Eu acuso

Foi após ter visto J’accuse, de Roman Polanski, com Jean Dujardin e Louis Garrel sobre o infame caso Dreyfus, que, inevitavelmente fui reler a carta de Émile Zola.

E a cada palavra, senti a injustiça a correr-me nas veias. Tal como em 1894, o sistema judicial e o sistema político continuam a cruzar-se, a determinar opções e decisões, violando princípios basilares dos direitos dos cidadãos, e, nalguns casos, como este de que vos falo, as suas vidas.

Não foi uma especial vocação que me trouxe a este caminho, mas o meu percurso de vida, as pessoas com quem me cruzei, os valores que defendo. Mas aqui estou, num caminho sem regresso.

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Quando o Cavaco morrer, uma história de amor

Não estamos aqui para discutir se há amor à primeira vista, mas poesia à primeira vista certamente haverá, tanto que ele, que não acreditava nas belas-letras, e muito menos na poesia, deu por si, ao primeiro relance, a ponderar dizer-lhe que se imaginava a fazer com ela uma longíssima e perigosa viagem e que quando ela já não aguentasse mais, podia contar com ele, não para salvá-la, mas simplesmente para que ela soubesse, de ciência certa, que podia contar com ele. Felizmente, não disse nada disto. É fácil, claro, fazer poesia para uma mulher bonita, mas esta é a última coisa fácil nesta história.

Ele disse-lhe que gostava de punk e ela achou que isso era muito século XX. Ela escrevia tudo em post-its e ele nem sequer tinha uma agenda. Ela disse-lhe que era muito ansiosa, ele calmamente respondeu «ok» e ela disse que não gostava de pessoas que respondiam «ok». Apesar disso, ela gostava de andar descalça e ele andava sempre de botas. Ela disse-lhe que ele fazia demasiadas perguntas e ele achou que ela tinha respostas para tudo. Ela disse-lhe que era comunista e ele, que dizia sempre que não acreditava ideologias, muito menos em utopias, de repente imaginou-se com ela.

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Liberdade para Pablo Hasél

O rapper comunista Pablo Hasél decidiu não se entregar à polícia espanhola. Foi condenado a 9 meses de prisão por publicações nas redes sociais e pelas letras das suas canções. Porque nenhum cárcere poderá calar a voz de quem canta as injustiças, as nossas paredes são gargantas que disparam verdades.
Liberdade para Pablo Hasél!

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Liberdade para Pablo Hasél

Hoje é o dia que o regime espanhol pôs como data para que Pablo Hasél entre na prisão de forma voluntária. O rapper catalão já anunciou que não se vai entregar mas também que não vai escolher o caminho do exílio. O regime espanhol é o Estado europeu com mais presos políticos e o que mais partidos ilegalizou desde o fim da ditadura franquista. Há dezenas de pessoas exiladas actualmente. Sobretudo exilados bascos e catalães.

É também o único Estado que manteve na prisão, durante sete anos, Jabier Salutregi, então o único director e jornalista preso na União Europeia. O único Estado que meteu um ex-secretário-geral sindical, Rafa Díez (LAB), no cárcere durante seis anos e meio e que deteve o actual secretário-geral do sindicato andaluz SAT. O único Estado da União Europeia que prende pessoas pelo que escrevem nas redes sociais ou pelo que cantam.

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A direita que a esquerda chora

Algures no ano de 2015, a Juventude Popular, organização da juventude do CDS,  avançava com o cartaz que ilustra este artigo. A mensagem é clara e não é nova, tem décadas. A culpabilização do trabalhador desempregado e a estigmatização de que quem necessita de receber apoios sociais. A legenda não podia ser mais clara. A típica tirada dos “subsídios para quem não quer trabalhar”. A par disto, as declarações de Nuno Melo sobre refugiados, Assunção Cristas ou Paulo Portas sobre Bolsonaro. O que levará, então, várias pessoas ligadas à esquerda, a acharem que o fim do CDS é uma perda para a democracia, como o eurodeputado do Bloco, José Gusmão?

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Great Reset ou Grande Salto em Frente?

O great reset, como lhe chamam os actuais teóricos e decisores do capitalismo global, é apresentado como a saída para a encruzilhada em que a humanidade se encontra perante as suas supostas incapacidades e perante as limitações do planeta em que vive. Até David Attenborough faz documentários para a Netflix em que nos alerta para os problemas da devastação da biodiversidade, relacionando-a com o número de seres humanos numa óptica verdadeiramente malthusiana, a juntar a toda a lavagem que sofremos diariamente, desde a escola à comunicação social em torno de erradas soluções para problemas reais.

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