A Ocidente nada de novo

O termo Ocidente está hoje na boca de todos, dos fanáticos salafistas aos imperialistas norte-americanos, passando pela esquerda europeia e pelos burocratas de Bruxelas. Porém, é utilizado quase sempre numa acepção coloquial, como que para descrever alguma coisa tão visível e evidente que dispensa automaticamente perguntas e explicações. Contudo, o Ocidente não é de todo fácil de identificar e definir. O que haverá de mais ocidental que os Direitos Universais do Homem ou o Santo Ofício, os campos de concentração e a liberdade? Ao longo de períodos históricos tão irreconciliáveis como o Renascimento e a Idade Média, o Ocidente foi disperso pelo mundo, elogiado e vilipendiado. O seu significado parece ter-se transformado em tudo e dissolvido em nada.

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Israelitas cantam «Amanhã não há escola! Já não há lá mais crianças! Gaza é um cemitério!»

Depois de uma deputada israelita declarar que todas as mães israelitas devem ser assassinadas, depois dos seus académicos apelarem à violação das mulheres palestinianas, depois das fotografias de israelitas a assistir a bombardeamentos a comer pipocas como se estivessem no cinema, chega-nos um vídeo de cidadãos israelitas a cantar e a celebrar a morte das crianças de Gaza.

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“O futuro é revolucionário ou reacionário? Terra, o desequilibrismo disso…!” – por Joana Manuel

Intervenção no debate “Portugal. E o futuro?”, comissariado por Cristina Peres e Pedro Santos Guerreiro, a 26 de Abril de 2014 no São Luiz Teatro Municipal

Em Itália o dia 25 de Abril é um feriado estranhamente próximo e afastado do nosso. Próximo porque é também o “dia da libertação” dos fascismos que marcaram o século XX. Distante por tantas outras razões. Não corresponde a um dia, mas a uma convenção, em que se celebra especificamente a libertação de Turim e de Milão — até 1 de Maio libertou-se a restante região norte, até Veneza. A libertação de um fascismo de 20 anos e o fim de uma guerra de cinco, uma guerra onde se soube que se participou — do lado errado. Clara e assumidamente o início de um processo, até ao referendo que decidiu que a Itália seria, não uma monarquia, mas uma República Constitucional. Ainda hoje se repete em Itália, em cartazes, em pancartas, em graffittis: la liberazione è un esercizio quotidiano. A libertação — ou a liberdade — é um exercício quotidiano.

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Que festa é esta, pá?*

Olha, desculpa lá que me intrometa… mas não pude deixar de ouvir o que estavas a dizer.

É a tua primeira Festa? Pois, então é compreensível. Sabes que apreciar esta festa, tem muito que se lhe diga, a sua arte, o seu mistério. Mas olha, isto não é nada como o Super Bock Super Rock. Esta é a festa do Partido Comunista e do seu jornal, que dá o nome à festa: o periódico do mundo inteiro que mais tempo sobreviveu na clandestinidade. É qualquer coisa, hein?

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Só é pacifista quem pode dar-se a esse luxo

Assistimos hoje, em Gaza, a um genocídio com a aprovação da comunidade internacional, tão pronta, noutras ocasiões, a decretar pesadas sanções e ameaças e tudo o resto que faça tremer de medo os media ocidentais. Mais nada. Sejamos realistas, as sanções económicas são o pior que pode haver para quem ainda tem alguma coisa a perder. Porque nunca estas sanções afectam os que deveriam ser realmente os alvos.

Obviamente, ninguém com dois dedos de testa espera, no actual panorama da política internacional, com as movimentações de interesses geopolíticos a que temos assistido às portas da Europa, que surja um bloqueio a Israel. Ou que apareça qualquer coisa a condenar Israel pelo genocídio que está a efectuar em Gaza.

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Os animais (não humanos) não são vingativos.

Não é minha intenção entrar na corrida para ver quem defende mais os animais. Até porque essa corrida está ganha à partida por aqueles que defendem a superação do capitalismo. A superação do capitalismo, o fim do modo de produção baseado na maximização do lucro, trará também o fim da economia orientada para o lucro fácil, como tal, trará o fim do tráfico de animais, o fim da sobreprodução animal para alimentação, o fim da devastação florestal e de outros habitats de milhões de animais. Talvez a superação do capitalismo possa também pôr fim à utilização de animais para fazer testes de cosméticos e outros produtos que nos “embelezam” à custa do sofrimento de milhões de seres vivos. Eventualmente, a superação do capitalismo porá um fim à chacina de animais para produzir roupagens de luxo. Provavelmente, um dia mais tarde, o fim de uma economia orientada exclusivamente para o lucro, acabará com o apuramento genético de animais doentes e deficientes para fazer bibelots ou peluches que ficam bem na ponta de uma trela. A superação do Capitalismo possibilitará uma relação com a Natureza e os outros animais completamente diferente daquela que o Capitalismo nos impõe.

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