Da destruição de símbolos

Que diriam os antigos romanos sobre este intenso debate que agora se despertou em torno das estátuas? Eles criavam figuras de vulto de imperadores, senadores e outras figuras políticas com cabeças amovíveis. Deste modo, quando alguém caia em desgraça, morria por morte matada ou morte morrida ou era destituído, eram também descartadas as suas imagens e, admitamos, era mais fácil trocar a cabeça do que o corpo inteiro. Nada de memórias escrupulosas.

Serviu esta introdução para dizer que estátuas, antes de obras de arte, são símbolos. E que, embora o património cultural seja decretado, na realidade, ele só o é de facto quando tem relevância para a identidade colectiva de um povo. Não coincidindo muitas vezes, por excesso ou omissão o decretado com o efectivo. Ler mais

Portugal e a Tragédia Brasileira: O Grande Silêncio

Já ninguém se lembra da presença ufana e folclórica de Marcelo na tomada de posse do «irmão» Bolsonaro. Nem dos elogios apaixonados à forma tão «prestigiante e afável» como Portugal fora recebido por aquele tão recomendável leque de governantes. Foi bom estar ali, dizia Marcelo, e acrescentamos nós: ali, lado a lado com pastores fanáticos de seitas religiosas, ignorantes funcionais, citadores de figuras nazis, o mais hediondo grupelho de ministros alguma vez empossado naquele país. Marcelo tinha ido ao beija-mão solene de uma das mais sinistras figuras da história contemporânea do Brasil, que, entre inúmeras pérolas, já naquela altura tinha no curriculum das misérias morais o ter dito que não «estuprava» mulheres porque não mereciam. Era a tomada de posse de alguém que já não escondia quem era, nem ao que vinha. Mas já ninguém se lembra e sobretudo agora também não interessa lembrar. A mesma comunicação social que promove os «afectos», também não deixa de silenciar as «patadas». «E daí?»

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Pablo Hasel, o twitter e o ex-monarca Juan de Bourbon

Menos de 24 horas depois da confirmação da pena de prisão aplicada ao cantor de hip-hop comunista Pablo Hasel a imprensa espanhola dá a conhecer novas investigações sobre alegados crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais associados a Juan Carlos I de Bourbon, o ex-monarca espanhol que abdicou a favor do seu filho, Felipe VI. A ironia da coisa: a condenação de Hasel tem por base tweets nos quais o cantor denuncia o carácter retrogrado e corrupto da monarquia espanhola.

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