Já não deve constituir surpresa para ninguém o facto de PSD e CDS demonstrarem enorme interesse em derrubar, de uma vez por todas, quaisquer obstáculos que se entreponham à sua missão ideológica. Atendendo às reincidências no cadastro da sua acção governativa, já não se pode nem se deve falar de «incompatibilidade» da política deste governo com a Constituição. Mais do que isso, trata-se antes de perigosa e muito grave «incompatibilidade» de PSD e CDS com a própria democracia. Estes partidos, não apenas pela prática política mas também pelo discurso cada vez mais reaccionário dos seus principais responsáveis, vão deixando cair essa máscara fictícia de partidos pertencentes a um «centro moderado», a um «centrão» ou «bloco central», ainda que tal falsa ideia vingue (por enquanto) entre a maioria da população. Começa a ser risível, embora preocupante, que haja ainda quem tenha o despudor de falar pejorativamente em “radicalismos” em referência ao PCP – partido defensor acérrimo dos preceitos constitucionais, lutador incansável pelo cumprimento da Lei Fundamental -, quando aquilo que vemos é que os verdadeiros radicais, aqueles que ameaçam a democracia, os que procuram incumprir (repetidamente) as leis do país, mesmo as fundamentais, esses, são os que já se encontram instalados no poder em Portugal.
O que os estorva mesmo é a democracia
