Autor: Ricardo M Santos

Visitar o jardim no fogo de Odessa

Uma delegação da Assembleia da República chegou ontem a Kiev para uma visita à capital ucraniana. Entre os participantes está Isabel Pires, deputada do Bloco de Esquerda, que referiu à RTP3 qualquer coisa como “o parlamento [português] tem trabalhado envidado os seus esforços numa solução para a paz”, sem, no entanto, referir quais. Percebe-se. Em 2016, o Bloco de Esquerda recusou integrar uma delegação que acompanharia o Presidente da República a Cuba. O motivo apontado foi a coincidência de datas das jornadas parlamentares, que que teriam lugar na mesma altura. O BE tinha então 19 deputados. Hoje, na Ucrânia, tem a companhia de PS, PSD e IL. Estes últimos, hoje, não devem ser os radicais protofascistas neoliberais que eram no dia 1 de Maio.

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Ou falas tu ou és calado

Todos os meses, a Marktest apresenta um gráfico com as figuras mediáticas com maior presença nos quatro canais em sinal aberto, durante os espaços de informação, ou “telejornais”, como a história da televisão nos habituou a chamar. RTP1, RTP2, SIC e TVI têm, entre eles, oito espaços de informação diária, sendo incluído, e bem, o Portugal em Direto, na RTP1. A contagem anual do tempo que cada um é reveladora do que é o panorama da informação em Portugal.

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Os bois e os nomes

As cenas vistas em Brasília, depois de uma marcha de fascistas devidamente enquadrada pelas autoridades policiais, são o resultado da ascensão e reorganização da extrema-direita, a sua normalização, e falsas equivalências entre extrema-direita e tudo o que não seja extrema-direita. Convém recordar que Lula não é comunista, não é um radical de esquerda e será no máximo, e com muito boa vontade, um social-democrata progressista. Mas é um antifascista pelo que, de acordo com a lógica dominante atual, é um radical tão mau como os fascistas, mesmo tendo gente de direita no governo recém-nomeado. O sucedido merece um olhar, ainda que breve, sobre as várias dimensões da questão brasileira, que se estende a outros países um pouco por todo o mundo.

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25 de Novembro, o dia em que temos de fazer tudo de novo

As tentativas de reescrever a história por parte da extrema-direita não são uma novidade nem em Portugal, nem na Europa. São o caminho que tem vindo a ser trilhado com a conivência daquilo a que se chama, nos dias de hoje, valores ocidentais.

As tentativas da direita e extrema-direita em relevar o 25 de novembro, não são menos do que procurar descredibilizar a Revolução de Abril e as suas conquistas, que tanto custam a engolir aos herdeiros do fascismo. A referência a Jaime Neves, em particular, que na noite de 24 para 25 de Abril se furtou à missão que lhe tinha sido confiada pelos militares revoltosos, por motivos mais mundanos, como é público, é um insulto nojento à memória das vítimas dos massacres de Wiryamu, Chawola e Juwau, no distrito de Tete, em Moçambique, a 16 de dezembro de 1972.

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125 rosa

Eu sei que os Trovante se tornaram numa espécie de guilty pleasure de pessoal da minha geração e mais velho, que não há paciência para o Represas, e o cabelo e está gordo e as letras, que agora são pobres, mas, afinal, estamos quase todos como as letras dele. O 125 dos Trovante era azul, mas os que hoje começam a cair nas nossas contas têm tons de rosa. Uma mesada de um mês, que vai dar muito jeito aos cerca de seis milhões de beneficiários, mas que é tão pequena, que roça o insulto. É que a vida, para a esmagadora maioria da maioria esmagada, não acaba em outubro.

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Do Ribeiro ambiental ao esgoto a céu aberto

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, vieram a público alguns especialistas instantâneos em diversas áreas: relações internacionais, geopolítica, geoestratégia, história, resolução de conflitos, estratégia militar, entre outros. E não estou a falar dos comentadores residentes nos diversos media, os tudólogos, que tanto têm opinião e sabedoria para disseminar sobre política internacional ou o melhor esquema tático do Benfica, a morte da rainha de Inglaterra ou a localização do novo aeroporto de Lisboa. Esta sabedoria, de quem veio ao mundo para nos iluminar, aos comuns mortais, é sancionada pelos jornalistas que os acompanham, sem que exerçam o seu dever de contraditório que, de tempos a tempos e dependendo dos convidados, exercem com veemência.

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Como o Qatar deu gás ao Mundial

As notícias mais recentes apontam para cerca de 6.500 trabalhadores mortos na construção de estádios no Qatar, neste ano. Apesar de ter anunciado pela FIFA como vencedor da organização do torneio a 10 de dezembro de 2010, só muito recentemente – demasiado – se começou a olhar para este atentado. Mas reza a lenda que não há almoços grátis. E gás também não. Quando se fala do possível racionamento do fornecimento de gás a alguns países da União Europeia, vale a pena lembrar que há uma história por trás do Nordstream II, que deveria aumentar o fornecimento oriundo da Rússia à Alemanha, complementando o Nordstream I, e que envolve os dois países e os EUA. Os outros Estados envolvidos serão aquilo a que a ideologia dominante optou por considerar danos colaterais.

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Os falcões Bolton sempre ao local do crime

John Bolton é um conhecido falcão de guerra estado-unidense. Fez carreira nas administrações dos EUA sempre na área da segurança, ocupando vários cargos, tendo sido embaixador na ONU e, mais recentemente, Conselheiro para a Segurança Nacional durante o mandato de Trump, tendo também passado pela NSA e pelo departamento de Justiça durante os anos de George W. Bush.  O facto de ter sido também administrador da USAID durante o mandato de Reagan, deveria abrir alguma luz sobre o real trabalho que é feito por aquela organização, que ainda é vista por alguns como uma agência de promoção do desenvolvimento.

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