Voto nela porque é mulher

Este post é feito propositadamente após as eleições por não ser dirigido especificamente a qualquer das candidatas, mas antes a quem decidiu o seu voto em função do sexo do candidato. Ouvi várias vezes (mais frequentemente em relação a Maria de Belém) «voto nela porque é mulher» ou «vou votar nela porque é mulher». Afirmação que de imediato me eriça a pele.

O facto de ser mulher determina em quê o seu projecto político ou o programa presidencial?

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A marrar contra as paredes

Desenho retirado da reportagem gráfica do blogue,Carbono e Outros

“Aleksei: “É o fim da propriedade privada: vai ser maravilhoso!” Pobres de nós, os bandalhos de terceira! Já que estamos privados do único bem terrestre – a propriedade –, então dá jeito cantarem-nos essas cantigas. Mas mesmo em sonhos continuamos aferrados ao que é nosso: “a minha trouxa, as minhas peúgas, a minha Maria”! O “meu”, que lá nisso nós somos iguaizinhos aos animais. Estás a ver, vocês andam a fazer propaganda a animais! Querer mudar os homens é como marrar contra uma parede: estão à espera de enganar quem?

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Dez candidatos e uma certeza

Fotografia: Inês Seixas

Se as eleições de domingo são recordistas em número de candidatos, o fenómeno não se deverá à multiplicação das ideias mas à clonagem das caras. Repare: sabe quais são as diferenças políticas entre, por exemplo, Henrique Neto e Cândido Ferreira? Não se trata apenas de serem ambos milionários chateados com o PS que deixaram de gostar dos «partidos». Até ao debate a nove, nunca tinham sido vistos no mesmo espaço físico e havia quem defendesse que eram a mesma pessoa.

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O foguetório do Bloco de Esquerda e o perigo da vaidade

Quando falamos de precariedade e iniciativas legislativas, não consigo deixar de visualizar uma imagem de alguém (muito concreto a quem já ouvi declarações destas) de bicos de pés a gritar contra os sindicatos e a dizer que tem a solução para acabar com a precariedade.

Mas a verdade é que o atrevimento quando se percebe muito pouco e se quer, essencialmente, fazer uma grande festa em torno de uma questão, sem necessariamente criar mecanismos de resolução, não só é ridículo como é perigoso. É de tal forma perigoso, que nesta matéria da precariedade, podemos mesmo, sem problemas nenhuns, atribuir ao Bloco de Esquerda a consagração em lei da regulamentação fofinha do trabalho temporário (leiam bem o projecto), aliando esta sua iniciativa a iniciativas de regulamentação do trabalho temporário apresentadas por CDS-PP e PS. Não satisfeitos, ainda deram a mão ao Código do Trabalho que passou a incluir o trabalho temporário como legal e aceitável e tentaram pô-lo mais bonito.

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Recuperar as 35 horas, uma luta de todos.

A imposição das 40 horas semanais de trabalho aos trabalhadores das administrações central e local foi uma das mais violentas agressões do governo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas. Esta decisão, sob a orientação do FMI e da União Europeia e correspondendo aos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, representou um dos mais graves retrocessos para os direitos de quem trabalha na função pública. Na prática, quem trabalha para o Estado, passou a exercer a sua profissão de forma gratuita durante cinco horas por semana, o que corresponde a 20 horas por mês. Ou seja, mais de um mês de trabalho que em cada ano o Estado deixou de pagar.

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Titanic Amarelo

Todos sabemos a razão pela qual a UGT foi criada. Todos sabemos qual o papel histórico desta auto-proclamada “central sindical” no processo contra-revolucionário. Sabemos que espectro político e financeiro a alimentou, sabemos a quem ela serviu e quem dela tirou vantagem. Também sabemos que durante anos teve um líder que garantiu e assegurou, mesmo no meio de algumas e abafadas dissonâncias internas, a sua fidelidade à causa do patronato, disfarçada sob o nome de “sindicalismo” ou de “sindicatos”. Não foi por acaso que, nos últimos anos, a UGT recebeu elogios vindos directa e abertamente de PSD e CDS, de Passos e Portas, numa conjuntura em que se verificou a mais grave ofensiva contra trabalhadores desde o 25 de Abril. Tais elogios da direita e da extrema-direita, que seriam e são um vitupério para qualquer trabalhador consciente da realidade, foram, para a UGT, um prémio e um reconhecimento absolutamente justo. A política da ajuda aos bancos e de empobrecimento dos trabalhadores muito deve à UGT e aos seus dirigentes. Sem eles, esta desgraça social a que PSD/CDS continuam a chamar «política de sucesso», não teria sido objectivamente possível.

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