Todos os artigos: Nacional

Pódio de classe

pódio

Há um equívoco incompreensível em alguma esquerda que optou, nestas eleições como já havia feito nas Presidenciais, com os resultados que se conhecem, por fazer parte da campanha colocando o combate ao fascismo num patamar de corrida. Afirmar que um partido, seja ele qual for, ficar em terceiro numas eleições é uma derrota do fascismo que, teoricamente, ficaria em quarto, é, no melhor dos casos, ingenuidade; no pior, eleitoralismo e calculismo perigoso para toda a esquerda. Importa, assim, esclarecer alguns aspetos desta estratégia.

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O Chicão é aldrabão

No mais recente debate que teve lugar na RTP3, o ainda líder do ainda CDS teve uma declaração que ficou no ouvido, referindo-se ao “Manel, que está há quatro anos à espera de uma consulta de oncologia”. Confesso que ponderei se valeria a pena gastar tempo e teclas para escrever sobre uma declaração de alguém tão novo e, ao mesmo tempo, tão velho. Porém, até as piores desculpas são bons motivos para escrever.

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Um desgraçado postal com selo PS, PSD, CDS

É possível que poucos se tenham apercebido disso mas, em Novembro de 2020, os Correios de Portugal completaram 500 anos de existência. Não houve grande celebração, que se tenha notado, nem se terão cantado «parabéns» e por uma razão muito simples: a coisa está mais perto da morte do que dos «muitos anos de vida». Mas o postal que ilustra a desgraça da empresa não é anónimo, tem três siglas. As mesmas que há anos se vêm entretendo a fatiar o serviço público entregando-o às «maravilhas» da gestão privada. O resultado está à vista: de entidade pública sólida, confiável e útil, os CTT passaram ao topo da liderança das queixas dos portugueses.

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A pomba vermelha da vontade

I

No início do filme Palombella Rossa, de Nanni Moretti, a personagem principal (Michele Apicella), interpretada pelo mesmo, sofre um acidente de carro que lhe provoca uma curiosa amnésia. Michele Apicella é, além de exímio jogador de pólo aquático, um dirigente comunista. Ora, a nossa personagem principal, após o acidente, logo se lembra de que é comunista – é a única certeza que tem – e repete-o, para ninguém se esquecer, mas não se lembra porquê; não se lembra porque é que outros o são; não se lembra do que é ser-se comunista. Como tal, anda às voltas, tentando convencer-se a si e aos outros, através de chavões e frases feitas, que nunca são suficientes e tampouco eficazes; inconscientemente à espera que algo surja para restabelecer as suas certezas, que algo o relembre da primordial razão, que algo o traga à tona, no pólo aquático e na vida; que algo o empurre para fora dos chavões e o devolva à acção, com a inabalável convicção e a força de vontade que deixara algures esquecidas, entre os cacos dos faróis do carro e a repetição dos dias burocráticos. Mas isto não é uma crítica de cinema.

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O PS sabe bem de que lado está

Foto: STEVEN GOVERNO/LUSA

Não podemos cometer essa insensibilidade de censurar o PS por ter saudades do colinho dos grandes patrões deste país. São muitos anos de ligação. Das origens aristocráticas ao oportunismo pós-25 de Abril, os laços são profundos, as raízes estão todas lá. Mesmo que nunca os tenham verdadeiramente abandonado, e mesmo que, como se sabe, bom filho a casa acabe sempre por tornar, é também certo que a CIP não deixou de protagonizar certos «amuos» pelas poucas mas efectivas políticas que o PS aprovou e que tiveram o cunho do PCP. O que vimos esta semana com a emenda de mão do PS a uma proposta sobre legislação laboral que o mesmo PS tinha aprovado na generalidade há uns meses, veio evidenciar, mais uma vez, à saciedade, que bem razão tinha o PCP ao rejeitar o Orçamento de Estado proposto pelo governo. Quem se coloca desta forma despudorada e às claras, mesmo que em contraponto com decisões anteriores, ao lado de o que defende a vampiragem da CIP, não pode, de modo algum, contar com o apoio dos trabalhadores portugueses.

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Não tenhamos pressa

Este não é um texto grande, nem um grande texto. Afinal, não há palavras que façam jus à pessoa que Saramago foi. Mais do que uma homenagem, este texto é uma pequena ode a todos os que, gostando mais ou menos de Saramago, concordando mais ou menos com o seu pensamento ou forma de agir, olham o mundo e não o compreendem. Diria mais, a todos aqueles que, olhando o mundo, sentem crescer em si uma vontade inabalável de erguer os seus próprios destinos e que veem no próximo, no outro, no amigo ou no camarada, a companhia certa para a mudança.

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A bancada tem salvação, revoguem o cartão!

Discute-se, a partir de hoje na Assembleia da República, a revogação do Cartão do Adepto, medida adoptada com a aplicação da lei 113/2019, em alteração à lei 39/2009, que estabelece o regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos.

As alterações introduzidas há dois anos – que mereceram, na altura, apenas a abstenção do PCP e do PEV – vieram aumentar o nível de vigilância e perseguição aos adeptos nos locais dos espectáculos desportivos, com especial relevância e incisão no futebol profissional. A criação das “zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos”, a pretexto da identificação mais célere dos supostos autores de actos de racismo, xenofobia e intolerância, mais não veio do que sublinhar um estigma inaceitável que tem vindo a ser construído sobre os adeptos que se organizam e acompanham os seus clubes.

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