Todos os artigos: Nacional

A «boa imagem externa» que é ser-se um servil rastejante

Há cem anos, a subserviência a uma potência externa (no caso, a Inglaterra) atirou-nos para a frente de combate da maior das guerras até então travadas no tabuleiro europeu e mundial. Um século decorrido, o mesmo sentimento de bajulação e servilismo de quem nos governa face a uma outra grande potência externa (neste caso, a Alemanha), atira-nos em sacrifício, rotos e famintos, para as trincheiras da batalha pela defesa da ideologia da austeridade. Num caso como noutro partimos impreparados, com uma mão à frente outra atrás, sem vontade de exigir o que quer que fosse ou o que quer que seja, mas em ambos os contextos com a mesma predisposição e o mesmo objectivo: ser um cão-de-fila exemplar, elogiado “pela dona” enquanto serventuário fiel, bem domesticado e obediente.

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As 50 sombras de Guedes

Qual Esdras pedindo perdão a Deus, Jean-Claude Juncker veio expiar publicamente os seus pecados contra os povos vilipendiados pela UE. Para o Presidente da Comissão Europeia e ex-presidente do Eurogrupo, a troika “pecou contra a dignidade” de portugueses, gregos e também irlandeses.

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“A História Do Papagaio Caio, Da D. Vicência Sampaio E Da Amiga A Dona Carlota Bexiga”

A política de direita não precisava de mais um jornal ao seu serviço no panorama editorial nacional. Certo sector da direita sim, sentia-se sub-representado. O Observador surge nesse contexto, multiplicando por muitos um espaço de promoção de uma mundivisão ultra-reaccionária que tinha em meia-dúzia de articulistas dispersos, cruzados sem crédito num panorama geral de publicações mais contidas e encostadas a chavões meio-tinteiros, os seus mais diligentes representantes. Com o surgimento d’O Observador passaram a existir, em menos de nada, cinco ou seis novos Henriques Raposo, nove ou dez Joões César das Neves, três ou quatro Pulidos Valentes.

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Um saco de plástico pago não polui?

Actualmente quando faço compras, recebo três ou quatro sacos de plástico para as levar até casa. Geralmente não pago pelos sacos, excepto num ou outro supermercado. Mesmo quando pago, o preço do saco fica em torno de 2 cêntimos. Depois de utilizar os sacos para transportar as compras, geralmente uso os sacos para transportar coisas na moto, incluíndo a roupa suja, para colocar o lixo e para transportar o lixo.

A partir de dia 15 de Fevereiro, uma nova lei entra em vigor, para supostamente diminuir o consumo de plástico. Então vejamos: eu continuarei a ir às compras e, eventualmente passarei a utilizar uma alcofa para transportar as compras. Contudo, continuarei a precisar de sacos do lixo. Como tal, das duas uma: ou compro os sacos de transporte das compras por 10 a 12 cêntimos ou compro sacos de plástico para o lixo que são maiores, mas mais baratos.

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Somos todas as Covas da Moura

Entrei no bairro pela primeira vez. Com a sensação de estar a conhecer uma realidade bem diferente de tudo o que já conheci.

Fico em frente à varanda onde Jailza foi baleada. Vejo onde as carrinhas costumam – costumam – bloquear o bairro. Ele chega e conta o que aconteceu. Onde estava, como foi agarrado e o que lhe disseram. Todo o tempo apenas sou capaz de fazer um esgar de incredulidade.

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“Callcenter – um operário em construção” por Paula Gil

Comecei a trabalhar, num callcenter, na linha da NOS em Setembro de 2014. Fui contratada pela EMPRECEDE, uma empresa fantasma com o único objectivo de servir de intermediário à Teleperformance no recrutamento de recursos humanos. Uma empresa com 7000€ de capital social e mais de 1000 trabalhadores – bem mais de 1000 trabalhadores.

Os dias de formação são pagos a 5€ – as 8horas que lá passas (0,62€/hora) e que são obrigatórias -, mas só os recebes se completares a formação e em conjunto com o teu primeiro ordenado. Para que fique assente: toda a gente passa aquela formação. O único requisito é que não penses muito! Eu recebi 25€ pelos meus 5 dias de formação.

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QALY é a tua, ó meu?

Mário Amorim Lopes, que pelos vistos dá aulas de microeconomia numa faculdade qualquer, escreveu a título de convidado um texto no “sentinela” na direita portuguesa, o “observador” que é uma peça política capaz de fazer parecer uns meninos alguns dos mais sanguinários fascistas. O facto de este Mário ser professor na Universidade do Porto e doutorando em economia da saúde prova que de facto, Alexandre Homem Cristo, do CDS, tinha razão quando escrevia que “temos maus professores”, pelos menos no que toca a este Mário Amorim Lopes. Mas pior, mostra que temos o ensino capturado pela doutrina dominante do neo-liberalismo mais bárbaro e ordinário.

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A Cova da Moura não caminha só

Costuma-se dizer que na Amadora há bairros em que a polícia não entra, mas não é verdade. Nesses bairros, o que não entra é a Constituição da República Portuguesa. É preciso dizê-lo claramente: a Cova da Moura é um bairro de trabalhadores. Gente que todas as manhãs desce a encosta íngreme de ruas labirínticas para ir levar os filhos à escola e depois, quando há trabalho, ir trabalhar. Quem conhece o Alto da Cova da Moura depressa aprende a admirar a criatividade, a alegria e a solidariedade desta comunidade que, desafiando a exclusão dos governos, a pobreza imposta pelo capitalismo e as condições de vida, tantas vezes miseráveis, consegue ser um exemplo de dignidade para Portugal.

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