nunca tiveram direito a ser meninos dormia numa banheira com palha num estaleiro da construção no Barreiro. Tinha 14 anos quando aderiu ao PCP e 15 quando a PIDE o espancou pela primeira vez. Foi operário no Arsenal da Marinha. Fugiu três vezes da prisão: duas de Peniche e uma de Caxias. Levava o pseudónimo de Freitas e conduziu a operação de fuga de Agostinho Neto e Vasco Cabral de Portugal rumo a Tânger. Foi um dos responsáveis pela Acção Revolucionária Armada, estrutura do PCP para fazer frente ao fascismo e ao colonialismo português em território nacional com operações contra a NATO e infraestruturas e equipamentos militares. Foi deputado depois da revolução e tinha a idade do PCP.

Cem anos e mais um da existência de um revolucionário de corpo inteiro. Uma fortaleza humana que se confunde com a história do movimento operário no nosso país e com a história do único partido que sobreviveu, resistiu e venceu o fascismo. Mulheres e homens como Jaime Serra são o combustível da revolução. Da que foi e da que virá. Aquela que se constrói na luta de todos os dias.

Até sempre, camarada.

W: Wuhan

W: Wuhan

Wuhan: o nome da cidade chinesa ficou inscrito na certidão de nascimento da COVID-19, uma certidão emitida pelo imperialismo ocidental e carimbada com o selo do racismo sinofóbico. O mito do “vírus chinês” cunhado por Trump é uma reedição do “perigo amarelo” do século XIX: mais uma vez, o chinês é apresentado como uma ameaça existencial ao mundo civilizado. Quer seja por comerem morcegos (nós comemos caracóis e tripas), quer seja pelo “regime totalitário” que confinou milhões de pessoas (mais tarde nós fizemos o mesmo), a China, qual judeu internacional, é o bode expiatório da pandemia global.

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