O comunismo não é sobre ti. A luta não é sobre ti nem é um florão para as tuas fotografias nem é um palanque para o teu ego nem é, muito menos, um centro de emprego. A luta é colectiva e é sobre esse colectivo. A militância é uma escola de humildade em que se aprende a substituir o “eu” pelo “nós”. O comunismo é um movimento histórico do qual só podemos ser uma ínfima partícula quando tomamos consciência de que o protagonista é um gigantesco colectivo. Que a militância comunista não seja uma tribo, nem uma bolha social, nem um estilo de vida, mas sim o lugar onde tu venhas para lutar ao lado de muitos milhares em tudo iguais a ti e onde, um dia, possas enterrar o teu egocentrismo. Que tenhas, pois, orgulho nessa sepultura.
T: teletrabalho
T: teletrabalho
Tal como todos os avanços técnicos e tecnológicos, o teletrabalho tanto pode servir para libertar como para oprimir. Como qualquer outro instrumento, o teletrabalho serve os interesses de quem o detém. Se, nalguns casos, o teletrabalho poderia evitar deslocações demoradas, caras e desnecessárias, a realidade demonstra que está a ser usado para aumentar a exploração e transferir para o trabalho despesas que, até aqui, eram responsabilidade do capital.
Não se trata unicamente do aumento dos horários de trabalhos, como demonstram vários estudos, trata-se de ser o trabalhador a pagar pelo arrendamento do seu próprio local de trabalho que, para todos os efeitos legais, passa a ser a sua casa. Na mesma esteira, passa a ser o trabalhador o único responsável pelo pagamento da água e dos esgotos, da electricidade, da internet, do aquecimento, da alimentação, da limpeza e de todos os serviços necessários ao funcionamento da empresa. Ao não traçar valores mínimos, nem obrigações legais, como o subsídio de refeição, a legislação recentemente aprovada na AR não responde a qualquer uma destas questões.
O PS sabe bem de que lado está
Não podemos cometer essa insensibilidade de censurar o PS por ter saudades do colinho dos grandes patrões deste país. São muitos anos de ligação. Das origens aristocráticas ao oportunismo pós-25 de Abril, os laços são profundos, as raízes estão todas lá. Mesmo que nunca os tenham verdadeiramente abandonado, e mesmo que, como se sabe, bom filho a casa acabe sempre por tornar, é também certo que a CIP não deixou de protagonizar certos «amuos» pelas poucas mas efectivas políticas que o PS aprovou e que tiveram o cunho do PCP. O que vimos esta semana com a emenda de mão do PS a uma proposta sobre legislação laboral que o mesmo PS tinha aprovado na generalidade há uns meses, veio evidenciar, mais uma vez, à saciedade, que bem razão tinha o PCP ao rejeitar o Orçamento de Estado proposto pelo governo. Quem se coloca desta forma despudorada e às claras, mesmo que em contraponto com decisões anteriores, ao lado de o que defende a vampiragem da CIP, não pode, de modo algum, contar com o apoio dos trabalhadores portugueses.
Não tenhamos pressa
Este não é um texto grande, nem um grande texto. Afinal, não há palavras que façam jus à pessoa que Saramago foi. Mais do que uma homenagem, este texto é uma pequena ode a todos os que, gostando mais ou menos de Saramago, concordando mais ou menos com o seu pensamento ou forma de agir, olham o mundo e não o compreendem. Diria mais, a todos aqueles que, olhando o mundo, sentem crescer em si uma vontade inabalável de erguer os seus próprios destinos e que veem no próximo, no outro, no amigo ou no camarada, a companhia certa para a mudança.
A bancada tem salvação, revoguem o cartão!
Discute-se, a partir de hoje na Assembleia da República, a revogação do Cartão do Adepto, medida adoptada com a aplicação da lei 113/2019, em alteração à lei 39/2009, que estabelece o regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos.
As alterações introduzidas há dois anos – que mereceram, na altura, apenas a abstenção do PCP e do PEV – vieram aumentar o nível de vigilância e perseguição aos adeptos nos locais dos espectáculos desportivos, com especial relevância e incisão no futebol profissional. A criação das “zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos”, a pretexto da identificação mais célere dos supostos autores de actos de racismo, xenofobia e intolerância, mais não veio do que sublinhar um estigma inaceitável que tem vindo a ser construído sobre os adeptos que se organizam e acompanham os seus clubes.
E agora, pá?
“O PCP chumba o orçamento, vamos para eleições, a direita ganha, o Vintruja vai para o governo, ai ui é o fascismo, e não tarda nada é a lasanha que me está a meter a mim no microondas. A única forma de evitar isto é votar no PS!”
Caaaalma, geringoncista. Tanto stress ainda te rebenta uma veia. Mais dialética e menos diazepam. O futuro não está escrito na pedra. A única crise política que existe é a que o Marcelo criou, e o OE era tão mau que o único partido que votou a favor foi o PS. O governo, se quiser (e não quer) tem 90 dias para apresentar outra proposta. Ou então pode governar em duodécimos.
S: socialismo
S: socialismo
O Chega está apostado em convencer-nos de que se o PS governa o país e se chama socialista, daí decorre que o actual estado de coisas também se chame “socialismo”. Isto é sensivelmente o mesmo que achar que os leões-marinhos são felinos, que os tubarões-martelo são ferramentas, que a Ursa Maior é um urso, que os cachorros quentes são cães ou que o NSDAP de Hitler também era socialista.
Há décadas que o PS meteu o socialismo na proverbial gaveta e o “socialismo democrático” de que contingentemente fala é tão-só um capitalismo regulado. Apesar disso, tão depressa os fascistas dizem que vivemos num regime socialista como louvam o 25 de Novembro por nos ter livrado de um.
Quem quis socialismo na gaveta não vai ter a esquerda num armário
Há duas leis que são comuns a qualquer sociedade capitalista: a primeira, é que todos vão acabar por ficar ricos; a segunda, é que se isso não acontecer, a culpa será dos comunistas. Como a primeira nunca acontece, a segunda é sempre certa. Como se sabe, da poluição mundial aos laterais do Benfica, tudo é culpa de comunistas. Há décadas. Ninguém se pode espantar, pois, que nesta questão do Orçamento do Estado para 2022 e de uma provável – mas não necessariamente obrigatória – queda do governo, também assim seja. Mesmo que mais nenhum partido tenha votado favoravelmente a uma proposta que só o PS – repito, só o PS – aprovou.