Todos os artigos: Nacional

A Ferro e Soro

Só aos mais distraídos surpreenderá o cataclismo pelo qual passa o Serviço Nacional de Saúde (SNS), pois é a sua morte anunciada a principal premissa de um compromisso político para a área da saúde da nossa social-democracia, agora de mãos dadas com um liberalismo económico e inorgânico, sedento de lucro nas mãos dos privados.

O SNS remonta a sua fundação ao ano de 1979, onde reunidas as condições políticas e sociais se concretizou então uma das conquistas maiores da revolução: um serviço de saúde universal, geral e gratuito.

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Paula Rego vive!

Foi aos 87 anos que partiu Paula Rego, um dos maiores nomes da pintura portuguesa e dos mais irreverentes a nível internacional, na actualidade. A tristeza é inevitável, no entanto, também o é a gratidão sentida ao recordar os frutos desses frondosos 87 anos. Não deixou nada por fazer. Paula Rego assina um vastíssimo legado constituído por pinturas, desenhos e gravuras sem paralelo. Além do seu legado artístico, deixa-nos um precioso legado de luta.

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Alcindo: um documentário obrigatório

Há mar e mar, há ir e voltar, há poemas, epopeias, slogans e provérbios. Há de tudo e mais alguma coisa, com rimas ou sem elas, que faça por apelar à memória e ao perpetuar da ligação dos portugueses ao mar. É também pelo mar que Miguel Dores começa, porque foi ao mar que se fez a família de Alcindo Monteiro, com o sonho de uma vida melhor às costas, para chegar a Portugal. A sua chegada é antecedida por séculos de colonialismo. A sua estadia, não pode dizer-se que foi livre dele. Com isto em mente, o filme Alcindo vem dizer-nos que a Guerra Colonial não só não acabou completamente com a Revolução de Abril, em 1974, como tende a ser continuada no discurso, nas biqueiras de aço, nas soqueiras e nos avanços odiosos dos etno-nacionalistas. Também não esquece nem é conivente com a violência policial.

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Olá TVI, a portuguesa na Ucrânia é neonazi

A TVI acaba de transmitir a entrevista a uma enfermeira portuguesa “integrada num pelotão internacional”. Uma heroína sem medo da morte “lutando com muito amor, com muita vontade”. Só há um pequeno problema: “a única portuguesa na linha da frente” que a TVI arranjou é uma conhecida neonazi.

Chama-se Ana Cristina Cardoso e foi para a Ucrânia com o fascista cadastrado Mário Machado. Foi militante da organização neonazi Nova Ordem Social e uma das organizadoras da infame marcha nocturna das máscaras e das tochas, à moda do KKK, em frente à sede do SOS Racismo.

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Constantinopla, 1453

Era Domingo de Pentecostes e os soldados de Maomé II derrotavam os de Constantino XI Paleólogo, assumindo o controlo de Constantinopla – à data capital do Império Bizantino – após um cerco militar de 53 dias. Num dia 29 de Maio como este, servia-se frio o derradeiro ponto final à história milenar do Império Romano. Enquanto os otomanos avançavam sem dó nem piedade, os clérigos, fechados que estavam no conforto do concílio, concentravam-se, como habitual, em solenes e intrincados debates teológicos. Consta que naquele momento – enquanto Constantinopla caía – discutiam se os anjos teriam ou não sexo, ou o “sexo dos anjos”. Passados 569 anos, há quem continue a seguir o seu triste exemplo, promovendo debates vãos ao invés do foco nos que são urgentes. 

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Já está no ar a Cassete Pirata #5

📼 🏴‍☠️ O quinto episódio da Cassete Pirata, o podcast do Manifesto74, tem como tema central a manipulação na Comunicação Social em tempos de guerra e conta com a participação de: António Santos (Moderador) Constança Cunha e Sá (Jornalista), Carmo Afonso (Advogada), Bruno Carvalho (Jornalista) e Miguel Tiago (Geólogo).

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Os óculos escuros de Pier Paolo Pasolini

“Homossexual – escritor – comunista – realizador – jornalista político – poeta – homem do teatro e não sei quantas coisas mais” – assim terá sido recordado, por Alberto Moravia, um dos homens que tanto marcou o panorama cultural no século XX como continua a marcá-lo, com a mesma eloquência e o mesmo arrojo, nos dias de hoje. Pasolini certificou-se de que seria difícil ou até mesmo impossível esquecê-lo, porém, num ano como este, em que se celebra o seu centenário e brotam retrospectivas como cogumelos, surge o imperativo de se fazer lembrar tudo aquilo que vai para além da estética ou da especulação, impedindo a tentativa de despolitização de uma obra monumental e inerentemente política.

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