Todos os artigos: Nacional

Um caminho escorregadio

O PCP escolheu ser cúmplice de Putin. Enquanto um povo estava a ser invadido e massacrado, decidiu pôr-se com enquadramentos, contextualizações, racionalizações e outras formas inaceitáveis de contemporizações. Numa guerra contra o mal só há dois lados e quem não está contra o inimigo está com Putin. Sim, porque é muito fácil racionalizar e contextualizar a guerra quando não é a nossa terra que está a ser invadida. A racionalidade dos que, a meio da invasão, pedem o fim da guerra, é própria dos traidores. Sim, os comunistas condenaram Putin, explicitamente até, mas sempre condenando também a NATO; sempre fazendo comparações históricas; sempre invocando golpes de Estado; sempre a pedir-nos para ler o texto de qualquer coisa! Sempre fazendo o jogo de Putin!

Só um avençado de Putin é que viria, neste momento, falar em “paz”. O mundo livre sabe que nem se negoceia com um agressor nem se faz a paz com um louco. Numa guerra mata-se ou morre-se. Matemos e morramos, pois, pela glória de defender o bem contra o mal absoluto! Como disse o presidente-herói Zelensky: “os russos são um vírus”. E com um vírus não se dialoga: um vírus extermina-se. A nossa liberdade depende disso.

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Quid est veritas?

A célebre dúvida de Pilatos, trazida até nós pelo evangelho de João (Jo 18, 38), foi sempre tomada como uma das grandes interrogações da humanidade. Durante séculos, filósofos, pensadores, ideólogos, sociólogos, cientistas, historiadores, homens e mulheres, novos e velhos procuraram a grande resposta e, até hoje, sem grande sucesso. Mas quando digo ‘até hoje’, refiro-me literalmente ao presente e marcando desde já, e com toda a segurança, o término dessa longa viagem de crítica e de reflexão. Sim, porque, alvíssaras, já temos uma resposta: a verdade, hoje, é aquilo que cada um pretende que a verdade seja.

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A verdade é uma coisa qualquer

A verdade é uma coisa qualquer.

Só assim se entende que a actual narrativa anticomunista se construa e levante não assente em factos, mas antes se molde à conveniência e a um propósito último.

Não valeu de nada uma única palavra dita pelos comunistas portugueses, que afirmaram, “Putin age com tiques czaristas, a paz é o caminho, que se cesse de imediato a intervenção militar russa”, o que se escreveu e se leu foi, “PCP não condena Putin, nem a guerra”.

Não valeu a posição histórica do PCP em todos os cenários de conflitos internacionais, onde em todos, sem excepção, se apelou à paz e à diplomacia, ao contrário de outros.

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Herói da classe trabalhadora

O campeão das fugas prisionais partiu no dia anual de homenagem aos partizans jugoslavos. Filho de um anarco-sindicalista, ganhou consciência política muito jovem. Um dos muitos homens que nunca tiveram direito a ser meninos dormia numa banheira com palha num estaleiro da construção no Barreiro. Tinha 14 anos quando aderiu ao PCP e 15 quando a PIDE o espancou pela primeira vez. Foi operário no Arsenal da Marinha. Fugiu três vezes da prisão: duas de Peniche e uma de Caxias. Levava o pseudónimo de Freitas e conduziu a operação de fuga de Agostinho Neto e Vasco Cabral de Portugal rumo a Tânger. Foi um dos responsáveis pela Acção Revolucionária Armada, estrutura do PCP para fazer frente ao fascismo e ao colonialismo português em território nacional com operações contra a NATO e infraestruturas e equipamentos militares. Foi deputado depois da revolução e tinha a idade do PCP.

Cem anos e mais um da existência de um revolucionário de corpo inteiro. Uma fortaleza humana que se confunde com a história do movimento operário no nosso país e com a história do único partido que sobreviveu, resistiu e venceu o fascismo. Mulheres e homens como Jaime Serra são o combustível da revolução. Da que foi e da que virá. Aquela que se constrói na luta de todos os dias.

Até sempre, camarada.

Pódio de classe

pódio

Há um equívoco incompreensível em alguma esquerda que optou, nestas eleições como já havia feito nas Presidenciais, com os resultados que se conhecem, por fazer parte da campanha colocando o combate ao fascismo num patamar de corrida. Afirmar que um partido, seja ele qual for, ficar em terceiro numas eleições é uma derrota do fascismo que, teoricamente, ficaria em quarto, é, no melhor dos casos, ingenuidade; no pior, eleitoralismo e calculismo perigoso para toda a esquerda. Importa, assim, esclarecer alguns aspetos desta estratégia.

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O Chicão é aldrabão

No mais recente debate que teve lugar na RTP3, o ainda líder do ainda CDS teve uma declaração que ficou no ouvido, referindo-se ao “Manel, que está há quatro anos à espera de uma consulta de oncologia”. Confesso que ponderei se valeria a pena gastar tempo e teclas para escrever sobre uma declaração de alguém tão novo e, ao mesmo tempo, tão velho. Porém, até as piores desculpas são bons motivos para escrever.

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