Todos os artigos: Nacional

A Cobertura de Cavaco

Cavaco Silva decidiu vir a terreiro fazer a cobertura e o branqueamento da fuga declarada de Passos Coelho à Segurança Social. Pelos vistos, sua equívoca excelência já terá tomado conhecimento dos contornos do incumprimento e já terá inclusive aceitado a respectiva justificação. Reagiu como seria expectável. Fê-lo em nome do PSD. Aliás, corrijo, Cavaco conseguiu ir muito mais longe do que aquilo que o próprio PSD alguma vez se atreveria a ir em defesa da sua honra. Ao colocar uma fuga descarada e assumida aos impostos no plano da disputa meramente eleitoral, ao reduzir dessa forma um assunto de enorme gravidade de uma alta figura do estado ao nível da básica troca de galhardetes entre candidatos, ou até ao nível da colagem de cartazes e da distribuição de panfletos, Cavaco dá ele próprio, com parcialidade e total comprometimento, o tiro de partida na campanha do PSD às próximas legislativas.

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94 anos: a nossa História é a luta de um povo

No assento do comboio, repousa um jornal que aparenta não ter dono. Nele tropeçam os olhos uma e duas vezes, na viagem entre a janela e os outros passageiros. Bem podia ser o Metro ou mesmo o Destak, mas a diagramação que inunda em letras a folha larga, trai a gratuitidade tabloide. Que jornal este, que é livre sem ser grátis e é honesto sem ser imparcial? Que se deixa no comboio sem nunca o abandonar e, ainda assim, é de todos tendo afinal um dono?

Nada disto poderia saber o dono dos olhos que cobiçam o periódico. Agarrado e levantado, desdobrado e sacudido, deixa à vista a foice e o martelo cruzados sob a estrela apontando um vértice a cada um dos cinco continentes. “94.º aniversário” lêem os olhos “do Partido Comunista Português”.

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Diabética, invisual e com menos 70 euros no fim do mês

Vamos chamar-lhe Amélia. Eu gosto do nome e, nestes casos, convém, para já, salvaguardar alguma privacidade. Trabalhou e, como tal, chega agora à idade da reforma. Com a vantagem de nunca se ter esquecido de pagar qualquer contribuição à Segurança Social. O certo é que, há quase 10 anos vítima da diabetes, acabou a receber uma pensão de invalidez por ter ficado cega. Recebia a fortuna de 567 euros mensais, incluindo já os 100 euros de complemento de dependência. Agora, que continua dependente mas passa à condição de reformada, irá  receber 497 euros, deixando de ser inválida, segundo a Segurança Social, para passar a ser só pensionista (deixando de ser pensionista por invalidez para ser pensionista por velhice).

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– Ó André, já chega de falar na barbearia, não?

A Figaro’s continua aberta, os ginásios e spas só para mulheres também. A primeira, nas condições em que está aberta, devia fechar, os segundos, devem continuar abertos. E porquê? Já muita gente explicou, mas muita gente continua a não querer entender. Repito resumidamente: a Figaro’s impede a entrada e/ou permanência física de mulheres no seu estabelecimento, os ginásios e spas exclusivos para mulheres, simplesmente não prestam serviços a homens, mas não os impedem de estar no estabelecimento.

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A crise da dívida

Em 1999, quando Passos Coelho iniciava a sua caminhada de ignorância em relação aos pagamentos à Segurança Social, eu estava a um ano de entrar na redacção de um jornal para o meu primeiro trabalho a sério, depois de passar pelos transitários – era praxe, por aqui – e por outras aventuras relacionadas com o mundo do futebol. Em Outubro de 2000 cheguei ao sexto andar do entretanto assassinado O Comércio do Porto e apaixonei-me por aquilo tudo. Tive de “colectar-me” e comecei a passar recibos verdes. Ao fim de um ano, acabou a isenção e era preciso começar a pagar a à Segurança Social.

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Macbeth e Anna Karenina

Recentemente tive a oportunidade de assistir ao drama lírico Macbeth, de Giuseppe Verdi, no Teatro Nacional de São Carlos. São momentos de rara beleza e encanto proporcionados pela junção tão elegante que a arte da música e a arte performativa atingem enquanto nos transmitem uma história. O problema de tal afirmação prende-se mesmo pela raridade dos mesmo. Penso que mesmo para os menos melómanos, é difícil ficar indiferente a tal espectáculo e, no entanto, contam-se pelos dedos as pessoas que conheço que já assistiram a um.

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Liberdade selectiva

O Filipe Guerra já alertou aqui para o silenciamento quase total de um Encontro Nacional do PCP, em Loures, que juntou mais de 2.000 pessoas. Não é novidade, é certo, mas surge num momento curioso da televisão pública, que tem neste momento dois enviados especiais: um na Ucrânia, onde são entrevistados neo-nazis como lutadores pela liberdade, e outro em Cuba, onde, ontem mesmo, se falava, do controlo dos órgãos de informação pelo Estado.

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A dívida de Passos Coelho à Segurança Social

“- Oh pá, o R. tem dívidas à Segurança Social!– É artista?
– Todos os meus amigos artistas têm dívidas à Segurança Social”.

 Todos os trabalhadores independentes foram notificados… menos Passos Coelho? E por que raio não fez a Segurança Social o que fez com todos os outros: a execução da dívida?

Este é um diálogo recorrente desde 2008, pelo menos. Não há trabalhador independente que não tenha sido notificado de dívidas à Segurança Social. Muitos ficaram com a vida penhorada. Adiante já me debruçarei sobre isto. Por agora, houve um que aparentemente não terá sido notificado: Passos Coelho.

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