Autor: Ricardo M Santos

Pódio de classe

pódio

Há um equívoco incompreensível em alguma esquerda que optou, nestas eleições como já havia feito nas Presidenciais, com os resultados que se conhecem, por fazer parte da campanha colocando o combate ao fascismo num patamar de corrida. Afirmar que um partido, seja ele qual for, ficar em terceiro numas eleições é uma derrota do fascismo que, teoricamente, ficaria em quarto, é, no melhor dos casos, ingenuidade; no pior, eleitoralismo e calculismo perigoso para toda a esquerda. Importa, assim, esclarecer alguns aspetos desta estratégia.

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O Chicão é aldrabão

No mais recente debate que teve lugar na RTP3, o ainda líder do ainda CDS teve uma declaração que ficou no ouvido, referindo-se ao “Manel, que está há quatro anos à espera de uma consulta de oncologia”. Confesso que ponderei se valeria a pena gastar tempo e teclas para escrever sobre uma declaração de alguém tão novo e, ao mesmo tempo, tão velho. Porém, até as piores desculpas são bons motivos para escrever.

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Imbecis, manipuladores e sem vergonha

O Bloco de Esquerda, através do seu portal esquerda.net, divulgou uma carta de “autores e intelectuais” sírios e não só, intitulada “O Anti-imperialismo dos Imbecis”, que acusa jornalistas independentes de o serem. Imbecis e anti-imperialistas. O que parecia, finalmente, um exercício de autocrítica, é, afinal, um mergulho no lodo em que se move. Que a posição política internacional do BE varia de acordo com o vento, não é surpresa. Os líbios e sírios sentem-no na pele, todos os dias, desde há muitos anos. Ainda recentemente, no Parlamento Europeu, os eurodeputados bloquistas se abstiveram numa emenda, apresentada, entre outros, por Sandra Pereira, da CDU, que visava o levantamento das sanções à Síria. Marisa Matias e José Gusmão não têm posição sobre se um povo deve ou não viver sob sanções económicas.

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A direita que a esquerda chora

Algures no ano de 2015, a Juventude Popular, organização da juventude do CDS,  avançava com o cartaz que ilustra este artigo. A mensagem é clara e não é nova, tem décadas. A culpabilização do trabalhador desempregado e a estigmatização de que quem necessita de receber apoios sociais. A legenda não podia ser mais clara. A típica tirada dos “subsídios para quem não quer trabalhar”. A par disto, as declarações de Nuno Melo sobre refugiados, Assunção Cristas ou Paulo Portas sobre Bolsonaro. O que levará, então, várias pessoas ligadas à esquerda, a acharem que o fim do CDS é uma perda para a democracia, como o eurodeputado do Bloco, José Gusmão?

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A OMC, as vacinas e a Teoria Crítica

Os países da União Europeia, EUA, Canadá, Japão, Brasil, Suíça e Austrália estão a bloquear, na OMC, a libertação das patentes de medicamentos e vacinas para a Covid-19, pedida pela Índia, África do Sul e outros Estados. De acordo com o The New York Times, 67 países pobres poderão vacinar apenas uma em cada dez pessoas, se o paradigma não mudar. Apesar de haver centenas de vacinas em estudos, em África, ainda nenhuma chegou à fase de ensaios clínicos. Este era o ponto da situação no final de dezembro.

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Ecoegoísmo e a refinaria de Leça

Dias antes do Natal, os trabalhadores da refinaria da Galp, em Leça da Palmeira, souberam através de uma comunicação da administração da empresa à CMVM, que iriam ficar desempregados. Até hoje, dia 10 janeiro de 2021, ainda não foram contactados pela administração para iniciar qualquer processo negocial. Estamos a falar de cerca de 400 trabalhadores diretos da refinaria e mais 1.000 de trabalhadores subcontratados. Os tais 1.000 que não faziam falta aos quadros de trabalhadores da Galp quando foi privatizada, mas que estão lá, todos os dias, a colocar a refinaria a funcionar. O nível de baixeza, de indecência, de insensibilidade da administração da Galp, ao fazer o anúncio em plena pandemia, tem todos os contornos do pior que o sistema tem para nos oferecer.

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A culpa é do vizinho

Está estabelecida, numa parte da sociedade, a ideia de que questionar o que quer que seja feito pelo governo no combate à pandemia é ser, na melhor das hipóteses, parvo, na pior, um negacionista da Covid-19. Considerar que esta declaração de Estado de Emergência e o que foi decidido no Conselho de Ministros não foram as melhores opções é um crime de lesa-pátria. Considerar que estamos a caminhar para a normalização do que deveria ser excecional, com Estados de Emergência atrás de Estados de Emergência, e a limitação das liberdades individuais, de associação e reunião, não é o caminho certo, parece ser um ataque vil a tudo e mais alguma coisa.

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O novo anormal

Ao contrário do que nos têm enfiado pelos olhos dentro nos últimos meses, não há nada de normal nos tempos que estamos a viver. Isso não é de agora, é certo, mas a normalização de todas as medidas e mais algumas a pretexto da pandemia, por mais despropositadas que possam ser, são um risco que vem acentuar uma tendência securitária que vem fazendo o seu caminho, mais ou menos tranquilamente, desde os atentados de 11 de Setembro de 2001. Esta nova normalidade de distanciamento físico, que agrava o distanciamento social, de constrangimentos à livre organização e reunião, não pode ser vista apenas à luz da pandemia. Há mais aqui com o que nos preocuparmos.

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