Todos os artigos: Nacional

Afeganistão – Um filme Americano

O levantar do pano

O triunfo da revolução Saur pelos comunistas do Partido Democrático Popular do Afeganistão em 1978, seguida pela Revolução iraniana, ocorrida em 1979, onde os Estados Unidos perdem uma importante base para o combate à URSS na guerra fria, acarretam consequências para a política imperialista ocidental. O Afeganistão torna-se assim prioridade para Estados Unidos e os seus famintos cães-de-fila ocidentais, alheios à condição humana do povo afegão, tudo em nome de um anticomunismo primário. Estudado o cenário geopolítico à altura, o aliado de circunstância são um grupo radical islamita, os mujahidins, precursor dos hoje conhecidos talibãs.

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Candidaturas Tiririca: Quem ganha com isso?

Há uma diferença abissal entre usar humor na política e ter uma política que nada mais procura ser do que humor. Nesta campanha ou pré-campanha para as autárquicas temos assistido a um aumento exponencial de candidatos-palhaço, que exploram com sucesso tudo o que garanta parangonas, de gente que brinca aos outdoors, aos slogans, que anseia pelas partilhas e sobretudo pela fama. Haverá várias explicações para o fenómeno, desde logo pela força presente do terreno virtual, mas uma das que quero aqui salientar é o imanente sentimento de desprezo, de menorização do acto e até dos cargos em questão da parte de quem leva a cabo uma campanha de puro e duro espalhafato. Porque não se trata só de desprezo e menorização do acto eleitoral em si; trata-se de desprezo e menorização da democracia como um todo.

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Somos da terra

Se é daqui que vos escrevo, se é debaixo deste sol de calor efémero que faz por aquecer a pedra do socalco que sustenta a vinha, se é daqui que vejo os rostos enrobustecidos à conta dos ventos nortenhos, de séculos de idade, que rasgam a paisagem duriense; rostos porém ternos, que miram ainda o rio serpenteando lá em baixo, como se olha um filho, endeusando-o, é então sobre este Douro também que me apresento ao Manifesto74.

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Histórias que a Cidade não conta

Para Orquídea era o morto que partia, só ele; e cá em baixo a vida persistia, mas uma vida dissoluta, de madrugada sem forças, (…) A vida tornava-se àquela hora quase intransitável, uma comédia tão torpe, uma beberagem tão repulsiva…

Urbano Tavares Rodrigues in Aves da Madrugada

A cidade de Lisboa, tal como outra qualquer, é um organismo vivo, é uma peça de teatro intempestiva, é um constante improviso que se conjuga numa harmonia que estranhamente flui e faz mexer cada órgão.

Infelizmente, o neoliberalismo, ideologia dominante na Europa, fomentador do individualismo desenfreado, tem tentado impor a ideia da cidade enquanto a forja de mais riqueza para o capital que, por via do trabalho, açambarca a mais-valia de quem todos os dias sai do seu “dormitório” para trabalhar. Aos olhos de hoje, a cidade, em que Lisboa é o exemplo perfeito, não é mais um organismo. É sim, um conjunto de operações de loteamento individuais que, graças à mão imaginária do mercado, se acaba por conjugar e fazer uma cidade. Nada mais é do que um somatório de edifícios e equipamentos que, se magicamente corresponderem a determinados critérios, poderá eventualmente ser considerada uma cidade. Não é um sítio para se viver, nem para se trabalhar. É um sítio para se dormir, com ou sem teto, com ou sem saneamento ou condições. É sobretudo um espaço de aprofundamento das desigualdades e da exploração.

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PS e a Ferrovia: A Memória Curta

Foto: José Sena Goulão (Lusa)

O PS e, em particular, o sonoríssimo e ufano Pedro Nuno Santos, têm andado numa roda viva de anúncios e gabarolices a respeito de medidas tomadas em relação ao sector ferroviário nacional. De súbito, o PS parece ter-se tornado no partido «dos comboios», no arauto da «recuperação da ferrovia», do «salvamento das máquinas ao abandono», do investimento e da promoção de um transporte até aqui efectivamente deixado ao abandono. Tudo estaria certo e seria merecedor de aplauso não fosse a colossal hipocrisia que todo o aparato propagandístico não deixa de ocultar. Afinal de contas, este PS, que é o mesmo e não outro, foi também de forma inequívoca um dos grandes responsáveis – por acção directa e por omissão – pelo abandono, pela destruição, pelo enfraquecimento da ferrovia em Portugal nas últimas décadas.

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Cuba resiste. Colonialismo ainda existe.

A 1 de Janeiro de 1959 triunfara o movimento 26 de Julho em Cuba, substituindo o ditador Fulgêncio Batista – apoiado pelos Estados Unidos da América – pelo poder popular que viria a constituir, mais tarde, como força dirigente organizada o Partido Comunista de Cuba. Em Março do mesmo ano, os EUA, em resposta à ousadia do povo cubano, decide um embargo, impedindo a venda de armas a Cuba. Com o avanço da reforma agrária, os grandes proprietários norte-americanos perdem as terras que haviam usurpado na ilha caribenha e onde escravizavam o povo local, como fizeram praticamente em todo o Caribe. Ao mesmo tempo, perdem o poder económico na ilha, através das nacionalizações levadas a cabo pela nova democracia que se consolidava com o apoio da União Soviética.

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Sobre-exploração e tomates cherry

O Marx foi um gajo porreiro. Justo e generoso. Deixou-nos O Manifesto, mas como não queria deixar os burgueses à deriva, entregues às tolices da mão invisível, deixou-lhes O Capital. E eles estudaram-no, bem melhor do que nós. Stalin explica:

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F: flexibilidade

F: flexibilidade

Flexibilidade é o termo que, no linguajar dos capitalistas, designa a disponibilidade dos trabalhadores para serem mais explorados.

Na novilingua do empreendedor, a flexibilidade é uma ginástica que só praticam os trabalhadores, que devem estar ainda mais disponível para trabalhar mais horas e assumir mais tarefas.

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