Manda o beneficio da dúvida esperar de um novo executivo a vontade de resolver os problemas da sociedade. Sem por isso cair na ingenuidade é bom ouvir que a missão do novo ministro da Ciência é unir para reforçar em vez de dividir para reinar. Mesmo que só palavras é uma atitude bem diferente de uma comunidade que nos últimos quatro anos se habituou, sem se conformar, a ouvir que estava de má fé cada vez que se insurgia contra políticas públicas de destruição do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN).
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Blocobuster
Há várias formas de atrair a atenção para vários assuntos. Normalmente, as melhores campanhas são as que não são consensuais, que geram aquilo a que se chama “buzz”, que significa agitar, fazer com que se fale de um determinado produto. Ontem, o Bloco decidiu apresentar um cartaz em que afirma que Jesus também tinha dois pais. A imagem, feita a partir de um “meme” com 300 anos que circula na internet desde que há ficheiros JPG, pretende isso mesmo, criar “buzz”, aproveitando o Bloco para surfar na crista da onda da sua mediatização. Sou ateu e comunista, creio que faz de mim insuspeito quanto a religiões e à simpatia que nutro por elas, que é nenhuma. Sejam elas quais forem.
Faltam por aqui 3,9 mil milhões de euros.
“falta por aqui uma grande razão” dizia Cesariny. E agora falta de facto por aqui “uma grande realmente razão” porque anda por uma aí uma tremenda confusão. Mas o Manifesto74, em linha com a sua tradição, está aqui para ajudar.
Ora, então depois de termos ouvido durante um ano inteiro, PSD e CDS teimarem que o Estado não pagou um tostão da resolução do BES e que foi tudo pago pela banca, eis que vêm agora, um e outro, dizer que se o Estado não vender o Novo Banco não poderá reaver o que gastou. Em que ficamos? Então não tinham sido os bancos a pagar o Novo Banco? Que tem o Estado a reaver se foram os bancos que pagaram o Novo Banco? Ah, afinal o PCP tinha razão e os bancos não pagaram nada. Estamos esclarecidos.
“Para que a precariedade não seja o novo normal” por Luís Filipe Cristóvão
Os números seriam mais assustadores, não fosse o caso desta realidade não nos tocar a quase todos bem de perto. A precariedade no emprego veio para ficar e muitos encaram-na, hoje em dia, como se fosse normal, até mesmo aceitável, que 61,5% dos jovens trabalhadores tenham vínculos precários, que existam cerca de 130 mil jovens desempregados inscritos nos Centros de Emprego sem acesso a qualquer tipo de apoio, que 2/3 dos portugueses entre os 18 e os 34 anos de idade vivam em casa dos pais, sem condições para viver em casa própria.
O estrebuchar bafiento de Cavaco
Estrebuchando até ao último suspiro ao sabor de antigas amizades, embalado e motivado por afinidades partidárias e ideológicas, e fazendo tudo isto com aquele seu típico travozinho de pessoa vingativa e provocatória, Cavaco Silva continua a distribuir umas quantas honrarias públicas por uma casta de gente que nada de positivo deu ou trouxe à democracia ou ao país. Muito pelo contrário. Há poucos dias, assistimos à entrega de medalhas a ex-ministros dos governos de Passos Coelho e Paulo Portas, não nos poupando Cavaco ao desprazer e nojo, para não dizer pior, que foi vermos um suposto “garante” da Constituição premiar aqueles que, nos últimos anos e de forma sucessiva e reiterada, mais atentaram contra a lei fundamental do Portugal democrático.
Lisboa: a cidade-parque patrocinada pelo grande capital

Nota prévia: perante a proposta do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa para «manter Santa Apolónia com todas as valências de transportes que actualmente oferece», o PS votou contra, inviabilizando a proposta.
Segue-se a intervenção sobre o fenómeno de gentrificação em Lisboa, proferida hoje, na sessão da Assembleia Municipal.
Assistimos a um fenómeno global de elitização de determinados locais e cidades, resultantes de desenvolvimentos e planeamentos orientados para gerar lucro, enquanto tudo o que é característico, tudo o que é memória e história, a par de todas aquelas que são as condições a que qualquer pessoa deve ter direito para viver no local onde nasceu ou decidiu viver vão desaparecendo, na exacta medida que locais exclusivos e inacessíveis à maioria de nós vão tomando lugar central.
A propósito de um certo “Avante!”

Imagina que passavas a tua vida inteira num quarto isolado sem qualquer contacto com o exterior. Imagina que a esse quarto, chegava um só jornal e tinhas acesso a um só canal de televisão. Imagina que se quisesses ver cinema só podias escolher entre 5 filmes. Livros também eram só 5. E a realidade? Melhor, e a tua percepção da realidade?
Para populismo, populismo e meio

Pela boca morre o peixe, pelos actos – ou pela falta deles – morre o populista. Como qualquer inveterado militante do CDS, gente sempre muito sonora na demagogia e no ataque fácil, cai-lhe como uma luva estar isolado no topo da irresponsabilidade e da pura malandrice política. «Nuno Melo ocupa o último lugar dos portugueses na lista de participações em votações nominais nos plenários do Parlamento Europeu». Este campeão das «baldas», que deve estar quase a ser vice-presidente do seu partido, prefere andar em passeatas de campanhas eleitorais pertinho de casa do que estar a trabalhar, como devia, no lugar e na função para a qual fora – infelizmente, diga-se – eleito. Porque no PE não falta trabalho, o que falta é gente com vontade de trabalhar. Porque o mal do PE não é quem trabalha, é quem vive de dinheiros públicos e anda “de costas ao alto pelos cafés”. É que para populismo, populismo e meio.