«Agora é que se vai ver se esta Justiça é uma Justiça a sério». «Agora é que a Justiça vai mostrar se é mesmo democrática e independente». «Ou ele é culpado e condenado, ou os tribunais não valem nada». «Se há este circo todo e depois nada se prova, a nossa Justiça perderá todo o crédito». Variáveis destas frases, declarações mais ou menos semelhantes, textos mais ou menos explícitos têm repetido esta ideia central: a detenção de Sócrates não é somente um caso de uma alta figura na Justiça portuguesa; muito mais que isso, configura-se como um autêntico «barómetro» que vai «medir», «avaliar», «qualificar» a Justiça que vigora em Portugal. Há quem vá um pouco mais longe e afirme, com todas as letras, que a sentença vai «pôr à prova» o próprio «regime democrático», «o Estado», «as Instituições», «a democracia». Descontando o que é apenas produto do delírio quase religioso da velha entourage socrática, acontecendo isto num país que é governado há três anos por um governo que tem como prática ‘normal’ cometer sucessivos, reiterados e assumidos atentados à Constituição da República, que é só a Lei Fundamental, só por brincadeira é que se pode achar que é este «caso Sócrates» que vai «medir» a «qualidade» da nossa Justiça, das instituições ou da nossa democracia. Ou é fanatismo ou é humor. Como fanatismo é deplorável e doentio; como humor é um autêntico fracasso.
Dos pactos de regime (capitalista) à liquidação do regime (democrático)
A 25 de Novembro de 2013, nasceu o Manifesto74, forjado em Outubro, inspirado em Abril. Faz um ano.
A 25 de Novembro de 1975, tentaram enterrar Outubro e matar Abril. Ganharam a batalha, a luta continua. Enquanto um trabalhador for explorado em Portugal, o socialismo continuará a ser o horizonte desta pátria que, lutando contra os ventos que sopram do passado, tem os olhos postos no futuro.
A 25 de Novembro de 2014, o Governo liquidatário da República, aprova no Parlamento – com o alinhamento do seu braço parlamentar PSD/CDS – o orçamento do estado para o ano de 2015. Da troika ocupante que parece ter ido mas não foi, à troika doméstica que por cá continua, as opções e imposições contidas no documento, merecem total apoio, pesem as manobras do P”S” para se fingir de fora dos acordos de regime.
Factos sobre as subvenções vitalícias
1. Ao contrário do que parece na Comunicação Social, não debateu ou votou a reposição da atribuição de subvenções vitalícias a titulares de cargos públicos.
2. O PS e o PSD propõem, isso sim, o fim da suspensão das subvenções aos ex-titulares de cargos públicos que já as recebiam actualmente. Ou seja, esta proposta de PS e PSD apenas repõe a subvenção para as pessoas que já tinham direito a elas no passado mas não retoma a política de atribuição a titulares de cargos públicos actualmente no activo.
A liberdade de empresa e o dever de enformar*

Hoje deparei-me com a fotografia à esquerda que, muito embora valha mil palavras, dá novo sentido a um artigo que há não muito tempo escrevi.
Uma vez A. J. Liebling, gigante do New York Times, escreveu que a «a liberdade de imprensa só é garantida a quem é dono de uma imprensa». Em Portugal, o processo de acumulação e concentração de capital ergueu no lugar do jornalismo que Abril inaugurou, uma máquina de manutenção, reprodução e legitimação da ordem económica e social estabelecida.
Há 30 anos sem Santi Brouard e Pablo González

Há 30 anos, neste mesmo dia, dois pistoleiros dos GAL entraram no consultório de Santi Brouard e abriram fogo sobre o dirigente comunista basco. A comoção e a revolta espalham-se como pólvora. A polícia tenta impedir que os independentistas bascos levem o corpo do presidente do partido HASI. O Estado espanhol, através dos seus grupos paramilitares, acabava de assassinar um representante eleito do Senado Espanhol, do parlamento basco, vereador da Câmara Municipal de Bilbau e figura histórica da esquerda independentista basca.
Nem todo o visto é d’ouro nem toda a imigração é barata

O ex-director do SEF está preso. Preventivamente, ou seja, à guisa de evitar a fuga e não de punição por crimes que, pelos quais e até à data, não foi declarado culpado. E resulta pouco verosímil que preso permaneça, já que a medida de coacção aplicada pelo juiz de instrução criminal admite a possibilidade de substituir o estabelecimento prisional pela pulseira electrónica.
“Isto é mais um problema de política que de polícia” por Nuno Ramos de Almeida

A corrupção em Portugal não acontece porque há alguns vígaros que prevaricam; existe e prospera porque há gente que se apropriou indevidamente da democracia e do Estado
Uma das pessoas mais fantásticas que conheci foi a minha tia-avó. Foi expulsa do ensino pelo regime salazarista. Trabalhou para a Organização Mundial de Saúde (OMS) um pouco por todo o mundo. Há duas histórias que ela contava a que vou fazer apelo nesta crónica. Falam de coisas diferentes, mas podem ter uma relação mais profunda do que parece à partida.
Vai pela fresca, Macedo, pela fresca
Miguel Relvas. Vítor Gaspar. Álvaro Santos Pereira. Miguel Macedo. É esta, até agora, a lista de ex-ministros do XIX Governo Constitucional. Lista curta ontem engrossada por Macedo. De vários quadrantes se teceram loas à ministerial e honrada atitude. Não posso dizer que não a ache digna e condizente com a responsabilidade e sentido de Estado exigido a quem desempenha estas funções, mas servirá esta demissão para ilibar Miguel Macedo de um mandato polvilhado com decisões graves e ilegais? Não teria tido já momentos mais certeiros e em que a responsabilidade política lhe dizia directa e indiscutivelmente respeito?