O futebol não explica o mundo mas… lembra muita coisa.

Correram mundo as imagens dos diversos incidentes ocorridos ontem no jogo de futebol entre a Sérvia e a Albânia. Ganhando destaque a imagem do jogador Sérvio que agarra uma bandeira da “Grande Albânia” transportada por um drone que sobrevoava o relvado.

Se algum mérito se pode encontrar naquela provocação, é que ela lembrou a tensão que se mantém na região. Certamente o futebol não explica o mundo, mas por vezes pode expressar histórias, realidades e sentimentos que se procuram ocultar.

Ler mais

“Entregar, entregar e entregar”

Moedas disse no parlamento europeu (PE) “delivery, delivery and delivery”, enquanto era questionado pelos deputados europeus a propósito da sua indigitação para comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, numa alusão a ser orientado para os resultados (que tem sido uma forma muito utilizada para substituir o já batido – os fins justificam os meios!).

Ler mais

Os bastões de António Costa

Há uns anos atrás, quando inauguraram a sempre caótica rotunda do Marquês de Pombal, um curioso que por ali passava atreveu-se a fazer uma pergunta que não havia ocorrido a qualquer um dos responsáveis técnicos e políticos da obra. Onde estavam os sumidouros para escoar a água? Entre o gaguejo demagógico do típico discurso fingido, os autarcas apressaram-se a garantir que estava tudo pensado. É este o nível de profissionalismo de quem está a governar uma cidade para os interesses privados. Mas antes de se especializar em afogar Lisboa e responsabilizar o Instituto Português do Mar e da Atmosfera pela falta de previsão, António Costa já existia.

Ler mais

A insinuação

Foi por mero acaso que apanhei o final do programa “Este sábado” transmitido pela Antena1 no passado fim-de-semana. Quando liguei o rádio iniciava-se a intervenção de Raul Vaz, personagem do comentário político que a Antena1 insiste em apresentar como especialista em questões de política nacional.

Ler mais

Outubro

Era um vez, há muito, muito tempo atrás, um país onde quem ordenava era o povo. Pode parecer impossível, mas nessa terra distante, os teatros eram gratuitos, só se trabalhava sete horas, os estudantes eram pagos para continuar a estudar e quando alguém ficava doente, havia hospitais onde não se pedia dinheiro nem seguros de saúde.

Mas esse mundo desapareceu: os teatros voltaram a ser caros, voltou a trabalhar-se doze horas por dia, os estudantes passaram a ter que se endividar para poder estudar, os hospitais voltaram a ser um privilégio dos ricos e nós, passada a vertigem bárbara dos anos noventa, voltámos a debruçarmo-nos como arqueólogos sobre as ruínas engolidas pela selva do dinheiro, querendo saber tudo sobre esse tempo, como nasceu, como viveu e como morreu.

Ler mais

A superioridade curricular de Varela, Raquel

«Lisboa, uma cidade à venda», poderia bem ser o título deste post. Como o poderia ser «o avanço da gentrificação nas grandes cidades» ou mesmo um pequeno texto sobre como as políticas municipais e nacionais estão a transformar as cidades num espaço apenas acessível a elites económicas, expulsando do seu centro quem desde sempre o habitou por não terem condições para permanecer nestes espaços, agora de elite.

Ler mais

O imperialismo existe

O processo mental de construção daquilo que quero escrever é uma espécie de nuvem que se vai alimentando de factos até crescer de tal forma que desagua numa tormentosa necessidade de escrever. Acontecimentos tão distantes geograficamente como os que se passam no Curdistão, na Venezuela e em Portugal cruzam-se com outros cuja distância não se mede em quilómetros mas em anos. Há pouco tempo, com um amigo colombiano que visitava a capital portuguesa pela primeira vez, debatíamos sobre a miserável assepsia que brotava da ideia dominante de que a Europa era um continente exemplar. Meses antes, havíamos estado num remodelado mercado de uma cidade europeia que já fora palco de violentos combates entre o operariado e as forças da repressão. Depois de um processo de reconfiguração, o que havia sido um importante centro industrial era agora um cartão de visita para o turismo. Do fumo das granadas de gás e dos fortes cheiros que cuspiam as fábricas envolventes aos estaleiros, agora o ar que se respira é quase impoluto.

Ler mais

Caos? Qual caos?

Não há caos absolutamente nenhum. Na Justiça está tudo normal. Tirando o facto de o sistema estar paralisado, o curso dos processos suspenso, a confiança dos cidadãos na justiça contaminada e os juízes falarem de uma situação “gravíssima” e “preocupante”, tirando isso, está tudo bem.

Na Educação também não há caos absolutamente nenhum. Tirando o facto de o concurso ter sido anulado, de haver milhares de professores sem colocação, de haver turmas sem professores há semanas, de o ministério se descartar atirando responsabilidades para cima das escolas, tirando isso, está tudo bem.

Ler mais