Cobardia, aldrabice, desprezo e estupidez

Às vezes acontece-nos isto. Gente que até gostamos de ler, pessoas que nos fazem sorrir, que escrevem com elegância mas que, num momento de aparente menor lucidez, nos fazem regressar «à terra» e nos mostram como é ténue no comportamento humano a distância entre a qualidade e a boçalidade. É o que acontece com Miguel Esteves Cardoso e um seu recente artigo no Público intitulado “Escolher Israel”.

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Raios de sol em tempo e espaço de trevas

O texto que agora se transcreve foi a alocução realizada por Mário Sacramento junto ao tumulo de “Licas” Seiça Neves, falecido com apenas 35 anos de idade.
Gostaria de salientar três aspectos. O primeiro, este texto foi lido e proferido em Portugal no ano de 1958(tendo sido publicado pelo República em 15 de Outubro), o que infelizmente importava um conjunto de cuidados políticos, e a natural utilização de diversos recursos estilísticos, sob pena de graves sanções. Segundo aspecto, a imensa qualidade literária que Mário Sacramento apresentava nos seus textos. Terceiro e último aspecto, com este texto faz-se uma pequena homenagem a Licas e a todos os que não chegarem fisicamente a Abril, e que, anonimamente, de Norte a Sul do país, sofreram as agruras, censuras, repressões e discriminações, de diversa índole, social, moral, política, profissional, entre outras, de que o fascismo foi tão bem capaz.

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Ébola em perspectiva

Coloquemos o Ébola em perspectiva:
– é uma doença tratável, cuja taxa de letalidade pode ser moderada a baixa mediante cuidados de saúde adequados;
– não é muito contagiosa, sendo transmitida apenas pelo contacto directo com fluídos de um paciente que já manifesta os sintomas (não é contagiosa durante o período de incubação), sendo o contágio evitável através das boas práticas de higiene médica.
Então porquê toda a histeria em seu torno? E se é tratável e pouco contagiosa, porque se propaga na África Sub-Saariana (AfSS)? A resposta tem em parte que ver com algo que o Ocidente teima em não querer enfrentar, pela responsabilidade que acarreta: a pobreza nesses países, incluindo a falta de acesso a comida, água potável, medicamentos e os cuidados de saúde, são o principal factor responsável pela alta taxa de doenças infecciosas e outros problemas?

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Jogos de casino viciados

O sistema bancário e financeiro em Portugal é um jogo de casino viciado, onde a “casa”, ou seja quem deveria regular esse sistema, incluindo o governo, o Banco de Portugal (BdP) e a CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), fecha os olhos, assobia para o lado, e faz pouco, tarde e mal.

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“Onde pára a política científica” – por Tiago Domingues

Novo paradigma, competitividade, starvation, diferenciação, racionalização, transferência de conhecimento, mérito e excelência são algumas palavras acrescentando léxico à novilingua da direita liberal. Já utilizada para graçolas em qualquer café de esquina, para justificar a destruição do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN), cavalgada a trote por uma FCT de tiranetes e corroborada pelo respectivo ministério e governo PSD/CDS, como parte da agenda ideológica que pretende desmantelar o ensino universitário público em conjunto com a investigação científica, onde reside uma das nossas melhores hipóteses de ombrear com países de tecido industrial desenvolvido e deixar para trás, de vez, o analfabetismo designado pelas políticas fascistas do Estado Novo.

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O Coelho e o tigre

Vamos falar baixinho, que Pedro Passos Coelho está de férias e avisou que as interrompe se isto der merda. Não é caso para tanto: Portugal perdeu numa década mais de meio milhão de jovens, cuja média salarial está cada vez mais longe da média nacional; o Tribunal de Contas divulgou que já perdemos 2,2 mil milhões com o BPN e o BES  pode ser ainda pior; Os portugueses estão cada vez mais pobres.

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Morreu o Carlinhos

O Robin Williams morreu, fica o meu respeito e admiração pelo actor que será sempre e por alguns filmes marcantes para muita gente. O “Clube dos Poetas Mortos”, por exemplo, também me fez pensar em muita coisa. Andava ali nos 14 anos, e recomendo a quem por lá ande agora que não deixe de o ver. É quando ele faz mais sentido. Mas sobre o Robin Williams muitas linhas se escreverão pelo mundo fora.

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Castas? Só no vinho

Se a produtividade é baixa e a empresa tem dificuldades para sobreviver, a culpa é dos trabalhadores e trabalhadoras, já se sabe. Se a autarquia, o ministério, a repartição pública, a direcção-geral não é rápida na resposta administrativa e na resolução da burocracia, a culpa é dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Em Portugal, as chefias de topo pertencem quase sempre à família “x”, “y”, ou “z”, e as intermédias, ou pertencem às mesmas famílias – esperando que os mais velhos desamparem o topo -, ou conseguiram através de muito bajulanço e favores, entrar para esta casta de elite que dirige o país. Nunca, mas nunca devemos apontar o dedo à gestão das chefias, de topo e intermédias, porque a família é sagrada e as castas divinas.

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