Senão o quê?

Não está tempo para sermos ingénuos: o governo grego traiu o seu povo e mostrou cabalmente que os únicos referendos vinculativos que o Syriza reconhece votam-se nas reuniões do Eurogrupo.

Pouco interessa quais eram as intenções de Tsipras ou dos seus seguidores. Não se trata de escamotear as pressões, ingerências e chantagens de que foi alvo o governo e o povo helénicos, mas de enfrentar a realidade como ela é: este governo assumiu promessas que não cumpriu, convocou um referendo que não respeitou e acaba de assinar o maior retrocesso social das últimas décadas.

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O Estado da Nação

O país recuou mais de uma década. O poder de compra dos portugueses regrediu a níveis comparáveis com o dos anos 90. Os direitos laborais degradaram-se e mais de um milhão e duzentos mil portugueses estão no desemprego, mesmo após o êxodo forçado de cerca de meio milhão, principalmente de jovens qualificados.

A produção cultural contraiu-se num fechado núcleo de estruturas que tiveram condições para fazer frente à asfixia financeira ou que ainda conseguem obter uma das migalhas que sai do bolso da DGArtes. O apoio do Estado à produção cultural nunca foi tão baixo em democracia.

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Da Telesur às ruas: A revolução será transmitida?

Caracas, Bairro 23 de Enero, bastião da revolução bolivariana

No passado mês de Fevereiro, o governo bolivariano da Venezuela denunciou um plano golpista. Na denuncia, o mandatário, Nicolás Maduro, revelou à imprensa os detalhes desta estratégia elaborada pelos “sectores mais fascistas da oposição, vinculados ao imperialismo norte-americano”. O presidente afirmou que queriam bombardear o palácio presidencial de Miraflores, o Ministério da Defesa e a Telesur.

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Aos renegados

Aos que renegam o Marxismo, que não aqueles que o fazem por uma opção de classe, concedamos: há algo de pateticamente feliz no acordar todos os dias a pensar que a história acaba de começar. Eles são os que são surpreendidos “pela crise actual”, são os que descobrem em artigos de opinião de revistas internacionais o mundo “da agiotagem” e que ainda mal refeitos do espanto nos apresentam reflexões de “como sair da crise” em que, em maior ou menor grau demonstram a sua cândida ingenuidade.

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Bem-vindos ao «pelotão da frente»

Ano da desgraça de mil novecentos e oitenta e seis. No dia primeiro do mês Janeiro, Portugal é formalmente anexado a uma grande corporação capitalista, que para levar a cabo o seu desejo de domínio e monopólio europeu e mundial, necessita, como é normal neste ciclo, de fiéis serventuários. Atribuem-nos milhões para adoçar a boca e que são gastos como sabemos. Abate-se a produção nacional, sequestra-se a nossa capacidade económica, aniquila-se grande parte da nossa independência financeira, social e também política. Prometem-nos a «modernidade», a «solidariedade» e a oportunidade «imperdível» de entrarmos num «pelotão da frente» que, é preciso recordar a jactância, faria de nós «um grande, moderno e avançado país». Depois de anos de desbragada ilusão, o doloroso definhamento histórico salta à vista. Um retrocesso cujos indicadores sociais e políticos só encontram comparação em períodos de catástrofe, ou de pós-guerra. A realidade, essa teimosa, essa persistente, mostra-nos todos os dias – como o PCP na altura isoladamente afirmava – o grande sarilho, a grande tragédia, a grande farsa em que PS, PSD e CDS nos meteram.

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Ser docente/investigador no país da austeridade

1. Investigação e “excelência”

Era uma vez um jovem que gostava de história natural e de estudar fósseis. Passava a vida no campo ou num gabinete a comparar asas de aves ou “perninhas” e “antenas” de borboletas. Fascinado pela enorme diversidade do mundo biológico que o rodeava, este nerd mergulhava a fundo na sua paixão: o estudo da morfologia, comportamento e evolução das espécies. Se vivesse nos dias em que a “excelência” obedece sobretudo a critérios economicistas, este jovem nunca teria conseguido obter financiamento para embarcar no navio Beagle, cartografar a costa da América do Sul e andar pelo arquipélago das Galápagos. Este nerd é o Charles Darwin e jamais teria obtido financiamento para um projecto I&D (Investigação e Desenvolvimento) para estudar a morfologia dos tentilhões, as suas asas, os seus bicos.

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O Bloco de Esquerda mente: o KKE não apelou à abstenção

Numa notícia publicada no Esquerda.net, o Bloco de Esquerda acusa o Partido Comunista Grego de apelar à abstenção no referendo convocado para dia 5 no país helénico.

Trata-se de uma mentira ignóbil que não nasce de qualquer problema de tradução mas de uma contradição política inultrapassável: o que o Bloco de Esquerda defende para a Grécia é o compromisso com aquilo que diz combater em Portugal – a austeridade.

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Não ceda um Metro

Na próxima 6a feira haverá nova greve dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa. Nova batalha numa luta que dura há anos e, contrariamente ao que por vezes se proclama, tem tido sucesso, pois não fosse esta luta, o processo de subconcessão do Metro há muito teria avançado.
Uma luta árdua destes trabalhadores em defesa das suas condições de trabalho e pelo cumprimento do Acordo de Empresa, em defesa de um transporte público de qualidade e dos interesses dos seus utentes. Sim, em defesa dos seus utentes!

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