PS e a Ferrovia: A Memória Curta

Foto: José Sena Goulão (Lusa)

O PS e, em particular, o sonoríssimo e ufano Pedro Nuno Santos, têm andado numa roda viva de anúncios e gabarolices a respeito de medidas tomadas em relação ao sector ferroviário nacional. De súbito, o PS parece ter-se tornado no partido «dos comboios», no arauto da «recuperação da ferrovia», do «salvamento das máquinas ao abandono», do investimento e da promoção de um transporte até aqui efectivamente deixado ao abandono. Tudo estaria certo e seria merecedor de aplauso não fosse a colossal hipocrisia que todo o aparato propagandístico não deixa de ocultar. Afinal de contas, este PS, que é o mesmo e não outro, foi também de forma inequívoca um dos grandes responsáveis – por acção directa e por omissão – pelo abandono, pela destruição, pelo enfraquecimento da ferrovia em Portugal nas últimas décadas.

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Cuba resiste. Colonialismo ainda existe.

A 1 de Janeiro de 1959 triunfara o movimento 26 de Julho em Cuba, substituindo o ditador Fulgêncio Batista – apoiado pelos Estados Unidos da América – pelo poder popular que viria a constituir, mais tarde, como força dirigente organizada o Partido Comunista de Cuba. Em Março do mesmo ano, os EUA, em resposta à ousadia do povo cubano, decide um embargo, impedindo a venda de armas a Cuba. Com o avanço da reforma agrária, os grandes proprietários norte-americanos perdem as terras que haviam usurpado na ilha caribenha e onde escravizavam o povo local, como fizeram praticamente em todo o Caribe. Ao mesmo tempo, perdem o poder económico na ilha, através das nacionalizações levadas a cabo pela nova democracia que se consolidava com o apoio da União Soviética.

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L: lugar de fala

L: lugar de fala

O conceito de lugar de fala parte de duas premissas correctas para chegar a uma conclusão errada. Por um lado, é necessário e desejável que os actores sociais se representem a si mesmos: é claro que devem ser as mulheres a encabeçar as suas próprias lutas; ninguém duvida de que não há ninguém melhor que um operário para falar sobre a luta dos operários e é óbvio que os homossexuais não precisam que os heterossexuais sejam os porta-vozes das suas reivindicações. Por outro lado, também é certo que a sociedade de classes atribui às “verdades” de diferentes actores sociais valores distintos.

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K: Kim Jong-Un

K: Kim Jong-Un

A Coreia do Norte é tão inevitável numa entrevista a um comunista como o sol é na  madrugada. Afinal, se esse regime é comunista, importa saber se os comunistas portugueses se revêem nele, certo? Errado. Isso seria o mesmo que perguntar a António Costa se se identifica com qualquer outro regime capitalista do globo, como Myanmar, a Arábia Saudita ou a Colômbia.

Quem quer construir o socialismo em Portugal responde sobre a Coreia do Norte o mesmo que, quem constrói o capitalismo em Portugal responderia sobre outros Estados capitalistas do mundo: somos diferentes, mas não nos imiscuimos nos assuntos internos de outros povos.

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J: judeu

J: judeu

Um judeu é alguém que tem no judaísmo a sua religião. Em torno do judaísmo, como em torno de todas as religiões, gerou-se uma cultura riquíssima que merece ser celebrada e preservada. Ainda assim, o “povo judeu”, enquanto entidade étnico-nacional com uma história e uma cultura vinculada a um lugar, é uma invenção nacionalista do século XIX baseada no mito de um exílio forçado. Como o historiador israelita Shlomo Sand demonstrou no livro “Como o Povo Judeu foi Inventado”, o judaísmo já foi uma religião proselitista que se espalhou entre povos tão diferentes e longínquos como berberes, himiaritas e cázaros. A ideia de um “povo judeu” uno e minimamente coeso só é possível negando as diferenças (veja-se como Israel trata os judeus etíopes) e aceitando como realidade histórica a chamada “diáspora judaica”: uma lenda moderna sobre um retorno à “idade dourada” tão bem alicerçada em fontes primárias como a existência do povo ariano.

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I: interseccionalidade

I: interseccionalidade

Interseccionalidade é a teoria idealista segundo a qual a expressão social do sujeito resulta do cruzamento, nele, de um conjunto de vectores de privilégio e opressão. É errada por considerar que a expressão social do indivíduo se resume ao somatório das características que a sociedade lê nele e por não compreender que um constructo social só adquire materialidade quando projectada sobre algo com natureza material, i.e., a ideia de negritude só se torna um vector de opressão quando projectada sobre o proletário negro.

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H: holodomor

H: holodomor

A ideia do genocídio do povo ucraniano através de uma grande fome provocada intencionalmente pela URSS nasceu como uma peça de propaganda nazi, cresceu para ser um dogma da direita neoliberal e envelheceu para não ser mais que uma piada de historiadores.

A fraude do holodomor aceita acriticamente as fontes recolhidas pelas máquinas de propaganda de Goebbels, Innitzer e Hearst sobre o «o terror do judeu comunista» e ignora toda a produção historiográfica que aponta num sentido contrário. A título de exemplo, os crentes do Holodomor recusam-se a comentar a extensa evidência científica sobre as causas naturais e económicas da fome que, em 32 e 33, devastou não só a Ucrânia como também a Rússia.

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Sobre-exploração e tomates cherry

O Marx foi um gajo porreiro. Justo e generoso. Deixou-nos O Manifesto, mas como não queria deixar os burgueses à deriva, entregues às tolices da mão invisível, deixou-lhes O Capital. E eles estudaram-no, bem melhor do que nós. Stalin explica:

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