Em memória de Wiriyamu

Na passada sexta-feira o primeiro-ministro, de visita a Moçambique, fez um pedido de desculpas pelo Massacre de Wiriyamu. Foi o quebrar da nossa versão do “Pacto del Olvido”, e afronta uma série de gente. Durante décadas o Massacre de Wiriyamu (entre outros) foi olimpicamente ignorado. Mas aconteceu.

Ler mais

Assim se faz um pobre

Com cara fechada sobre uma solenidade que denuncia o compromisso umbilical e político com os senhores da alta finança, lançou assim António Costa, nossa nova Dona Abastança, o anúncio de várias medidas paliativas que passam certidão de óbito a qualquer laivo de socialismo desta maioria parlamentar.

Numa altura em que se percebe que a inflação e a carestia de vida só paulatinamente voltarão a valores considerados dentro da normalidade, cenário confirmado por Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e ex-ministro das finanças de António Costa, as medidas anunciadas pelo governo, de carácter extraordinário e temporário, não configuram um conjunto de soluções e respostas ao que enfrentam o povo e os trabalhadores portugueses. De facto, o anúncio resulta, em larga medida e em boa análise, num financiamento dos lucros do grande capital e dos sectores estratégicos, nomeadamente os energéticos e agro-alimentares, através do erário público, subsidiando de forma extraordinária o poder de compra dos trabalhadores, mantendo intocável a posição de privilégio económico e fiscal destes grupos.

Ler mais

Trocou a pátria dos trabalhadores por 31 anos de pizza

“Trouxe a democracia”, dizem uns. Ora, depois do Gorbatchov a Rússia teve três presidentes: o Yeltsin, o Putin e o Medvedev. Quando dizem que o Gorbatchov trouxe a democracia, que democracia é essa? Do bêbado responsável pelo desmantelamento da URSS, do gajo que vocês actualmente comparam ao Hitler e ao Stalin AO MESMO TEMPO, ou do Medvedev, que vocês dizem que era só um fantoche do Putin? Quem afirma que o Gorbatchov trouxe a democracia tem pela frente a tarefa hercúlea e ingrata de provar que a Rússia pós-soviética é mais democrática do que a URSS.

Ler mais

Como o Qatar deu gás ao Mundial

As notícias mais recentes apontam para cerca de 6.500 trabalhadores mortos na construção de estádios no Qatar, neste ano. Apesar de ter anunciado pela FIFA como vencedor da organização do torneio a 10 de dezembro de 2010, só muito recentemente – demasiado – se começou a olhar para este atentado. Mas reza a lenda que não há almoços grátis. E gás também não. Quando se fala do possível racionamento do fornecimento de gás a alguns países da União Europeia, vale a pena lembrar que há uma história por trás do Nordstream II, que deveria aumentar o fornecimento oriundo da Rússia à Alemanha, complementando o Nordstream I, e que envolve os dois países e os EUA. Os outros Estados envolvidos serão aquilo a que a ideologia dominante optou por considerar danos colaterais.

Ler mais

Palestina vencerá!

Pela sombra do eclodir de vários cenários de conflito e tensão da geopolítica mundial, Israel prossegue o genocídio do povo palestino perante uma assombrosa indiferença da comunidade internacional. Os últimos dias foram marcados pelo recorrente bombardeamento de Gaza por parte da força aérea israelita, que provocaram dezenas de mortos, crianças incluídas, e muitos mais feridos. Aos olhos da nova ordem mundial, fascista e fascizante, que se esquece que para existir uma ordem mundial é condição inerente que haja também um planeta, bombas que caiam em solo europeu são más e cruéis, as que caiam longe do seu conceito racial e ideológico, são democracia e progresso.

Ler mais

(In)consciência de Classe para Gente com Pressa

O português sai de casa e vai comprar o combustível mais caro que alguma vez já comprou à GALP, e pelo caminho ouve na rádio que a mesma GALP acaba de apresentar lucros de 420 milhões de €, uma subida de 153% face ao período homólogo. Depois vai ao Pingo Doce e constata que, do pão à escova de dentes, está tudo muito mais caro, e de passagem lê na banca dos jornais que a dona do mesmo Pingo Doce (Jerónimo Martins) acaba de apresentar lucros de 261 milhões, uma subida de 40% face ao período homólogo. Ao almoço, usa o cartão de refeição Edenred para pagar uma refeição diária, que já aumentou duas vezes no espaço de um ano, e vê no rodapé do telejornal que essa mesma Edenred tivera proveitos de 170 milhões, uma subida de 28%. Depois passa numa papelaria para comprar uma resma de papel para os trabalhos do filho e vê na banca que a Navigator somou lucros de 162 milhões de euros, mais 151% do que no mesmo período do ano passado. Em seguida, pega no telemóvel e lê uma mensagem de alerta de fim de plafond de dados móveis, e ouve na rádio que a NOS lucrou 85 milhões e a Sonaecom 48, que representam subidas de 16 e 20% respectivamente.

Ler mais

Os falcões Bolton sempre ao local do crime

John Bolton é um conhecido falcão de guerra estado-unidense. Fez carreira nas administrações dos EUA sempre na área da segurança, ocupando vários cargos, tendo sido embaixador na ONU e, mais recentemente, Conselheiro para a Segurança Nacional durante o mandato de Trump, tendo também passado pela NSA e pelo departamento de Justiça durante os anos de George W. Bush.  O facto de ter sido também administrador da USAID durante o mandato de Reagan, deveria abrir alguma luz sobre o real trabalho que é feito por aquela organização, que ainda é vista por alguns como uma agência de promoção do desenvolvimento.

Ler mais

Para lá do arco-íris – a Luta é dos trabalhadores

Passado o mês de Junho, as calçadas ainda encrostadas de glitter puído, voltam as empresas à costumeira exploração a preto e branco.

Junho recebe o cognome de “mês do orgulho LGBTQIA+” em honra das manifestações de Stonewall ocorridas em Junho de 1969 nos EUA. Stonewall Inn, um bar nova-iorquino, era sujeito a constantes rusgas policiais e, na noite de 28 de Junho, alguém parece ter dito “não” através do arremesso de um tijolo ao corpo policial, desencadeando uma resistência em massa. O mito diz-nos que o tijolo iniciático foi propelido pela mão de uma mulher transsexual; a realidade não lhe acompanha o glamour pós-moderno: nem era Marsha P. Johnson uma mulher trans (havendo-se considerado sempre, a si próprio, um homem gay que se tranvestia), nem foi dele que partiu o ataque desencadeador da revolta. O mito serve décadas de apagamento da luta histórica, de importante impacto social e político, de mulheres lésbicas da classe trabalhadora, votando Stormé DeLarverie e um soco muito bem arremessado a um polícia ao infeliz esquecimento.

Ler mais