Saúde “mínima” nas cadeias

Há uns dias na rádio, notícia que não consigo localizar na rede, por inabilidade minha ou porque ela não está mesmo acessível para o consumo da pessoa que se quer informar melhor(?), ouvi que os cuidados de saúde prestados nas cadeias portuguesas estão desde o dia 1 de Janeiro deste ano em “serviços mínimos”. Ler mais

“O seu filho vai ser um monstro!”

“O seu filho vai ser um monstro!” Era este mesmo o título de um artigo que uma senhora lia hoje no 759 da Carris. O texto estava estampado numa revista religiosa. Infelizmente, e para desancar na religião ou igreja certa, não consegui perceber quem publicava aquele belo pedaço de trampa. É suposto que estas revistas sirvam para espalhar uma determinada fé, e eu pergunto-me quem se deixa convencer por uma religião ou igreja que afirma categoricamente que o descendente de quem lê vai virar-se para o Mal e de forma grotesca. Pois, infelizmente mais gente do que se possa pensar. Ler mais

Na ressaca da tempestade

Na ressaca da tempestade à qual os homens sentiram a necessidade – uma vez mais – de dar nome (“Hércules”) surgem amiúde as habituais reacções dos irresponsáveis políticos que nada de sério têm feito ao longo dos anos para minorar os estragos e o impacto deste tipo de fenómenos naturais na nossa costa. O discurso cairá em saco roto, certamente. Lembram-se de reacções do género após a calamidade – em vários sentidos – dos incêndios do verão passado? Ler mais

A normalização da pobreza

No outro dia fui a um supermercado e quando estava na fila para pagar, vi que atrás de mim estava um rapaz que trabalha numa oficina onde costumo ir. Reparei que trazia com ele a filha. Pensei: “o rapaz que costumo ver manchado de óleo tem, pelo menos, uma filha e pode ter mais. Evidentemente ele come, tal como os seus filhos, a sua mulher, se existir e, por isso faz compras.” e continuei…”ele não deve ganhar muito na oficina, provavelmente salário mínimo… como pode alimentar a família com um salário mínimo? ou talvez dois se a mulher estiver empregada…” e fiquei a olhar, confesso.

A resposta foi fulgurante quando o rapaz encheu o tabuleiro rolante com pacotes de arroz e latas de atum. Arroz. Atum enlatado. Nada mais.

Há uns anos atrás, antes da nova vaga da crise sistémica do capitalismo, as dificuldades existiam, sem dúvida. O capitalismo nunca teve como objectivo o desenvolvimento humano, mas em alguns momentos, esse desenvolvimento foi um sub-produto do capitalismo. Não pode, no entanto, tal desenvolvimento continuar, pelo simples facto de que o capitalismo aproxima-se aceleradamente dos seus limites materiais e, esperemos, dos seus limites históricos.

Que a um idoso fosse roubada uma parte de uma reforma.
Que a um trabalhador fossem roubados dois salários.
Que aos jovens fosse negado o direito a estudar e a aprender.
Que aos portugueses fosse negado o direito à Cultura.
Que gente morresse às portas dos hospitais porque não tem dinheiro.
Que as crianças tenham fome, cada vez mais fome e cada vez mais crianças com fome.
Que as filas do desemprego se encham de novos e velhos, de cabeça baixa ante a tristeza da inutilidade a que os “mercados” os votaram.
Que famílias inteiras vivam da mendicância.
Que nos orgulhemos de ser um povo que dá muito ao banco alimentar.
Que as fábricas fechem enquanto ficamos sem trabalho.
Que os jovens partam tristes.
Que os pais chorem a partida dos filhos tristes.
Que ter alimento seja “sorte” e ter “saúde” seja graças a deus.
Que gente que trabalha esteja condenada a comer arroz com atum enlatado, por vezes talvez nem isso.

