Pedro vs Hugo

Hugo Soares, presidente da JSD e deputado à Assembleia da República pelo PSD, declarou, há cerca de uma semana, num debate televisivo, que “todos os direitos das pessoas podem ser referendados”. Foram palavras que originaram, por todo o lado, muitas conversas, discussões e comentários. Já foi há uma semana, bem sei. Nos tempos do “mastiga e deita fora” há prazos de validade para todos os acontecimentos. Mas eu retive o que foi dito por Hugo Soares naquela noite. E retive, não pela declaração que acima transcrevi mas por uma outra: “os portugueses têm maturidade democrática para, se forem esclarecidos sobre esta matéria, votarem em consciência. Sabe porquê? Porque eu não passo atestados de menoridade, nem de inferioridade, a nenhum dos meus eleitores nem a nenhum dos portugueses que estão lá fora”.

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País Basco: quando existir é crime

Há mais de 13 anos, numa das muitas revoltas que estouram no País Basco, por todos os motivos e mais algum, um jovem independentista foi detido e acusado de incendiar um autocarro. Com nome de rocha oceânica, Arkaitz Bellon foi encarcerado desde então. Contra a legislação europeia que exige a garantia de que cada condenado cumpra a sua pena o mais perto possível da sua residência, o Estado espanhol atirou-o para uma prisão na Andaluzia. Arkaitz Bellon resistiu a uma pena que é a todos os títulos mais dura do que as que aplicam a crimes como o da violação ou o da pederastia e resistiu aos sucessivos espancamentos por guardas prisionais. Arkaitz Bellon resistiu até esta tarde quando o corpo foi encontrado sem vida dentro da própria cela. Morreu a quatro meses de ser libertado. Tinha 36 anos.

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Indignação e tal

A Coca-Cola vai despedir 750 trabalhadores e recolocar cerca de 500, numa reestruturação – nome que agora se dá aos despedimentos – que fechará quatro das 11 fábricas da empresa em Espanha.

A empresa beneficia naquele país, com um nível de desemprego comparável ao nosso, de benefícios do Estado que rondam os 900.000 de euros. Já estamos tão habituados a ouvir falar de milhares de milhões que quando falamos só de milhões parece coisa pouca.

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4 de Fevereiro

Assinalam-se hoje, 4 de Fevereiro, os 53 anos do início da luta armada em Angola e, consequentemente, o início da guerra colonial ou guerra de libertação.

Em boa verdade, a resistência à ocupação terá começado no dia em que os portugueses pisaram o território que hoje é Angola, em 1484. Foram quase 5 séculos de conflitos permanentes: quando os portugueses perceberam que não encontravam ouro no curso do rio Cuanza resolveram explorar uma outra riqueza, a força de trabalho. Ler mais

Do lenço para o ranho ao papel para limpar o cu

Quando era miúdo, os meus vizinhos – uma família numerosa, mesmo numerosa daquelas a quem a associação do mano Ribeiro e Castro não passava cartão – tinham a retrete deles fora de casa. Atravessavam a viela estreita, passavam pela minha casa, depois pela cozinha deles – também fora de portas – pelo buraco onde guardavam os cães – ou o que sobrava deles – e só depois, no quintal, estava a retrete, a poucos metros da estrumeira que o senhorio teimava em manter para dar de comer às couves. Era um cubículo estilo militar em tempo de guerra.

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71 anos depois, Estalinegrado!

Ontem celebraram-se 71 anos do fim do cerco nazi de 199 dias a Estalingrado. O fim do cerco foi um importantíssimo momento na 2ª Guerra Mundial, pela libertação da cidade e pelo que isso representou do ponto de vista militar, limitando a expansão nazi, e para a restante libertação que se seguiria. Não existem dados oficiais sobre o total de baixas(a dimensão da batalha não o permite), alguns calculam que a batalha tenha causado a morte ou ferimentos a 2 milhões de soldados e civis, alguns arquivos referem 1.170.000 baixas entre os soviéticos, e cerca de 850.000 baixas entre os nazis alemães e os seus aliados italianos, húngaros, romenos, croatas, espanhóis, entre outros, comandados pelo Marechal alemão Friedrich Paulus.

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Cem anos a bengalar

O cinema e o mundo conheceram Charlie Chaplin no dia 2 de Fevereiro de 1914. Cem anos depois, como espectador e a cada filme de Chaplin que revejo, percebo que os tempos de Charlot continuam a ser modernos. Como actor, sinto-me minúsculo perante os génios de colegas de profissão como este.

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A retaguarda da tua vanguarda não é grande espingarda

Pelo título do artigo de São José de Almeida, “Uma herança de Cunhal“, eu esperava o último foguete do fogo-de-artifício anti-comunista. O centenário do histórico comunista deu ensejo a muito parolo para deixar a caneta destilar peregrinas teorias da conspiração, ódios antigos e outros recalcamentos políticos de traço patológico.

Mas não, São José Almeida não é papagaio de circo nem vaquinha de presépio. Não nos vem dizer que o PCP está a adorar às escondidas estátuas de Cunhal nem que o ex-dirigente denunciou à PIDE o senhor que lhe veio montar o ar condicionado aquando da sua estadia balnear na Roménia. Antes fosse, porque de todas as que já ouvi por ocasião do centenário, a serôdia acusação de SJA contra Cunhal leva a camisola amarela da parvoíce.

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