Todos os artigos: Nacional

Da coerência de Seguro

Tendo tido conhecimento de que António José Seguro tinha apresentado uma “moção política sobre as grandes opções do Governo”, fiz questão de abrir o prometedor documento e de o guardar no computador para lê-lo mais tarde. Afinal de contas, o título pré-anunciava uma coisa “em grande”, de leitura demorada, fazendo supor uma extensa e bem trabalhada moção política, com bons e sólidos fundamentos de medidas e estratégias para quatro anos de governação. Lá abri então o douto documento. Constato, desde logo, que são sete páginas. Constato ainda que uma das quais é a capa. E constato, por fim, que a última página tem oito linhas.

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A Bolsa ou a Vida?

Os bolseiros encontram-se blindados por um pedaço de lei, magnifico pela sua originalidade, chamado de Estatuto do Bolseiro de Investigação (vulgarmente EBI!). Em vez de uma relação jurídica laboral esta lei regula pela subsidiação o trabalho que envolve uma boa parte dos recursos melhor qualificados, a nível académico, do país, da forma mais precária possível. Estes trabalhadores, não reconhecidos como tal, responsáveis por grande parte do que é produzido pelo Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) não têm assegurados os mais elementares direitos laborais incluindo a integração no regime geral da Segurança Social.

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Raios de sol em tempo e espaço de trevas

O texto que agora se transcreve foi a alocução realizada por Mário Sacramento junto ao tumulo de “Licas” Seiça Neves, falecido com apenas 35 anos de idade.
Gostaria de salientar três aspectos. O primeiro, este texto foi lido e proferido em Portugal no ano de 1958(tendo sido publicado pelo República em 15 de Outubro), o que infelizmente importava um conjunto de cuidados políticos, e a natural utilização de diversos recursos estilísticos, sob pena de graves sanções. Segundo aspecto, a imensa qualidade literária que Mário Sacramento apresentava nos seus textos. Terceiro e último aspecto, com este texto faz-se uma pequena homenagem a Licas e a todos os que não chegarem fisicamente a Abril, e que, anonimamente, de Norte a Sul do país, sofreram as agruras, censuras, repressões e discriminações, de diversa índole, social, moral, política, profissional, entre outras, de que o fascismo foi tão bem capaz.

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Jogos de casino viciados

O sistema bancário e financeiro em Portugal é um jogo de casino viciado, onde a “casa”, ou seja quem deveria regular esse sistema, incluindo o governo, o Banco de Portugal (BdP) e a CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), fecha os olhos, assobia para o lado, e faz pouco, tarde e mal.

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“Onde pára a política científica” – por Tiago Domingues

Novo paradigma, competitividade, starvation, diferenciação, racionalização, transferência de conhecimento, mérito e excelência são algumas palavras acrescentando léxico à novilingua da direita liberal. Já utilizada para graçolas em qualquer café de esquina, para justificar a destruição do Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN), cavalgada a trote por uma FCT de tiranetes e corroborada pelo respectivo ministério e governo PSD/CDS, como parte da agenda ideológica que pretende desmantelar o ensino universitário público em conjunto com a investigação científica, onde reside uma das nossas melhores hipóteses de ombrear com países de tecido industrial desenvolvido e deixar para trás, de vez, o analfabetismo designado pelas políticas fascistas do Estado Novo.

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O Coelho e o tigre

Vamos falar baixinho, que Pedro Passos Coelho está de férias e avisou que as interrompe se isto der merda. Não é caso para tanto: Portugal perdeu numa década mais de meio milhão de jovens, cuja média salarial está cada vez mais longe da média nacional; o Tribunal de Contas divulgou que já perdemos 2,2 mil milhões com o BPN e o BES  pode ser ainda pior; Os portugueses estão cada vez mais pobres.

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Morreu o Carlinhos

O Robin Williams morreu, fica o meu respeito e admiração pelo actor que será sempre e por alguns filmes marcantes para muita gente. O “Clube dos Poetas Mortos”, por exemplo, também me fez pensar em muita coisa. Andava ali nos 14 anos, e recomendo a quem por lá ande agora que não deixe de o ver. É quando ele faz mais sentido. Mas sobre o Robin Williams muitas linhas se escreverão pelo mundo fora.

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Castas? Só no vinho

Se a produtividade é baixa e a empresa tem dificuldades para sobreviver, a culpa é dos trabalhadores e trabalhadoras, já se sabe. Se a autarquia, o ministério, a repartição pública, a direcção-geral não é rápida na resposta administrativa e na resolução da burocracia, a culpa é dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Em Portugal, as chefias de topo pertencem quase sempre à família “x”, “y”, ou “z”, e as intermédias, ou pertencem às mesmas famílias – esperando que os mais velhos desamparem o topo -, ou conseguiram através de muito bajulanço e favores, entrar para esta casta de elite que dirige o país. Nunca, mas nunca devemos apontar o dedo à gestão das chefias, de topo e intermédias, porque a família é sagrada e as castas divinas.

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