Com tudo isso nos indignaríamos à explosão. Mas fomos neutralizados, os nossos limites da tolerância perante a miséria foram movidos, gradualmente. Fomos delicadamente treinados a aceitar o que antes jamais poderíamos aceitar. Delicadamente mesmo quando à força, porque fomos confrontados com uma técnica de choque e espanto que nos impõe a miséria como facto consumado, mas crescente. E antes do choque e espanto fomos chamados a escolher os nossos próprios carrascos, entre PS e PSD.

Mesmo os que lutam, mesmo os que se indignam, viram movidos os limites da indignação, porque não são imunes. E a sociedade estará em movimento de progresso quando a nossa indignação for mais sensível e não, como agora, se torne cada vez mais um atributo humano em contracção.

A normalização da indignidade faz dela regra. A normalização da indignidade é o fascismo.

Quanto mais indigna é a vida mais dificilmente nos indignamos.

O Processo

Hoje escrevo na primeira pessoa.

Dos livros, das histórias que se contam, dos casos em tribunal, das séries sobre o fascismo estou sempre no lugar de espectadora. Mesmo quando sou eu a defender camaradas meus que são despidos em cadeias, insultados, jovens activistas ou militantes presos e desaparecidos horas, amigos agredidos por forças policiais e tantos, mas tantos militantes da JCP perseguidos criminalmente, emociono-me e defendo os casos sem distância. São também comigo. Ler mais

O homem do lixo

Agora que a capital parece que está a ficar limpinha, limpinha, escrevo sobre o homem do lixo para tentar explicar ao João Miguel Tavares (JMT) em que consiste o trabalho. Neste caso, o trabalho dos homens do lixo, que eram, no meu tempo de miúdo, cantoneiros de limpeza. Hoje devem ser técnico de qualquer coisa. Vem isto a propósito do que disse o rapaz no Governo Sombra – e não, não vou ler o que escreveu hoje no Público. Ler mais

E os nomeados do ano 2013 são…

Hoje, apresentamos o resultado da votação feita pelos nossos leitores, nos factos e figuras que marcaram o ano de 2013. Rompemos com as tradicionais selecções feitas pelos grandes meios de comunicação. Esta foi a nossa selecção. Este foi o resultado do voto popular.

Este inquérito teve a participação de 513 pessoas.
Pior acontecimento
83% // Manutenção do governo
13% // Morte de Chávez
  4% // Regresso de José Sócrates
Melhor acontecimento
75% // CDU nas Autarquias
17% // Demissão de Relvas, Gaspar e afins
  8% // Reacção popular à morte de Margaret Thatcher
Pobrezinho do ano
48% // Cavaco Silva
30% // Banca Portuguesa
22% // Isabel Jonet
Eu quero um tacho mais do que tu
51% // O livro de Camilo Lourenço
27% // Os textos de Daniel Oliveira
22% // O bater de punho de Miguel Gonçalves
Agarrem-me senão eu vou-me a ele
44% // O Irrevogável Paulo Portas
32% // PS e a queda do governo: Qual é a pressa?
24% // UGT e os seus cartões amarelos

Revolucionário depressivo
51% // Cavaco Silva no funeral de Mandela
35% // Mário Soares nos Estaleiros Navais
15% // Ramalho Eanes homenageado por Arnaldo Matos
Mentiroso compulsivo
74% // Pedro Passos Coelho
17% // Maria Luis Albuquerque
  9% // António José Seguro
A minha escadaria é maior do que a tua
47% // Escadas Monumentais, Coimbra
29% // Bom Jesus de Braga
24% // Escadas da Verdade, Porto
Pendurados – Uma árvore e uma corda
57% // Governo
35% // Banqueiros
  8% // FMI

A saudade como fado inevitável destes tempos

O amor fraternal é algo que nos corre nas veias, em cada pensamento, em cada gesto, sorriso. A cada passo que dás é dela que te lembras, como estará, o que terá aprendido hoje, quantas gargalhadas terá dado à conta das brincadeiras da prima. Quantas telas pintou, quantos desenhos te dedicou. O coração aperta e dói demasiado porque não podes estar presente se está doente, se tem febre, se já escreve até 10. Ler mais