NOTA 1 – PS e PSD-CDS , à semelhança de outras campanhas, trocam acusações parvas entre si como quem joga ping pong. Evocam a Honra, a Dignidade, exigem pedidos de Desculpa, afirmam não ter medo e mandam o adversário ter juízo. Tudo para esconder as profundíssimas semelhanças políticas entre eles. De facto, para encontrar diferenças entre as votações destes três partidos é preciso uma lupa e, ainda assim, será difícil. É a alternância disfarçada de alternativa. Teria graça se não fosse a nossa vida a estar em causa.
O voto que não trai o povo e o país
Da inevitabilidade abstencionista *ou um ensaio sobre o abstentor
Dos radicais aos abstencionistas, aos anarcas comunistas, anarco-sindicalistas, debordistas, situacionistas, bakuninistas, proudhonionistas, anti-troikistas e outros istas para os quais ainda não foi inventada um gaveta para que sejam engavetados da forma como engavetam os partidaristas, e, no caso que me interessa, os comunistas (não, estes não estão em itálico porque é mesmo o que nós – eu – somos) tenho vindo a ler os testemunhos prestidigitadores na blogosfera (ainda se usa esta palavra?) com odes à abstenção/reflexão/discussão.
Marx chegou a Lisboa
Marx chegou a Lisboa. Passou pelo filtro do spam e através da racha na parede. Entrou pelo buraco de um sapato velho. Esgueirou-se numa corrente de ar, quando se esqueceram da porta do centro de emprego aberta. Veio com os cartazes e os panfletos e os grafitis nas paredes. Ler mais
Mudança, sim. Mas mudança a sério.
A confirmar-se a notícia que faz hoje primeira página no “i”, “Merkel já decidiu a próxima Comissão Europeia, antes das eleições“, Ainda segundo “i”, Merkel não tomou a decisão sozinha: a decisão foi cozinhada pela “grande coligação”, ou seja entre os conservadores e os sociais democratas alemãs, equivalentes aos partidos do arco da desgraça nacionais: PS, PSD e CDS.
CDU e Bloco – Diferenças de Classe

Fotografia retirada do site Esquerda.net
João Teixeira Lopes, dirigente do Bloco de Esquerda, acaba de dar à estampa um sórdido artigo sobre as diferenças entre o BE e a CDU, em que, grosso modo, ficamos a saber da coerência do primeiro e do sectarismo do segundo. Malgrado não seja meu costume dar réplica à espuma que a infantilidade deste partido vai salivando no calendário, este escrito é tão intelectualmente desonesto e reveste-se de tão torpe violência que não pode acabar sem desmentido. Mas fique mónita, em jeito de declaração de interesses, sobre a minha cor: sou militante de base do PCP e, infelizmente, não sou tão livre como os eleitos (europeus ou municipais) que o BE gosta de empoleirar antes de partirem para mais altos voos, em novas e distantes paragens no colo do PS e da Direita. Terão que desculpar-me os dirigentes do BE tão sectário comprometimento, que confio não enjoar estas linhas.
Daqui ___________________ ali, já não há nada a perder
É fácil ouvir a desesperança nas palavras quotidianas. Na verdade, a economia “de mercado”, a obsessão com défices, as “regras de ouro” acabaram por transformar, passo a passo, na mesmíssima estrada percorrida há muitas décadas, cada um de nós para cada um dos outros em mais um.
Mais um que consome recursos do Estado, mais um que rouba empregos, mais um que se vende cada vez mais barato baixando os salários de todos, mais um doutorado, mais um analfabeto, mais um sem subsídio de desemprego, mais um subsídiodependente.
17 de Maio: o adeus à Troika
Acordei estranhamente feliz. No telhado chilreiam pardalitos, pintassilgos e uma livre andorinha faz o seu ninho no topo da chaminé do meu prédio. Saio da cama num pulo e dirijo-me saltitante até às janelas da casa, abro-as todas e deixo entrar a brisa fresca que passeia pelas ruas. A vizinhança está diferente, ouvem-se risos e suspiros de alívio em todas as casas. O sol brilha melhor e a relva está mais verde, algo mudou.
Rapidamente entro num banho quente mas refrescante, um banho que me coloca em paralelo com este dia novo e belo, um banho que me limpa da sujidade do tempo que já passou e que não queremos que volte. Visto cores garridas e vivas, nas colunas o Gene Krupa está ainda mais ritmado e certo dos seus tempos, cada batida na tarola faz-me mover uma nova parte do corpo, faz-me até mover partes do corpo que desconhecia. Até o barulho perturbador do espremedor eléctrico de laranjas me oferece hoje música para os ouvidos.