Que seria de nós sem o Marco?

Disseram-te que viveste acima das tuas possibilidades. Que tinham gasto o dinheiro dos teus impostos em investimentos públicos. Que tinhas direitos a mais. Que não trabalhavas o suficiente. Os poderosos deste país, com a ajuda do PS, do PSD e do CDS, fizeram-te uma verdadeira “inception”. Pouco a pouco, conseguiram inculcar-te a ideia de que o Estado é uma entidade estranha nas relações sociais, que os teus direitos são caprichos, que o teu tempo todo – livre ou de trabalho – pertence ao patrão, que as escolas são para quem pode pagar, que os filhos dos pobres nasceram para obedecer e os dos ricos nasceram para mandar. No essencial, pouco a pouco, transformaram o pensamento dos trabalhadores no pensamento de um patrão.

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Na luta de classes não há espectadores

A Associação Cultural Não Matem o Mensageiro, que levou às salas de teatro o projecto Marx na Baixa, está a trabalhar em duas novas produções: Homem Morto Não Chora e A Última Viagem de Lénine.

Com estreia marcada para Março no Teatro da Comuna, em Lisboa, e sem quaisquer apoios públicos, Homem Morto Não Chora é um gesto de militância e activismo dos actores (o André Levy e o André Albuquerque) e da encenadora, a Mafalda Santos. Trata-se de uma peça política com o propósito declarado de levar a mais trabalhadores a coragem necessária para lutar. Cremos que, desde o 25 de Abril, não se levantava nenhum grupo de teatro político e de classe. Não é fácil, já se adivinha, fazer teatro politizado quando os teatros estão a fechar. Mas é uma necessidade. Uma necessidade de todos.

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A música que não cabe nas televisões

Tão longe dos holofotes dos media como dos top musicais, há quem faça da música parteira do mundo novo. São os netos de Woody Guthrie, de Victor Jara e de Zeca Afonso. Ao contrário da pop não é a forma que determina a eficácia do disparo e até o alvo é diferente. Da garganta e dos instrumentos, é o conteúdo que funciona como gatilho. Ninguém se importa com o penteado do ‘O Zulù, uma das vozes dos 99 Posse, como ninguém se importa com o que veste o Alex dos Inadaptats. As ideias acima da estética. Não são alvo da histeria adolescente e a sua obra não caminha aos ombros da indústria discográfica.

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Avaliação à moda antiga

P: Explique, utilizando no máximo 427 palavras, por que motivos são necessários exames nacionais como instrumento de classificação escolar.

R: Em primeiro lugar, os exames nacionais são a única forma de assegurar uma bitola igual para todos, independentemente das condições em que realizam o seu percurso escolar.

Significa isto que serão colocadas a um estudante de uma escola empobrecida, sem meios, sem ginásio, com falta de professores, psicólogos e auxiliares, filho de uma família pobre e destroçada pelo desemprego e pela exclusão, sem dinheiro para pagar explicações ou sequer acesso permanente à internet, exactamente as mesmas perguntas e condições de tempo e de exigência que a um estudante que estuda num colégio privado ou numa escola pública da elite, onde existem todos os meios materiais e humanos, que faz parte de uma família com recursos, capaz de pagar computador portátil, internet, livros e manuais escolares, explicações, e ainda as aulas de rugby. Portanto, só com exames nacionais podemos garantir que a cassificação substitui a avaliação, assegurando consequentemente que os mais elevados níveis de escolaridade e do conhecimento ficam reservados aos segundos. Todos sabemos que a ideia de que devemos tratar de forma diferente o que é diferente só se aplica a direitos e não a deveres.

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David Bowie ou da eternidade

A revolução também se faz pela arte. Um esteta, um visionário, o homem das mil personagens que encarnou a história de cada uma delas, na vida e na música. A história mundial marca-se por aqueles que transformam, arriscam e fazem perdurar as suas obras por tempos imemoriais.

Não morrem. Nunca. Vivem através da sua obra.

Que nunca se diga que o capital é ingrato

A campanha presidencial em curso tem sido muito desvalorizada, especialmente, por aqueles a quem convém que fique tudo mais ou menos na mesma. Contudo, não é apenas a campanha ou a pré-campanha, com mais exactidão, que tem sido desvalorizada. Na desvalorização mediática, Edgar Silva faz quase o pleno.

Sobre a candidatura de Edgar Silva, ao início foi a surpresa e no instante seguinte a caricatura, logo após, cai o silêncio e a omissão, a censura portanto. Entrado o tempo em que já não é mais possível esconder tanto quanto o foi Edgar Silva, vem o ataque. E a coisa foi contagiando e ficando cada vez mais serventuária e suja.

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Marcelo: O candidato deles

O custo das campanhas das presidenciais e a forma como Marcelo Rebelo de Sousa foi louvado pelos media já foi aqui abordado, e tão bem, pelo António. Não é sobre isso que me apetece escrever, embora isto ande tudo ligado. No dia 3 de Janeiro de 2016, o Público decidiu vender um folheto de campanha do candidato que é tão independente do PSD/CDS como eu sou vegetariano.

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