Todos os artigos: Nacional

A culpa é do vizinho

Está estabelecida, numa parte da sociedade, a ideia de que questionar o que quer que seja feito pelo governo no combate à pandemia é ser, na melhor das hipóteses, parvo, na pior, um negacionista da Covid-19. Considerar que esta declaração de Estado de Emergência e o que foi decidido no Conselho de Ministros não foram as melhores opções é um crime de lesa-pátria. Considerar que estamos a caminhar para a normalização do que deveria ser excecional, com Estados de Emergência atrás de Estados de Emergência, e a limitação das liberdades individuais, de associação e reunião, não é o caminho certo, parece ser um ataque vil a tudo e mais alguma coisa.

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A evolução da composição orgânica do capital e a pandemia

O capital fixo, a máquina, não cria riqueza económica se não for operada por uma pessoa. Só o tempo de trabalho roubado a um trabalhador, a que chamamos “exploração”, pode criar riqueza do ponto de vista do valor de troca, valor especialmente essencial para o funcionamento do capitalismo e do seu sistema de acumulação.

Tendo em conta que, para alterar o valor de troca, é necessária a transformação de uma matéria-prima em mercadoria por um processo de trabalho e que o valor de troca é definido pelo trabalho socialmente necessário para a transformação da matéria-prima em mercadoria, a substituição do trabalho humano por capital (substituição de ser humano por máquina) não cria riqueza.

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O novo anormal

Ao contrário do que nos têm enfiado pelos olhos dentro nos últimos meses, não há nada de normal nos tempos que estamos a viver. Isso não é de agora, é certo, mas a normalização de todas as medidas e mais algumas a pretexto da pandemia, por mais despropositadas que possam ser, são um risco que vem acentuar uma tendência securitária que vem fazendo o seu caminho, mais ou menos tranquilamente, desde os atentados de 11 de Setembro de 2001. Esta nova normalidade de distanciamento físico, que agrava o distanciamento social, de constrangimentos à livre organização e reunião, não pode ser vista apenas à luz da pandemia. Há mais aqui com o que nos preocuparmos.

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Chamava-se Luis

Um trabalhador morreu. Morreu porque foi trabalhar e teve um acidente de trabalho. Tinha 51 anos. Trabalhava nos SMAS em Vila Franca de Xira há quase 30 anos. Trabalhava numa Autarquia Local e por isso, trabalhava em prol de todos nós. Chamava-se Luis e desde o dia do seu acidente (22 de Julho) lutou com todas as suas forças para resistir. Morreu no dia 9 de Setembro de 2020.

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De Moria a Lisboa: o Bloco de Esquerda, Marisa Matias e a grande mentira

Há coisas que nos passam pelos olhos que das duas uma:

Ou são mentiras deliberadas e quem as conta não se importa de as contar ou quem as escreve pensa que somos todos uma cambada de acéfalos.

Que o tema dos refugiados é um tema sobre o qual as personalidades gostam de discorrer, muitas vezes puxando o pé para a caridadezinha porque coitadinhos temos que os ajudar, já todos estamos mais do que habituados.

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Tudo o que é sólido dissolve-se ao espelho

Nunca saberemos se a Rainha Má era uma má rainha. Nos tempos medievos a que remonta a história, bastava uma mulher não ser tão tacanha como a Branca de Neve, ou simplesmente estar uma ideia à frente do seu tempo, para logo lhe ser posposto o maligno adjectivo.

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A gripe de São José

No passado sábado, no diário da Sonae, Público, São José Almeida, redatora-principal, decidiu gastar 4.072 carateres com o PCP, algo que costuma fazer apenas na altura dos Congresso do Partido, quando, talvez mais por vergonha do que por decência, o jornal se vê obrigado a fazer uma abertura de página com o evento. São José Almeida saca da pena e dispara em todas as direções: Critica o decreto que permitiu as celebrações do 1.º de Maio; omite o motivo que levou os festivais a não se realizarem; mente ao dizer que o PCP afirmou que estariam 100.000 pessoas por dia na Festa; está preocupada com os custos eleitorais do PCP e assume uma questão que é lapidar: se houver um aumento de casos, a opinião pública atribuirá essa responsabilidade ao PCP. E isso, para São José, é um dado adquirido mesmo que não seja verdade, e não lhe passa pela cabeça, enquanto jornalista, desmontar essa perceção pública. Vamos passar à frente as considerações que faz sobre Álvaro Cunhal, porque o legado do antigo Secretário-Geral do PCP o dispensa.

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A polémica já não é sobre a Festa do “Avante!”

Jornais, rádios e televisões distanciaram-se tanto da realidade daquilo a que se chama cidadão comum que praticamente já ninguém lhes dá qualquer credibilidade. No fundo, esta armadilha mediática em que vivemos é identificada com o sistema político, económico, social e cultural em que vivemos. O mesmo que mantém os trabalhadores na miséria. Os milionários que financiam o Chega fazem parte da mesma elite que financia o PS, o PSD e o CDS-PP e que sabem a importância de terem alguém que instrumentalize o descontentamento social de forma a que não caia nas mãos dos comunistas. Foi assim nos anos 20 e 30, é assim agora.

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