Os acontecimentos de Minsk e Debaltseve dominaram a abordagem mediática à situação da Ucrânia, num momento em que passa precisamente um ano sobre os dias finais do golpe da Praça Maidan, em Kiev. Pouco se fala, pouco se tem falado, da diminuição brutal da actividade económica no país, com uma queda do PIB bem superior àquela verificada em Portugal durante todo o período do “ajustamento” (só em 2014 a queda do PIB foi superior a 7%). Pouco se tem falado da entrada em grande do FMI neste processo de acelerado desmembramento do estado ucraniano saído do processo de auto-dissolução da URSS, no início dos anos 90 do século passado.
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A Ucrânia dividida

Infelizmente para a Ucrânia e para a Paz, tudo parece apontar para mais um acordo fracassado. A paz não é do interesse daqueles que fazem da guerra o viveiro natural das suas actividades criminosas. Também não é do interesse daqueles que não se pouparão a esforços no sentido de integrar a Ucrânia na esfera político-militar da NATO. As declarações do dirigente fascista Dmytro Yarosh poucas horas depois de anunciado o segundo acordo de Minsk serão olimpicamente ignoradas pela narrativa já montada em torno do eventual (e provável) fracasso do cessar fogo. Notícias publicadas pela imprensa nacional e internacional demonstram-no com clareza: União Europeia e Estados Unidos aguardam apenas um pretexto para intensificar as sanções à Rússia [1] e para dar o passo decisivo no mais perigoso dos sentidos nesta guerra – a intensificação das relações entre a Ucrânia e o aparelho militar da NATO. Mikheil Saakachvili, ex-presidente da Geórgia com ligações conhecidas a Washington, assume neste processo como figura de proa.
Os snipers da Maidan (novos desenvolvimentos)

Os disparos de snipers sobre polícias e manifestantes na Praça Maidan, em Kiev, foi um dos elementos mais mediatizados daqueles dias de conflito aberto entre forças policiais e gente que a comunicação social ocidental descreveu de forma insistente como manifestantes “pacíficos” e “desarmados”.
É desde há muito perfeitamente óbvio que nem os manifestantes se encontravam todos desarmados, nem os protestos foram de forma alguma pacíficos. O golpe de estado deu-se de forma violenta e prosseguiu logo depois com a ocupação de sedes e ilegalização da actividade dos partidos tidos como “russofilos”, espancamentos e intimidações, assassinatos de que é exemplo o massacre de Odessa, a 2 de Maio de 2014.
Por Ahora Y para Siempre
Há oito anos, uma prostituta parou-me no meio da rua para me perguntar se o tipo que levava estampado na t-shirt era Lénine. Essa história contei-a dezenas de vezes para ilustrar o grau de politização de uma sociedade radicalizada entre os que defendem um novo modelo social e os que se batem pela manutenção dos privilégios da oligarquia venezuelana. Ontem, numa esquina do centro de Caracas, dois homens esgrimiam argumentos numa discussão sobre se o processo bolivariano é ou não uma revolução. Uma amiga, jornalista, explicava que é um dos temas que mais incendeia e apaixona os que acabam quase sempre por terminar abraçados pelo sabor do rum.
A cultura de Rui Tavares, o barão trepador
Em O Barão Trepador, de Italo Calvino, um jovem aristocrata trepa a uma árvore e recusa descer novamente à realidade. Rui Tavares, trepador de outras árvores de não inferior baronia, escreveu este artigo no Público, em que explica que a Europa não consegue sair da crise por culpa desta estúpida cultura de divisão, que vira os povos contra a Merkel, o Schaeuble e os seus banqueiros.
Sauditas e Wahhabitas – Mil e uma noites de hipocrisia e terror*

Os estado-unidenses têm uma forma curiosa de lidar com a morte. No velório, em vez do pranto e das assoadelas, escuta-se o álbum favorito do falecido e contam-se anedotas sobre a sua vida. E o cemitério, que dificilmente um português escolheria para um agradável piquenique, é, para o americano, apenas um relvado: sem cruzes tétricas nem largos lutos, nem nada de lúgubre até onde a vista alcança. E no entanto, nem os mais pronunciados matizes da cultura, nem os sempre complexos rendilhados da língua, explicam o singular critério de Barack Obama para a morte de outros chefes-de-estado.
Uma questão de rigor.
Acho interessante e até justo que se lembre a República Federal da Alemanha, de forma tão regular quanto necessário, que após a II Grande Guerra aquele país beneficiou de um importante perdão relativo à colossal soma de dinheiro que, nos termos dos Acordos de Potsdam, era devida a alguns dos países “aliados”.
É todavia importa notar – ter presente quando se aborda o tema – que a RFA era, nesse momento histórico, apenas uma parte da Alemanha. E que a RDA não beneficiou do mesmo tipo de perdão acabando por pagar à URSS – de muito longe o mais devastado e martirizado país da Guerra -, nos termos de Potsdam, a quase totalidade das reparações devidas.
A libertação de Auschwitz aconteceu há 70 anos

Sobre o tema, leitura aconselhada aqui.