“A invenção da ratoeira não é dos nossos dias, desde que as sociedades em formação inventaram alguma espécie de polícia, a polícia inventou as ratoeiras”
Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros
Nunca um português chegou tão longe
Quando visitávamos a aldeia da minha mãe, em Trás-os-Montes, o meu tio fazia sempre questão de apontar quem era o senhor que era pai do doutor, fosse o doutor juiz, médico, enfermeiro, professor, engenheiro, arquitecto, advogado ou outra coisa qualquer. Era o retrato de um país ainda com o fascismo cravado na mente, das aparências, da subalternização, mesmo quando já estávamos no final da década de 80 e a entrar nos anos 90. Era aquela reverência saloia que permanecia numa zona do país onde a electricidade ainda só chegava ao centro da aldeia. Os restos de um país com as contas em dia, porque naquele tempo é que era bom.
Um presidente poupadinho e beijoqueiro

«Marcelo abdica de carro de 150 mil euros. Marcelo paga viagem do seu bolso. Marcelo jejua para poupar. Marcelo foi a França a pé. Marcelo vai ao Brasil a nado. Marcelo compra iogurtes no Lidl em final de prazo de validade. Marcelo desliga televisão na tomada para não gastar em stand-by. Marcelo promulga leis no papel que embrulhou o bacalhau. Marcelo só descarrega o autoclismo uma vez. Por semana. Marcelo desliga o carro nas descidas. Marcelo usa chinelos dos chineses. Marcelo não lava as cuecas todas as semanas. Marcelo vira-as do avesso.»
A Europa será dos trabalhadores. Ou não será.
Discuto todos os dias comigo mesmo. A avalanche de informação contrária às minhas ideias é tão avassaladora que me faz reflectir uma e outra vez se não estarei errado. Tenho de provar a cada minuto que as minhas convicções não são um capricho desligado da realidade. Há um século, Lénine proclamava que a prática é o critério da verdade e nunca deixei de usá-la para medir a distância entre o que penso e o que existe. Ainda antes do génio da revolução bolchevique e antes da própria Comuna de Paris, os representantes políticos da esquerda francesa olhavam com desconfiança para os primeiros operários que tentavam candidatar-se. Advogados, médicos e escritores entendiam que sabiam melhor das reivindicações do que operariado e que não fazia qualquer sentido sentarem-se na mais importante câmara da política francesa. Hoje, como desde então, o preconceito persiste.
Exaustão médica: Realpolitik VS. A Puta da Realidade
Quando vamos ao médico queremos ser atendidos bem, rapidamente e de preferência sair de lá curados. Calculo que todos os profissionais que nos atendem no SNS e no privado desejem o mesmo, Hipócrates assim obriga. Certamente que, como em todas as profissões, haverá melhores e piores profissionais, é o que é, não há grande volta a dar. Mas no caso dos médicos e médicas, quando há um erro é grave, é mais grave do que em quase todas as outras profissões. E não são poucas as notícias que nos chegam de possíveis negligências médicas ou de consultas que demoraram meses a acontecer e depois foram despachadas em minutos.
Oportunismo e mentira – a social democracia que lidera o Bloco de Esquerda

Foram muitos os anos em que, por respeito institucional, político e atendendo à enorme ofensiva em curso contra os trabalhadores, nada se dizia contra o Bloco de Esquerda e as suas dezenas de pulhices.
Um onze inicial de classe redobrada

Além de um entretenimento de massas, que por esta altura ganha contornos absolutamente desproporcionados e muito saturantes, o futebol pode ser também um meio de expressão, de luta e protesto. Assim e aproveitando a época, hoje apresenta-se um onze, de jogadores de futebol, de notoriedade diversa, com mais ou menos razão, de vários pontos do mundo, que em certa altura das suas carreiras decidiram fazer mais do que apenas jogar futebol.
Público vs Privado
