Agora que tenho a vossa atenção, não, ao longo deste texto, não encontrarão nem a defesa de Putin, nem a santificação do regime ucraniano. Nem o apoio à invasão russa da Ucrânia, nem às milícias de extrema-direita a operar em Donbass e Lugansk, que estão agora espalhadas por todo o território. A história deste conflito, como a História em geral, é um processo de acontecimentos encadeados, interligados entre eles. Não começou há duas semanas, ainda que a pressão mediática e a ideologia dominante o tente e consiga fazer crer, como demonstram os últimos dias, não faz com que seja verdade. Os cerca de 14 mil mortos desde 2014 provam-no. Daqui, a minha solidariedade com os povos russo e ucraniano, que eram, são e serão as vítimas de uma guerra que não é deles, é um conflito entre as aspirações de uma Rússia imperial que o socialismo derrubou, frente a uma aliança político-militar obsoleta, a NATO, que necessita de criar inimigos continuamente. Sem eles, a sua função de garantir a hegemonia Ocidental, de garantir que para além do modo de vida ocidental, da sua cultura, organização política e social, está a barbárie; de garantir que o complexo industrial militar ocidental continua a faturar à custa da miséria dos povos, deixa de fazer sentido. E, como disse uma CEO portuguesa, melhor que o negócio da saúde, só o das armas. Tem toda a razão.
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